Fruta, remédio e até exercício físico: entenda o que pode causar alergia
Você é o tipo de pessoa que começa a espirrar quando sente o cheiro de tinta fresca ou fica com a pele vermelha e coçando ao comer determinado alimento? Esses são sintomas típicos de alergia, que pode acometer qualquer pessoa independentemente da idade.
A alergia ou hipersensibilidade é uma resposta exagerada do sistema imunológico. Ela se desenvolve após a exposição a um antígeno (alérgeno), que provoca a reação.
Uma das doenças alérgicas mais comuns é a rinite, que ocorre porque o organismo produz um anticorpo chamado IgE, direcionado para determinadas substâncias, alérgenos, que estão presentes no ambiente como os ácaros da poeira, pelo de cachorro ou de gato, fungos (mofo) e baratas.
"A pessoa nasce com uma pré-disposição e no decorrer da vida, conforme se expõe ou não a algum desses fatores, ela pode se sensibilizar. Ou seja, o sistema imunológico, que já é predisposto, passa a reagir de uma forma exagerada contra o ácaro, por exemplo", explica Luis Ensina, coordenador do núcleo de alergia do Hospital Sírio-Libanês (SP).
Segundo o especialista, essa reação que causa a produção excessiva de IgE acaba levando a uma inflamação, nesse caso do nariz, que resulta em coceira, espirros, nariz entupido e coriza, os sintomas mais característicos da rinite.
Conheça os principais tipos de alergias
Ambiente
Este é um dos fatores mais comuns que desencadeiam crises alérgicas. O ácaro, citado anteriormente, está presente o tempo inteiro no ambiente e faz com que os sintomas surjam diariamente. Mas, nesses casos, qualquer fator ou substância capaz de irritar a mucosa nasal faz a alergia se manifestar. Entre os principais alérgenos estão:
- Odorizador;
- Tinta para pintar a casa;
- Fumaça de madeira;
- Cloro de piscina;
- Ar-condicionado;
- Fumaça de cigarro.
Alimentar
Síndrome da alergia oral ou do pólen-alimento
Pessoas alérgicas ao pólen apresentam sintomas quando ingerem alguns alimentos de origem vegetal como: maçã, pera, pêssego, ameixa, cereja, melão, melancia, kiwi; nozes e castanhas, cenoura, tomate, berinjela, entre outros.
"Isso acontece porque existem proteínas presentes nos pólens que são muito semelhantes a proteínas presentes nesses alimentos, de forma que causam uma reação cruzada", explica Luisa Karla Arruda, médica especialista em alergia e imunologia pela ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia) e professora titular de Clínica Médica da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo).
Os sintomas da síndrome da alergia oral, normalmente, aparecem entre 5 e 10 minutos após a ingestão. A sensação é de formigamento nos lábios ou língua, coceira nos lábios (ou inchaço), garganta, gengiva e palato.
Em até 10% dos pacientes podem ocorrer sintomas generalizados, inclusive anafilaxia, que é uma reação alérgica grave caracterizada por manifestações em dois ou mais órgãos diferentes. Nesses casos podem surgir urticárias, inchaço, sintomas respiratórios (asma, falta de ar, chiado no peito), obstrução de vias aéreas superiores, dor abdominal, vômitos, diarreia, hipotensão e choque.
Síndrome látex-fruta
Semelhante a síndrome de pólen-alimento, pessoas com alergia ao látex (luvas, catéteres, balões, preservativos) podem ter reações ao ingerir alimentos de origem vegetal devido à presença de proteínas que levam à reatividade cruzada.
Os alimentos frequentemente envolvidos são banana, abacate, kiwi, mamão papaya e castanha portuguesa. No entanto, outros alimentos já foram relatados, como mandioca, jaca, legumes e vegetais.
Especiarias
Canela, alho, cominho, cardamomo podem estar associados a reações alérgicas. Os sintomas variam desde a síndrome da alergia oral até anafilaxia.
Além disso, o vinho e outras bebidas alcoólicas podem aumentar os sintomas alérgicos, sobretudo em pacientes com asma que têm rinossinusite crônica. "Cerca de 80% dos pacientes com doença respiratória exacerbada por aspirina e anti-inflamatórios relatam piora dos sintomas de rinite e da asma com ingestão de bebidas alcoólicas", diz Arruda.
Leite de vaca
A alergia à proteína do leite é uma das alergias alimentares mais comuns, principalmente na primeira infância. Os sintomas podem ser variados, como anafilaxia, proctocolite alérgica, com presença de muco e sangue nas fezes, que ocorre nos primeiros meses de vida, e até problemas gastrointestinais.
É importante ressaltar que a alergia ao leite é diferente da intolerância à lactose, problema que ocorre quando o organismo tem dificuldade de digerir o açúcar natural do leite.
Anafilaxia induzida por exercício/alimento
De acordo com Arruda, essa é a única forma de alergia em que a pessoa tem anafilaxia, durante ou logo após o término de exercício físico. Entretanto, os sintomas só ocorrem quando há ingestão de algum alimento que já causava alergia e que tenha sido ingerido em até 4 horas antes do exercício.
"Se ele ingere o alimento sem fazer exercício, ou se faz exercício sem ingerir o alimento, não tem nenhuma reação", diz a professora da FMRP-USP. Os alimentos mais frequentes nesses casos são trigo, camarão e carne vermelha.
Medicamentos
Os sintomas desse tipo de alergia podem ser semelhantes ao dos alimentos ou ainda mais graves. Em alguns casos, as reações não dependem de anticorpos do tipo IgE e, sim, de células, os linfócitos, e podem demorar mais para se manifestar.
A SSJ (síndrome de Stevens-Johnson) é um bom exemplo de alergia a medicamentos, em que a pele começa a descolar e tem um acometimento das mucosas, entre outros graves sintomas. No entanto, esse tipo de alergia não é tão frequente como os demais.
"Os analgésicos e anti-inflamatórios são a principal causa de alergia a medicamentos no Brasil, na América Latina e em alguns países da Europa", comenta o coordenador do núcleo de alergia do Sírio-Libanês.
Vale ressaltar que muitas pessoas que se consideram alérgicas não são. "É importante que seja feita uma investigação, porque menos de 20% das pessoas que pensam ser alérgicas a algum medicamento, de fato, são", comenta Ensina.
Urticária crônica induzível
A urticária crônica é desencadeada por fatores físicos como frio, calor, luz solar, pressão, vibração, exercício físico e até mesmo contato com a água. Segundo os especialistas, muitos casos de urticária crônica são atribuídos a fatores emocionais, embora eles não sejam a causa primária do problema.
Fontes: Luisa Karla Arruda, médica especialista em alergia e imunologia pela ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia) e professora titular de clínica médica da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo); Luis Ensina, coordenador do núcleo de alergia do Hospital Sírio-Libanês (SP); Bárbara Gonçalves da Silva, consultora médica e alergista do Fleury Medicina e Saúde; e Alexandre Ayres, médico alergista do Hospital de Brasília.
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