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Covid-19: dispositivo pode prevenir contaminação em clínicas odontológicas

Caneta odontológica de ultrassom com extremidade revestida com a película de silicone Spray ControlCVDentus - Reprodução/CVDentus
Caneta odontológica de ultrassom com extremidade revestida com a película de silicone Spray ControlCVDentus Imagem: Reprodução/CVDentus

Yuri Vasconcelos

Da revista Pesquisa Fapesp

21/11/2020 04h00

A pandemia causada pelo Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, teve forte impacto nos consultórios odontológicos. Muitos procedimentos executados pelos dentistas produzem gotículas e aerossóis que podem conter o microrganismo, colocando em risco a saúde de profissionais e pacientes. Essas partículas, geradas principalmente durante o uso dos temidos motorzinhos —tecnicamente chamados de canetas de alta rotação —, permanecem por longos períodos em suspensão, podendo depositar-se em superfícies do ambiente ou entrar em contato com o trato respiratório do dentista e de outros pacientes.

Na tentativa de contornar essa situação e proporcionar maior segurança aos tratamentos odontológicos em tempos de pandemia, a empresa CVDVale, detentora da marca CVDentus, especializada em soluções tecnológicas para cirurgiões-dentistas, desenvolveu um dispositivo para minimizar a disseminação de gotículas e aerossóis. Trata-se de uma pequena capa de silicone, batizada de Spray Control, que ao ser encaixada na ponta da caneta de ultrassom reduz quase completamente a geração de partículas.

“A [caneta de] alta rotação é o aparelho tradicional usado nos tratamentos dentários, porém o ultrassom piezoelétrico vem ganhando destaque devido a suas vantagens. Ele é mais conhecido por realizar profilaxia —a limpeza nos dentes —, mas com a tecnologia que criamos associada ao nosso diamante CVD podemos atender todas as especialidades clínicas e também a cirúrgica”, esclarece Bianca Uehara Trava, da área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da CVDentus. Para desenvolver sua linha de brocas e insertos odontológicas com ponta recoberta por diamante sintético, a CVDVale, com sede em São José dos Campos, contou com apoio da FAPESP.

Estudo liderado por pesquisadores do Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Medicina e Odontologia São Leopoldo Mandic, de Campinas (SP), mostrou que o controlador de spray da CVDentus, quando acoplado ao ultrassom, diminui em até 99,9% a dispersão de aerossol em relação à caneta de alta rotação sem ele. Comparando a caneta de ultrassom convencional com outra envolvida com a película Spray Control, a redução na difusão de partículas é de até 97,8%, segundo o trabalho, coordenado pelos dentistas Victor Montalli e Aguinaldo Garcez.

“O Spray Control foi desenvolvido para os produtos da CVDentus, pois cada marca tem características e dimensões diferentes”, diz Trava. De acordo com ela, o dispositivo não interfere no desempenho do equipamento e das pontas, é composto por material seguro e biocompatível e pode ser esterilizado em autoclave, o aparelho usado para limpeza diária de equipamentos odontológicos.

*A matéria original é da Pesquisa Fapesp. Leia aqui.