RT-PCR, rápido, de sangue: confuso com tanto teste para covid? Tire dúvidas
Enquanto a vacina não vem, não tem outra saída, os cuidados básicos para a prevenção da covid-19 precisam continuar: uso de máscara, distanciamento físico, evitar as aglomerações e higienização das mãos. Uma das maneiras de conter a disseminação do vírus é através da testagem e posterior isolamento dos infectados, além de rastreio dos contatos.
Desde março, aposto que você conhece alguém que já fez diversas vezes um teste de coronavírus. Ou um conhecido que sempre pergunta se a farmácia mais próxima ou o laboratório tem o teste disponível.
Essa semana foi divulgado que há 7,1 milhões de exames em um armazém do Ministério da Saúde —ou seja, em plena pandemia não foram enviados ao SUS. Do total estocado, 96% (cerca de 6,86 milhões de unidades) perdem a validade entre este dezembro e janeiro de 2021. Se isso se concretizar, trata-se de um grande desperdício em tempos de emergência sanitária mundial.
No entanto, os tipos de testes existentes no mercado podem causar confusão sobre qual modelo escolher e em que momento deve ser feito.
A Pnad Covid-19 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid) de agosto de 2020, mostrou que entre o começo da pandemia e o mês de julho cerca de 13,5 milhões de pessoas haviam feito testes para detectar uma possível infecção, o que representa pouco mais de 6% da população.
Ainda de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), desse total, 4,7 milhões de brasileiros fizeram o teste RT-PCR e 6,4 milhões passaram pelo teste sorológico.
Esses dois tipos são os métodos que primeiro apareceram como maneiras de identificar os casos e conseguir rastrear possíveis transmissões para um controle mais eficaz da doença. Entretanto, não são os únicos.
Conheça os tipos de teste existentes e os benefícios de cada um:
Estou doente?
O OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que para fins de diagnóstico seja realizado um teste que identifica o vírus vivo —ou seja, do tipo molecular. São opções:
- RT-PCR
O que é? Considerado padrão ouro para diagnosticar a covid-19. Por meio de um swab nasal (cotonete específico) introduzido nas narinas e na garganta é colhida a secreção respiratória para que seja possível identificar se o paciente apresenta material genético ativo do Sars-Cov-2.
O resultado é seguro? O ideal é que seja feito na primeira semana de sintomas. Quando feito nesse período correto o grau de confiabilidade chega a ficar acima dos 90% e é raro haver um resultado falso positivo.
É indicado quando? Quando o indivíduo tem sintomas —para traçar o tratamento e o período de isolamento; ou quando mesmo assintomático foi confirmado que uma pessoa teve contato com alguém infectado.
Onde fazer? Está disponível na rede pública de saúde (mediante pedido médico), nos atendimentos hospitalares privados e nas principais redes de laboratórios privados.
Em quanto tempo sai o resultado? Na média, em 3 dias, se realizado em laboratório; e 24h, quando o paciente está internado.
Média de preço: R$ 250.
O que é? É também um teste molecular, só que mais barato, avançado e de rápido resultado para a detecção de coronavírus, e que pode ser comprado diretamente pelo consumidor final. Assim como o RT-PCR, ele identifica o RNA do vírus nas células da pessoa infectada desde a fase inicial. A diferença é que ele é indolor e não invasivo: a amostra coletada é de saliva em um tubo estéril e feita pelo próprio paciente.
O resultado é seguro? A técnica PCR-Lamp pode chegar a 99% de acurácia, o que significa que de cada 100 pessoas não infectadas, menos de um indivíduo terá um resultado de falso positivo.
É indicado quando? Quando o indivíduo tem sintomas —para traçar o tratamento e o período de isolamento; quando mesmo assintomático foi confirmado que uma pessoa teve contato com alguém infectado; como ferramenta de segurança quando é preciso sair de casa e se encontrar com outras pessoas em função da sua forma de coleta sem necessidade de locomoção até um laboratório ou hospital.
