Por que os olhos de algumas pessoas lacrimejam tanto? Conheça motivos
Sabe aquela sensação de que o olho não para de lacrimejar sem que haja um motivo aparente? Essa produção excessiva de lágrimas acontece, principalmente, por dois motivos: reação ao ambiente e dificuldade na drenagem.
A lágrima basal é composta, principalmente por água, gordura e proteína. Suas principais funções são lavar, lubrificar, nutrir e proteger a córnea. Além disso, a lágrima forma um filme lacrimal que uniformiza a superfície do olho e deixa as imagens mais nítidas.
"Ela é a primeira camada refrativa do olho, isso significa que ela é a primeira camada que faz a gente enxergar. Tanto é que quem tem olho seco ou está lacrimejando fica com a visão embaçada", explica Emerson Castro, oftalmologista do Hospital Sírio-Libanês (SP).
A lágrima está presente nos olhos o tempo inteiro e é renovada completamente, em média, a cada dez minutos. Isso porque, enquanto um microlitro de lágrima está entrando, outro está saindo pelo canal de escoamento. Trata-se de um equilíbrio comum de produção e eliminação, por isso, a maioria das pessoas não percebe que está produzindo lágrimas, só quando o estímulo de produção excede a capacidade de drenagem e choramos.
Conheça os principais motivos pelos quais os olhos de algumas pessoas lacrimejam tanto:
1) Reação ao ambiente
Os olhos estão fazendo uma leitura do ambiente que estamos o tempo todo, numa tentativa de detectar possíveis problemas. Devido a essa alta sensibilidade, eles conseguem sentir se estamos próximos a poeira, produtos químicos, frio ou calor intenso, se há falta de umidade no local e por aí vai.
Dessa forma, os olhos podem ter uma reação às condições do ambiente e ficarem irritados. Esse é um dos motivos para a produção excessiva de lágrimas. É a maneira que os olhos tem de dizer que alguma coisa não está bem, sobretudo por fatores alérgicos relacionados ao ambiente. Piscar bastante pode ser uma saída para tentar melhorar o sintoma.
Nesse contexto vale salientar que as reações variam de acordo com cada pessoa. Logo, o que é ruim para um, não necessariamente será para o outro. A tolerância é individual, porque os limiares são diferentes.
"Entre pessoas normais, lacrimejar diante de um ambiente hostil, por exemplo olhando para uma fogueira, num dia extremamente seco, de frente a um vento muito forte, é normal responder com lacrimejamento", afirma Eduardo Melani Rocha, oftalmologista e professor do Departamento de Oftalmologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo).
2) Dificuldade na drenagem
Quando o caminho do escoamento da lágrima se obstrui, ou seja, entope, a pessoa passa a viver, temporariamente, com o olho marejado, cheio de lágrimas. "O indivíduo produz, mas ele não escoa, porque o canal de drenagem está entupido. Muitas vezes, a gente não sabe a razão, porque é um cano delicado, muito fininho", descreve Rocha, que ressalta que a obstrução e a irritação causadas por fatores externos são as duas principais causas de lacrimejamento excessivo.
Essa obstrução pode ocorrer também nos recém-nascidos. Sendo assim, o canal não abre e a criança fica com excesso de lágrimas. "6% das crianças nascem com o canal da lágrima entupido. Felizmente, 90 ou 95% das vezes se desobstrui sozinho, até o primeiro ano de vida", comenta o oftalmologista Emerson Castro, explicando que existem sondagens e até cirurgias para desobstrução, caso ela não ocorra de forma natural.
Já no caso dos adultos, a drenagem pode falhar por diversos motivos: um acidente que atinja o canal da lágrima, um soco nos olhos e até mesmo a idade avançada. Os especialistas ouvidos por VivaBem afirmam que é comum os idosos terem problemas na drenagem lacrimal. "Na maioria das vezes a pessoa tolera, e se tolerar, vamos tocando o barco, mas quem não tolera existe uma cirurgia relativamente complexa para resolver isso", completa Castro.
