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Histórias de quem mudou hábitos em busca de mais saúde


Ela é confeiteira e precisou domar compulsão por doces para perder 37 kg

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para o VivaBem

17/12/2020 04h00

Com quase 100 kg, Ana Salinas, 48, tinha aceitado a obesidade e não pensava em emagrecer. Mas isso mudou quando ela passou mal em um evento. O médico alertou que a confeiteira precisava perder peso para não morrer precocemente. Mesmo trabalhando com doces, ela conseguiu fazer uma reeducação alimentar e chegou aos 58 kg:

"Durante toda a minha infância e adolescência eu lutei contra o sobrepeso. Nessa época, eu praticava várias atividades físicas, fazia balé clássico, sapateado e nado artístico, meu maior problema era a falta de disciplina na alimentação.

Como tinha o corpo mais cheinho e queria ser magra igual a minha irmã e minhas amigas, fazia todo tipo de dieta que aparecesse. Até conseguia emagrecer, mas sofria com o efeito sanfona.

Como Emagreci - Ana Salinas - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Casei com 45 kg e pouco tempo depois engravidei. Meu primeiro ganho de peso considerável foi justamente na gravidez, engordei 35 kg, chegando a 80 kg, aos 32 anos de idade. Foi um baque, porque sou bem baixinha, tenho 1,49 m, era impossível não notar o quanto engordei. Minha obstetra me alertou que eu estava ganhando muito mais peso do que o esperado. Eu tive pré-eclâmpsia e minha bebê nasceu prematura aos sete meses.

Canalizei todas as minhas energias para a minha filha, estava curtindo a maternidade e não me importei de não conseguir emagrecer depois do parto. Em 2006, quando minha filha completou um ano, eu quebrei o pé durante uma brincadeira com ela, tive que fazer uma cirurgia e ficar de repouso por três meses, sem pisar não chão. Foi uma farra, eu só comia e engordei ainda mais.

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Imagem: Arquivo pessoal

Assumi de vez que estava acima do peso e resolvi ser uma gordinha estilosa. Comecei a pesquisar sobre o empoderamento de pessoas obesas, comprava roupas plus size modernas.

Uma questão que contribuía muito para minha obesidade era minha compulsão por doces. Sou confeiteira há 27 anos e sempre tinha uma panela de brigadeiro para raspar, um cupcake que sobrava para comer. Outro ponto é que eu nunca tinha horário para comer, eu trabalhava até tarde e só ia comer quando já estava morrendo de fome, conclusão, só comia besteira e o que tinha pela frente.

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Imagem: Arquivo pessoal

Também era muito sedentária. Meu ateliê fica a um quarteirão da minha casa e era uma dificuldade fazer uma caminhada até lá. A própria confeitaria exigia um esforço físico que era bem sacrificante para mim, como abrir uma massa com rolo de um bolo para 300 convidados ou deslocar o bolo de uma mesa para outra.

Em 2008, eu desmaiei em uma feira de confeitaria. Procurei ajuda médica, fiz um check-up e descobri que os resultados dos exames estavam todos desregulados e que eu estava em um quadro de obesidade grave com 95,7 kg. Foi um choque, eu nunca tinha engordado tanto.

O médico disse que que eu teria que emagrecer por bem ou por mal, que era uma questão de vida ou morte

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Imagem: Arquivo pessoal

Ele me deu um prazo de seis meses para tentar perder peso de forma natural, por meio de uma alimentação saudável, antes de me indicar para a cirurgia bariátrica. Tenho uma sobrinha que mora comigo, com espectro autista e que tem alguns distúrbios alimentares devido à condição. Por indicação dela, que estava participando do Vigilantes do Peso, decidi experimentar o programa. Optei pelo plano digital e fazia o acompanhamento pelo aplicativo.

Como o programa não define um plano alimentar para o associado, eu não seguia nenhuma dieta. Cada alimento em uma pontuação e existe um 'número X' de pontos que eu podia comer durante o dia, conforme meu objetivo.

Como Emagreci - Ana Salinas - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Tinha a liberdade de escolher o que quisesse, desde que a soma de tudo no dia não ultrapassasse minha cota de pontos do dia. Obviamente, os alimentos mais calóricos e gordurosos valiam mais pontos. Eu poderia comer um strogonoff em vez de uma salada, mas perderia muitos pontos —esse incentivo da "administração" dos pontos me ajudou a iniciar uma reeducação alimentar.

Eu me dei uma chance e resolvi tentar seguir o programa por uma semana. Na primeira, já perdi 2,5 kg e achei interessante, pensei que poderia funcionar. Com o tempo, cortei os açúcares refinados, excesso de gorduras, tirei o refrigerante e comecei a experimentar várias comidas saudáveis. Meu prato passou a ter saladas variadas e um peixe, frango ou carne de acompanhamento. Tracei metas semanais e, no primeiro mês, emagreci 5 kg.

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Imagem: Arquivo pessoal

Combinei com a minha filha, hoje com 15 anos e atleta do nado artístico por minha influência, que quando perdesse 10 kg eu voltaria a praticar o esporte. Fiquei 20 anos longe da modalidade, mas retornei e saí do sedentarismo. Treino três vezes por semana duas horas e realizo um preparo físico fora d'água. Atualmente faço parte de uma equipe voltada à categoria adulta, participo de competições e já ganhei duas medalhas de ouro.

Em dois anos do programa Vigilantes do Peso eliminei 37 kg. Estou com 48 anos e 58 kg. Hoje me sinto muito melhor, meus exames estão todos ok. Continuo trabalhando como confeiteira, de vez em quando como um doce quando sinto vontade, a diferença é que agora tenho controle sobre a minha compulsão e alimentação".