Onde fazer? Em casa. Há um laboratório com o teste PCR-Lamp disponível no Brasil. Após receber o kit de coleta e realizá-la, o paciente agenda pelo próprio site a retirada do conteúdo por um biocondutor que o levará para o laboratório. Não é necessário pedido médico.
Em quanto tempo sai o resultado? Em 24 horas.
Média de preço: atualmente ele é vendido pela internet, custa R$ 169 e está disponível apenas para as cidades de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano, Diadema, Osasco e Guarulhos. Também é possível coletar a amostra, a partir de compra e agendamento, na rede de drogarias Pague Menos em São Paulo.
- POCT-PCR
O que é? Da mesma forma que os outros dois tipos de PCR, esse aqui também mapeia a presença de vírus ativo por meio da secreção coletada via um swab nasal. Sua principal diferença é o tempo do resultado, que sai em minutos por conta do reagente utilizado.
O resultado é seguro? O grau de confiabilidade atinge o patamar de mais de 90%.
É indicado quando? Em geral é adotado pelos laboratórios hospitalares nos casos em que é preciso agilizar a conduta clínica dentro do hospital para tratar casos principalmente mais graves e de maior comprometimento da vida.
Onde fazer? Apenas em pacientes internados em hospitais da rede particular.
Em quanto tempo sai o resultado? Em poucos minutos.
Média de preço: Não é comercializado para o público.
Já tive covid-19?
Os testes imunológicos por sorologia são os mais indicados para descobrir essa resposta. A partir de diferentes tecnologias é possível descobrir se há no sangue anticorpos da classe das imunoglobulinas —IgA, IgM e IgG— o que indica que houve produção desse mecanismo de defesa para barrar o vírus nocivo.
O que é? Por meio de uma amostra de sangue —coletada em geral após sete ou dez dias depois dos primeiros sintomas-- é detectado não a presença do vírus vivo, mas sim de anticorpos. Ou seja, a resposta do nosso organismo para combater a infecção. Isso significa que o seu resultado aponta se aquela pessoa já teve contato prévio com a covid-19.
O resultado é seguro? Ele possui uma sensibilidade menor do que as técnicas de identificação do vírus vivo e, por isso, não é indicado para diagnosticar a doença. Isso porque, por exemplo, a depender do período de coleta existe um maior risco de um resultado falso negativo por conta da produção de anticorpos ainda ser baixa e não suficiente para ser encontrada.
É indicado quando? Em situações em que o objetivo é descobrir se houve uma exposição prévia ao vírus e não naquelas em que se pretende descobrir se está doente naquele momento. Em um exemplo prático, é uma opção para uma empresa que quer entender quanto da sua população interna já teve contato com a doença para planejar um retorno seguro ao trabalho.
Onde fazer? Está disponível na rede pública de saúde e nas principais redes de laboratórios privados.
Em quanto tempo sai o resultado? De 1 a 3 dias.
Média de preço: R$ 150 a R$ 200.
Ainda é preciso ter cuidado
Ao longo dos meses, apesar de o Brasil ter um número significativo de casos e mortes, a testagem em massa vem caindo.
A falta de testagem, o que deixa de detectar a evolução da pandemia, pode causar uma falsa impressão de controle da doença. Ao mesmo tempo, nas últimas semanas, os números de casos e internações em UTI vêm subindo, já que atividades que provocam aglomerações estão cada dia mais sendo liberadas e em um período às vésperas de Natal, Réveillon e férias, quando há uma maior tendência de reuniões de família e amigos ou mesmo viagens.
A recomendação da OMS continua sendo de manter o isolamento social como forma mais segura e eficaz de evitar e controlar a contaminação. Entretanto, na necessidade de sair de casa em situações que nos exponham em tempo prolongado a outros indivíduos, o mais recomendado é que com antecedência seja realizado um teste do tipo PCR, mesmo quando não há sintomas ou sinais aparentes da doença, para evitar a circulação de quem estiver contaminado.
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