Falta coragem para começar terapia? Siga essas 7 dicas para enfrentar medo
Resumo da notícia
- Terapia é a melhor estratégia para se conhecer melhor, lidar de maneira mas madura e consciente com as emoções e resolver conflitos
- Se não der certo com uma linha ou não gostou do terapeuta, não há problema algum em buscar novas possibilidades
- Um dos benefícios é desautomatizar alguns comportamentos, refletindo sobre o que costuma fazer
Não são poucos os tabus que cercam a psicoterapia. Há quem acredite que desabafar com um amigo na mesa do bar ou falar sobre os problemas com um familiar ou parceiro surtem o mesmo efeito, o que nem de longe é verdade. Outras pessoas acham que buscar o tratamento é assumir o papel de vítima, de alguém que está no fundo do poço ou que apresenta as ideias confusas. Além disso, muita gente enxerga a terapia como um processo extremamente doloroso e complicado e, mesmo sentindo vontade de fazer, recusa-se a tentar.
De fato, a terapia pode, sim, abrir antigas feridas, jogar sal nas recentes e provocar novas. Porém, é a melhor estratégia para se conhecer melhor, lidar de maneira mas madura e consciente com as emoções e resolver conflitos internos e com os outros. Para acabar com o receio de conhecer a técnica ou, no mínimo, pensar a respeito, que tal seguir essas recomendações?
Entenda que a terapia é um processo sem julgamentos
A sala do terapeuta é um local para se sentir livre, sem pressão, onde não há certo nem errado. Não é uma relação social, com conselhos e advertências. O objetivo da terapia é buscar saídas e soluções, e não ficar procurando erros e defeitos. Trata-se de um espaço para que cada pessoa possa se descobrir, decidir quem e como quer ser e com quem e aonde quer estar.
É possível escolher o tipo, até se adaptar
Se não der certo com uma linha ou não gostou do terapeuta, não há problema algum em buscar novas possibilidades. O autoconhecimento não é um processo rápido, demora algum tempo e pede entrega e confiança. Assim, não tenha medo de trocar de profissional ou de procurar uma vertente que faça mais sentido para você. Identificação e segurança são essenciais para que o paciente se sinta bem.
Lembre-se: fazemos escolhas o tempo todo
Muita gente evita a terapia por não se acreditar capaz de lidar com as próprias questões nem de assumir as responsabilidades pelas próprias escolhas. No entanto, ficar paralisado por conta desse temor e não tomar nenhuma atitude já é uma escolha, não é mesmo? Toda opção implica em perdas e ganhos. Assim, não agir significa "ganhar" a permanência na zona de conforto. Porém, fugir do autoconhecimento limita a evolução pessoal, o amadurecimento e a tomada de decisões de forma mais sensata e sadia.
Descobertas via terapia o conduzem a uma vida mais plena
Da mesma maneira que as pessoas se tornam mais fortalecidas para aceitar as perdas e aprender a lidar com elas, também obtêm recursos para se apropriarem das conquistas e saboreá-las sem culpa, vergonha ou insegurança.
Você vai ter mais controle sobre si mesmo
Um dos benefícios da terapia é desautomatizar alguns comportamentos, refletindo sobre o que se costuma fazer e até pensar de uma maneira mais consciente. A partir daí, é possível avaliar se vale a pena mudar esse hábito, se ele está ajudando ou atrapalhando a vida, e fazer transformações importantes e/ou necessárias. A terapia coloca a própria existência como foco.
É um processo catártico que gera paz
Poder desabafar, compartilhar uma dor emocional do passado, confessar desejos e anseios, contar um problema, resgatar uma lembrança sofrida, narrar um sonho bizarro... Tudo isso oferece alívio, principalmente de sintomas de ansiedade e depressão. Você não se sente tão alienígena na sociedade, entende que não é tão estranho ao fazer isso ou aquilo, reconecta-se com o próximo. Isso traz tranquilidade.
Terapia é o melhor investimento que podemos fazer por nós mesmos
A psicoterapia ajuda no amadurecimento, no autoconhecimento e, com isso, ajuda a encontrar nossa melhor versão em cada momento da vida. No entanto, existe o estigma de que a boa psicoterapia é um tratamento caro e que é complicado encontrar um bom profissional gratuito ou que aceite o convênio médico —o que não é verdade.
É claro que a formação e a experiência do terapeuta contam no custo, mas não é o preço que indica a qualidade do profissional. Muitas vezes os planos de saúde cobrem totalmente ou em parte o processo terapêutico e o SUS (Sistema Único de Saúde) e faculdades também oferecem terapia, embora deva-se respeitar uma fila. A questão é o valor que a pessoa pode dar à oportunidade de ter um momento só para si.
Fontes: Denise Gobo, psiquiatra da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria); Flávia Teixeira, psicóloga, mestre em Saúde Coletiva pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e professora de pós-graduação em psicologia hospitalar na mesma instituição; Henrique Bottura, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, em São Paulo (SP), e colaborador do ambulatório de impulsividade do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Lívia Beraldo de Lima Basseres, psiquiatra e mestre em psiquiatria pelo IPq-HCFMUSP e membro do corpo clínico do Hospital Santa Paula, em São Paulo (SP); Luiz Scocca, psiquiatra pelo IPq-HCFMUSP e membro da APA (Associação Americana de Psiquiatria); Nikolas Heine, psiquiatra do corpo clínico do Hospital 9 de Julho, em São Paulo (SP).
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