Vacina de Oxford terá que passar por novo teste, diz CEO da AstraZeneca
O CEO da farmacêutica AstraZeneca, Pascal Soriot, afirmou hoje que a vacina contra a covid-19 desenvolvida em conjunto com a Universidade de Oxford, na Inglaterra, passará por um novo teste que não estava previsto no cronograma, após a empresa admitir um erro na dosagem da vacina.
O novo estudo deverá testar uma dosagem menor da vacina nos voluntários para medir sua eficácia. A empresa enfrenta críticas e questionamentos da comunidade científica por falta de transparência.
"Agora que nós descobrimos o que é mais eficaz nós temos de validar, então precisaremos de um estudo adicional", afirmou Soriot, em entrevista a jornalistas.
O governo brasileiro, por meio da Fiocruz, assinou um acordo com a AstraZeneca para a compra de 100 milhões de doses da chamada vacina de Oxford. Esse é o único acordo em âmbito federal com um laboratório para a disponibilização de vacinas. Além disso, o Brasil faz parte do Covax, iniciativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) para a distribuição de vacinas no mundo
O novo estudo fará testes em âmbito internacional e poderá ser mais rápido do que os anteriores, porque demanda um número menor de voluntários, segundo o CEO da AstraZeneca.
O executivo afirmou que o novo teste não deve atrasar uma eventual aprovação da vacina por parte dos órgãos reguladores do Reino Unido e da União Europeia.
No entanto, ele reconheceu que uma aprovação nos Estados Unidos poderá demorar um pouco mais por causa dos critérios adotados pela FDA (Food and Drug Administration), equivalente à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) norte-americana.
Erro na dosagem da vacina
A AstraZeneca disse na segunda-feira (23) que a vacina em desenvolvimento foi até 90% eficaz na prevenção de covid-19 quando os voluntários receberam meia dose e, depois de um mês, uma dose inteira da vacina. Porém, a eficácia caiu para 62% quando duas doses completas foram administradas nos participantes do estudo.
O erro de dosagem foi identificado depois que um investigador do estudo percebeu que os voluntários não estavam tendo uma resposta inflamatória à injeção, o que levou os pesquisadores a analisar o suprimento da vacina e descobrir que calcularam mal a dose.
Pesquisadores de Oxford disseram que a dose mais baixa pode ter sido mais eficaz porque reflete com mais precisão a resposta imune natural aos vírus, mas que eles teriam de investigar as descobertas para saber com certeza.
Outros fatores também podem estar em jogo. A meia dose foi administrada apenas a voluntários com 55 anos ou menos, enquanto o grupo de dose completa também incluiu pacientes mais velhos.
(*Com informações da Bloomberg e do Estadão Conteúdo)
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