Rins são os filtros do organismo; conheça as doenças que podem atingi-los
Resumo da notícia
- Os rins ajudam a eliminar o excesso de líquido e sal do corpo e controlam a hipertensão
- Algumas doenças renais são silenciosas e detectadas apenas em exames de rotina
- Os cálculos renais, em alguns casos, causam dores intensas e sangue na urina
- Na insuficiência renal ocorre uma perda da função dos rins e pode ser necessária a diálise
- Pessoas hipertensas, com diabetes, idade avançada devem realizar exames periódicos para avaliar a função renal
- Hábitos saudáveis como dieta equilibrada e controle do peso são medidas preventivas
Provavelmente você já ouviu que beber água ajuda no funcionamento dos rins. Mas já parou para pensar quais as funções desse órgão para o nosso organismo? Os rins ajudam a eliminar o excesso de líquido e sal do corpo, impedem a elevação da pressão sanguínea e também filtram o sangue, eliminando as toxinas por meio da urina.
Por isso, os órgãos possuem um papel fundamental na manutenção do equilíbrio de cálcio, sódio e potássio. "Além de produzir alguns hormônios envolvidos diretamente no metabolismo da vitamina D e na produção de glóbulos vermelhos", explica Marcelo Mazza do Nascimento, nefrologista e presidente da SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia).
No entanto, algumas doenças renais são assintomáticas. "É importante que a presença de alguns sinais e sintomas levantem a hipótese da presença de doença renal. São eles: espuma e/ou sangue na urina, inchaço (edema), anemia, hipertensão arterial e aumento do número de micções durante a noite", completa Nascimento.
Convivendo com a insuficiência renal
Até o ano de 2004, Neila Trindade, 35, conta que seguia sua rotina diária sem ter problemas de saúde considerados graves. Mas, repentinamente começou a ter pressão alta e vômitos frequentes, além de apresentar uma anemia severa. Após exames, os médicos constataram que os rins estavam atrofiados.
"Já comecei direto com a hemodiálise, pois meus rins já haviam parado de funcionar. Foi preciso colocar um cateter no meu pescoço para realizar o procedimento. Isso porque o meu caso era muito grave e precisava realizar naquele momento ou colocaria minha vida ainda mais em risco", relata.
Ela foi diagnosticada com insuficiência renal crônica, ou seja, os rins pararam de funcionar. Seu pai era compatível e doou um de seus rins para Neila. No entanto, após quatro anos, ela precisou entrar na fila de transplante para conseguir um novo rim. "Atualmente, faço hemodiálise três vezes na semana e fico por quatro horas na máquina. Quero muito fazer outro transplante, já são 11 anos aguardando. Uma vez quase consegui, mas o doador tinha diabetes e não deu certo", diz.
Neila explica que precisou parar de trabalhar por conta da doença. No entanto, apesar de o tratamento exigir bastante do seu tempo, ela consegue manter uma rotina, se sente disposta e realiza viagens curtas aos finais de semana.
"Meu sonho é conseguir realizar o transplante, terminar a faculdade e trabalhar na área de recursos humanos. Sou casada há 10 anos e até pensamos em ter um filho, mas seria uma gravidez de alto risco. Porém, não descarto essa possibilidade para o futuro", finaliza.
A seguir, veja detalhes de algumas doenças que acometem os rins.
Cálculos renais
Conhecida popularmente como pedras nos rins, a condição também é chamada de litíase renal. Trata-se de pequenos cristais que se formam nos rins ou na uretra. Isso acontece quando a urina contém cálcio, oxalato ou ácido úrico em excesso. Com o tempo, esses cristais vão se formando nos rins. Sabe-se que os homens são mais suscetíveis a ter o problema de saúde.
As pessoas podem ter cálculos renais e não apresentar sinais. Mas quando essas pedras se deslocam dentro do rim para o ureter (canal que liga os rins a bexiga) ocasiona dores intensas ao obstruir a passagem da urina. E em alguns casos há a presença de sangue. Outros sintomas comuns são náusea, vômito, dor para urinar e aumento do número de micções.
O diagnóstico ocorre por meio de exames de imagem (ultrassonografia ou tomografia). O tratamento varia de acordo com o tamanho da pedra e a localização. Quando os cálculos renais são grandes, geralmente elas não são expelidas sozinhas. Nesses casos, há a necessidade de procedimentos mais invasivos com o intuito de eliminá-las do organismo como as cirurgias.