No geral, o excesso de lágrimas não indica a presença de graves doenças. "É muito raro que a gente tenha um indivíduo com uma obstrução da drenagem, porque tem um tumor entupindo o canal. Geralmente, ele vai ter muitos outros problemas clínicos, antes de ele ter um problema de lágrimas", afirma o professor da USP.
3) Piscar adequado
Para que a lágrima seja drenada (enxugada) corretamente é preciso que o ato de piscar também esteja adequado. A frequência normal, em média, é piscar 14 vezes por minuto. As pálpebras servem como uma proteção aos olhos, mas também atuam na distribuição uniforme das lágrimas. Por isso, o piscar natural ajuda no "caminho" que a lágrima precisa percorrer.
No entanto, quando estamos atentos a alguma coisa que nos chama atenção, como aquele filme de suspense tão esperado, um jogo de videogame ou até mesmo fixados na tela do celular, podemos diminuir, consideravelmente, as piscadas. O resultado disso é certo: mais lacrimejamento.
"Se existe um piscar incompleto, ou uma irregularidade palpebral, essa distribuição pode estar comprometida e levar ao acúmulo de lágrimas nos olhos, e não drenando para o local certo, acaba vazando para fora", explica Thaís Helena Moreira Passos, oftalmologista do Hospital de Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Hospital Estadual Sumaré.
4) Problemas na conjuntiva
Embora seja bem menos frequente, algumas pessoas têm na conjuntiva (uma pele que recobre a parte branca dos olhos) uma protusão, conhecida como pinguécula ou pterígeo, que pode, ou não, invadir a córnea.
"A presença dessa irregularidade na conjuntiva pode contribuir para que o filme lacrimal não seja uniformemente distribuído, ou que ele 'quebre' precocemente, como acontece com bolha de sabão em contato com o dedo de uma criança, causando olho seco e lacrimejamento", descreve Passos.
5) Outras causas
Também mencionada pelos especialistas, outra causa comum para o lacrimejamento são as chamadas fisiológicas, que nada mais são do que as reações normais dos olhos. Você já ouviu alguém dizer que chorou de rir ou viu alguém bocejando e os olhos encheram de lágrimas? Então, isso acontece porque o nervo que enerva a glândula lacrimal é o mesmo que enerva a maxila e mandíbula. Por isso, quando estimuladas demais, consequentemente lacrimejamos mais também.
Quem usa lentes de contato e lacrimeja demais quando tira a lente, também pode estar com algum problema na córnea, e o lacrimejamento, nesses casos, é um sinal de alerta. Outra situação é quando entra um corpo estranho no olho, como um cisco. Nesse caso, as lágrimas são uma forma de reação e uma tentativa de expulsar o "invasor".
Há também um outro extremo desses casos que é quando a pessoa tem o olho seco, ou seja, a falta de lágrimas. Embora pareça estranho, tem gente que tem o olho seco e, mesmo assim, tem uma superprodução reflexa de lágrimas, justamente para compensar essa secura. É como se a pessoa sentisse as duas coisas ao mesmo tempo.
Quando procurar um médico?
O oftalmologista deve ser procurado quando houver um lacrimejar contínuo, ou seja, que não diminui com o passar dos dias. Além disso é preciso ficar atento ao lacrimejamento que vem acompanhado de dores, sensação de areia e olhos vermelhos.
Esses sintomas podem indicar que há algum tipo de inflamação ocular, por isso é necessário procurar um especialista e, em hipótese alguma, se automedicar com colírio sem indicação médica.
Cuidados para ter sempre:
- Higiene: evite passar as mãos nos olhos, principalmente se elas não estiverem recém-lavadas
- Lave os olhos ao acordar e antes de dormir
- Sabe aquele lenço que os mais idosos gostam de usar para secar ou até limpar os olhos? Evite. Escolha sempre lenços descartáveis, e até mesmo papel higiênico, mas tecido, jamais. Eles são anti-higiênicos
- Evite ar condicionado e ventilador próximo ao rosto
- Pisque mais quando estiver em frente a alguma tela, seja do celular ou computador
- Não assista qualquer tipo de tela acima da altura dos olhos
- Use óculos de sol não somente em dias ensolarados, mas também quando estiver ventando bastante
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