Doença transmitida por fungos que afeta humanos e gatos é investigada no AM
O CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Manaus, capital do Amazonas, investiga mais de 20 casos suspeitos de contaminação por esporotricose animal. A doença é transmitida por fungos do gênero Sporothrix e pode afetar tanto humanos como animais — em especial os gatos.
O primeiro caso confirmado foi registrado no último sábado (12), no bairro da Glória. Até o momento, foram confirmados quatro casos e outros 22 animais estão sob investigação. Por enquanto, os registros se concentram nos bairros da Glória e São Raimundo, na zona oeste da capital, e Aparecida, na zona sul.
Esta espécie de fungo vive em plantas. Por isso, os principais locais de contágio para os bichos são jardins e terrenos abandonados.
O animal contaminado transmite a doença para outros gatos e para as pessoas por meio de arranhões, mordidas ou contato direto com a pele lesionada.
Após a inoculação na pele, há um período de incubação, que pode variar de poucos dias a três meses (média de três semanas), podendo chegar a seis meses.
Sintomas
Nos felinos, os sintomas são feridas que não cicatrizam e nódulos, principalmente na face e focinho do animal, que podem causar problemas respiratórios e na pele. Em casos mais graves, a doença pode levar à morte. Outros sinais clínicos que podem ser observados incluem perda de peso, apatia e secreção nasal.
Já em humanos, a doença causa lesões únicas ou múltiplas na pele, que iniciam como caroços e depois se rompem formando úlceras. Apesar de doloridas, caso sejam diagnosticadas precocemente, as lesões têm tratamento e cura.
A diretora do CCZ, médica veterinária Patrícia de Paula Roberto, explica que, uma vez identificadas as lesões, é importante que o tutor do animal procure ajuda médica o mais rápido possível para fazer exames de pele para confirmar se é esporotricose ou não.
Segundo a profissional, não é qualquer lesão de pele que vai dizer que o animal está com a doença. "É uma zoonose, ou seja, passa do animal para o ser humano. Mas é uma zoonose tratável. Tem que tratar, tomar o antifúngico direitinho. Não tem por que abandonar os animais, basta tomar os cuidados", explica ao UOL.
O tratamento em gatos e em humanos é com uso de medicação antifúngica e isolamento do animal doente, por um período que pode durar de três a seis meses.
Foco é evitar o abandono
Ainda de acordo com a veterinária, os esforços do Centro de Zoonoses se concentram, neste momento, em evitar o pânico e o abandono dos animais, tanto sadios como doentes.
Ela explica que, com os devidos cuidados, animais e humanos podem evitar que a zoonose se espalhe ainda mais.
Os animais sadios, por exemplo, precisam ser castrados para evitar ao máximo que saiam às ruas. "É lá que eles acabam se contaminando", justifica.
Já os animais doentes precisam ser isolados e os tutores devem tomar cuidados como calçar luvas ao manusear os bichos. Além disso, devem ser tratados por veterinários profissionais.
"O importante é manter o animal em casa. Se houve abandono, a doença será ainda mais disseminada. O tutor é responsável pelo animal. Ele tem que cuidar e tratar do animal. E lembrando que abandono de animais é crime", ressalta.
Patrícia pede ainda a colaboração das clínicas veterinárias da capital para ajudar no rastreamento de os casos suspeitos e confirmados da doença.
Clínicas e população podem ajudar
"As clínicas particulares que receberem os animais doentes precisam notificar o CCZ, sejam em casos suspeitos ou confirmados. Precisamos saber em quais bairros estão ocorrendo os registros da doença", pede.
Além disso, ela informa que a prefeitura de Manaus disponibilizou um número de telefone para a formalização de denúncias. "Qualquer pessoa que identificar um animal com os sintomas poderá ligar para o 0800-280-8280".
"Esse número vai receber denúncias de casos suspeitos, que serão encaminhados ao Centro de Zoonoses", finaliza.
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