Oxímetro apresenta três vezes mais resultados imprecisos em pessoas negras
O oxímetro é um aparelho usado na triagem da covid-19 e também em pacientes internados com a doença ou que estão em casa, para monitorar a saturação de oxigênio no organismo e ajudar a identificar a hipóxia (queda do nível de oxigênio no sangue) silenciosa —quadro perigoso, que pode gerar complicações sérias se demorar para ser detectado.
Porém, uma análise publicada no The New England Journal of Medicine mostrou que o dispositivo que é colocado na ponta do dedo costuma dar cerca de três vezes mais resultados falsos de leitura em negros do que em brancos, o que pode comprometer o acompanhamento da doença e a definição de como deve ser o tratamento desses pacientes.
Como foi feito o estudo
A pesquisa analisou mais de 47 mil medições de oxigênio (metade feita no oxímetro e metade em exames de sangue), sendo que 10.000 foram realizadas em pacientes hospitalizados no Hospital da Universidade de Michigan em Ann Arbor e o restante em outros centros de saúde dos EUA.
Em todas as medições feitas no oxímetro, a saturação de oxigênio ficou entre 92% e 96% (considerada pelos cientistas dentro do normal). Porém, no grupo atendido no hospital universitário, que teve seus resultados ajustados, 12% das medições de oxigênio no sangue arterial de pacientes negros apresentaram uma saturação de oxigênio abaixo de 88% (o que é considerado perigoso). Já em brancos, 4% das medições de sangue arterial ficaram abaixo de 88%.
Nos dados analisados em outros hospitais, que não tiveram ajustes, os resultados foram semelhantes: a saturação de oxigênio ficou abaixo de 88% em 17% das análises de sangue arterial em negros. Em brancos, somente 6% das medições de sangue arterial ficaram abaixo de 88%.
Os autores observaram no estudo que essas descobertas são alarmantes, já que o oxímetro é usado, por exemplo, para fazer a triagem de quem chega ao hospital com sintomas de covid-19 e identificar se o caso é grave e necessita de internação —ou para mostrar que um paciente internado precisa ser intubado. Como os dados do aparelho são mais imprecisos em pessoas negras, pode acontecer de pacientes com a doença grave não receberem o tratamento adequado.
Michael Sjoding, pneumologista e principal autor do estudo, disse à National Public Radio que o erro de medição do oxímetro em pessoas negras provavelmente ocorre pois a luz emitida pelo aparelho pode ser absorvida pelo pigmento da pele.
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