Revista científica valida resultados de testes clínicos da vacina da Pfizer
Os resultados completos dos testes clínicos da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela aliança entre a americana Pfizer e a alemã BioNTech foram publicados hoje no New England Journal of Medicine, a revista médica mais conhecida dos Estados Unidos.
A publicação chama os resultados de "vitória", enquanto um comitê de especialistas convocados pela FDA (Agência Americana de Medicamentos, na sigla em português) começa a examinar em público também hoje os dados da vacina, com o objetivo de recomendar ou não sua autorização de lançamento ao mercado nos Estados Unidos.
Ao todo, 43.448 pessoas foram submetidas aos testes. Delas, 21.720 receberam efetivamente a vacina e outras 21.728 receberam o placebo - que não contém as substâncias do imunizante.
Dentro de sete dias após a segunda dose, oito pessoas que tomaram a vacina tiveram casos positivos de covid-19, enquanto no outro grupo foram 162 registros positivos. Após a primeira dose, os casos positivos foram um entre os vacinados e nove entre os que receberam o placebo.
Os dados comprovam uma eficácia de 95% do imunizante em pessoas acima de 16 anos, sem distinções grandes dentro dos subgrupos definidos por idade, sexo, raça, etnia, massa corporal e doenças pré-existentes.
Entre as reações mais comuns, foram notadas dor de fraca a moderada no braço onde a vacina foi aplicada, fadiga e dor de cabeça. A incidência de efeitos adversos mais severos foi baixa e similar nos dois grupos.
O grande obstáculo que vem sendo apontado para a vacina da Pfizer é logístico. Ela existe um armazenamento a temperaturas muito baixas, entre -70ºC e -80ºC, o que pode encarecer sua compra. A vacina foi feita com uma nova tecnologia, através de moléculas de RNA, enquanto outros imunizantes utilizam tecnologias diferentes.
Por que a necessidade de temperaturas tão baixas?
O motivo pelo qual a vacina precisa de temperaturas tão baixas é a sensibilidade da molécula usada como "transportadora" na tecnologia RNA, que embora já esteja em estudo para a criação de vacinas há mais de uma década, ainda não foi aprovada para nenhum imunizante em humanos—a corrida para acabar com a pandemia acelerou o processo colocando as criações com esse intuito à frente.
"Em laboratório, você cria uma sequência genética capaz de induzir a produção de proteínas parecidas com a do novo coronavírus e a insere em partículas lipídicas — que são muito delicadas, daí a necessidade da temperatura — e que possibilitam o transporte dessa sequência genética para dentro das células da pessoa vacinada. Quando a sequência genética entra na célula, ela induz a formação de uma proteína idêntica a uma proteína do coronavírus. O sistema imunológico reconhece essa proteína e gera células de defesa ou anticorpos, uma defesa que protege o organismo da infecção real", indica Flávio Guimarães da Fonseca, virologista do Centro de Tecnologia de Vacinas e pesquisador do Departamento de Microbiologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
O cientista esclarece, ainda, que embora algumas pessoas temam que a vacina possa alterar o DNA humano por conter sequenciamento genético, ela não tem esse poder. "As informações dos humanos estão no DNA. Para o vírus, o genoma é o RNA, que embora entre dentro das nossas células, não muda nosso DNA, são moléculas incompatíveis", esclarece Fonseca.
Reino Unido
A vacina desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech começou a ser aplicada na última terça-feira (8) no Reino Unido, fazendo do país o primeiro do Ocidente a autorizar o uso de uma vacina contra o novo coronavírus.
A campanha britânica acontece em um primeiro momento apenas em hospitais devido à necessidade de armazenar a vacina em temperaturas muito reduzidas.
Em uma segunda etapa, serão estabelecidos mil centros de vacinação, de ambulatórios a centro esportivos, anunciou o ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock.
No Brasil, governadores se preparam para pedir a aprovação emergencial da vacina da Pfizer pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
No mesmo dia que a campanha vacinal começou no Reino Unido, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse ter um pré-acordo com a Pfizer para a compra de 70 milhões de doses da vacina, o que permitiria imunizar 35 milhões de pessoas.
Ontem, em entrevista para a CNN Brasil, Pazuello disse que a vacinação com as doses da Pfizer/BioNTech poderia começar ainda em dezembro deste ano, mas citou um contexto improvável, por ora.
* Com informações da AFP, em Washington (EUA)
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