"A herança genética é um fator de risco importante, associada a hábitos de vida, como hidratação insuficiente e dieta inadequada, com excesso de sódio, açúcar e de proteína de origem animal", afirma Raquel Cruzeiro, nefrologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Câncer renal
O câncer renal também é conhecido como hipernefroma ou adenocarcinoma renal. É mais frequente em pessoas acima de 50 anos. Algumas pessoas apresentam dor na lombar, sangue na urina e sentem uma massa abdominal.
"No entanto, costuma ser silencioso e acomete mais os homens. Sabe-se que tem ligação direta com a obesidade. Geralmente, é descoberto em exames de imagens de rotina como ultrassonografia. Pessoas com hipertensão e doença renal crônica têm maior risco de desenvolver esse tipo de câncer", destaca Alexandre Augusto Manis, nefrologista do Hospital São Camilo, em São Paulo.
Por meio da tomografia computadorizada, é possível checar o estadiamento da doença e também se espalhou para outros órgãos (metástase), além de definir qual é a melhor forma de tratamento. Em alguns casos, o especialista solicita uma biópsia, ou seja, retirada de um pedaço do rim para avaliação.
Após o diagnóstico, geralmente o tratamento engloba quimioterapia e radioterapia para controlar a evolução do câncer. Em alguns casos, opta-se pela retirada parcial ou total do rim.
Infecção renal
Chamada de pielonefrite, é um problema sério que causa inchaços nos rins e atrapalha o seu funcionamento. Os sintomas mais comuns são febre alta, dor nas costas e ao urinar, pus ou sangue na urina. Além disso, aumenta a necessidade de ir ao banheiro e o cheiro da urina pode ser mais forte.
Geralmente, essa infecção começa no trato urinário inferior, ou seja, as bactérias vão da uretra até a bexiga e rins. É um problema mais frequente em mulheres, uma vez que a uretra é mais curta, o que facilita a entrada de micro-organismos e as tornam mais suscetíveis às infecções renais.
O diagnóstico é realizado com testes de urina e de imagens. Geralmente, o tratamento é realizado com antibióticos. Em casos mais graves, há a necessidade de cirurgias para reparar algum problema no rim ou retirada de um pedaço do órgão que foi comprometido.
Insuficiência renal
Também chamada de lesão renal aguda ou doença renal crônica, o problema acontece quando há uma perda súbita da capacidade dos rins de filtrarem resíduos como sais e líquidos do sangue. Nesses casos, os rins podem perder suas funções e o excesso de resíduos afeta a composição química do sangue.
Entre os sintomas, destacam-se a diminuição da produção de urina, retenção de líquidos, inchaços, sono em excesso, falta de apetite e de ar, cansaço, náusea e vômitos. Em casos mais graves, surgem ainda convulsões, coma e dores no peito.
A doença pode também ser assintomática, só ser detectada em exames de rotina ou quando há falência renal, ou seja, o rim deixa de funcionar. O problema é identificado por meio de exames de urina, sangue, testes de imagens e, em alguns casos, solicita-se uma biópsia renal.
O tratamento costuma ser mais complexo e exigir diálise, um procedimento que realiza a depuração (limpeza) do sangue. Deve ser realizado em ambulatório e as sessões duram de 3 a 4 horas, cerca de três vezes por semana.
O sangue é filtrado por meio de uma máquina de hemodiálise, em um filtro específico que substitui as funções que normalmente seriam realizadas pelos rins. Esse procedimento é necessário, na maioria das vezes, quando a função renal atinge menos de 10 % do total. No Brasil, atualmente, de acordo com o Censo Brasileiro de Nefrologia de 2019, cerca de 135 mil pessoas fazem hemodiálise.
"A doença renal crônica pode atingir uma pessoa em cada 10. É muito importante que os indivíduos que possuem fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes, idade acima de 60 anos, com histórico na família de doença renal, avaliem a sua saúde renal por meio de exames de urina e consulte um nefrologista", completa Nascimento.
Como prevenir as doenças renais?
É importante que pessoas que tenham fatores de risco como hipertensão, diabetes, idade avançada e histórico familiar realizem exames para avaliar a função renal regularmente.
Além disso, alguns hábitos podem contribuir com a saúde renal: manter uma dieta equilibrada, controlar o peso, atividade física regular e ingerir bastante água todos os dias.
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