Tomar café puro em jejum faz mal? Por que às vezes isso gera dor e azia?
Resumo da notícia
- O café é a segunda bebida mais consumida pelos brasileiros, perdendo apenas para a água
- No entanto, pessoas que têm problemas no estômago podem sentir dores ao consumi-lo puro em jejum
- Isso não acontece com todo mundo. O problema depende do organismo e de problemas pré-existentes
- Nesses casos, os sintomas mais comuns são: azia, queimação e dor
Paixão nacional, o café está presente na mesa de quase todos os lares brasileiros. Depois da água, é a bebida mais consumida no país, especialmente pela manhã, quando o cheiro fresquinho toma conta da cozinha.
Para muitas pessoas, não há nada melhor que acordar e tomar uma xícara farta, antes mesmo de comer algo. Puro, com leite, adoçado ou não, ele é sempre bem-vindo. Mas você sabia que algumas pessoas podem sentir dores no estômago ao tomar café puro logo ao acordar?
Os especialistas ouvidos pelo VivaBem explicam que não é a bebida em si que faz mal, mas problemas de saúde preexistentes, o metabolismo e os próprios hábitos alimentares. Ou seja, há quem passe mal ao beber café puro logo após um jejum e quem não sinta absolutamente nada.
Para se ter uma ideia, incômodos do tipo também são sentidos com a ingestão de outros alimentos com o estômago vazio. Simone Reges Perales, cirurgiã do aparelho digestivo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), explica que doces, frituras, refrigerantes de cola, chá preto e mate (que contém cafeína), bebidas alcoólicas e alimentos condimentados como pimentas e frutas cítricas também podem causar mal-estar.
"Esses alimentos estimulam liberação aumentada de conteúdo ácido no interior do estômago e, com isso, pioram sintomas de queimação, refluxo e gastrite, que é uma inflamação da camada de revestimento interna do estômago", diz.
Pessoas com transtorno de ansiedade, enxaqueca, arritmias cardíacas e outros problemas clínicos podem ter sintomas exacerbados quando ingerem essas bebidas ou alimentos em jejum.
Café e o coração acelerado
Como você viu, às vezes o incômodo vai além de uma simples dor no estômago, especialmente quando se trata do café. Isso porque a bebida é rica em cafeína, substância com efeitos estimulantes sobre o sistema nervoso central. Por isso, pessoas que costumam beber muito podem ter sintomas como agitação, excitação, euforia e dificuldade para dormir.
Os efeitos da estimulação do sistema nervoso podem repercutir sobre o sistema cardiovascular e gerar palpitações, aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, além de refletir no aparelho digestivo causando azia, dor, desconforto e diarreia.
"Se o café for tomado em jejum, ou seja, com o estômago completamente vazio, a dose da cafeína que é absorvida e acaba na circulação sanguínea é maior do que se fosse tomada junto com outros alimentos, ou depois de tê-los ingerido", explica Luiz Ernesto de Almeida Troncon, professor do Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo).
Os alimentos ingeridos antes ou junto com o café têm efeito de diluição. Nesse caso, a concentração no sangue de cafeína será menor e os sintomas menos intensos.
A recomendação para quem sofre de alguma doença ou sintoma de desconforto é que as bebidas que contenham estimulantes, como a cafeína, sejam ingeridas com moderação. "Recomendamos que as pessoas procurem evitar consumi-las em jejum. A ingestão em jejum de outros alimentos e bebidas não usuais, principalmente em grandes quantidades, sempre trará o risco de provocar algum desconforto", salienta o professor.
Os especialistas afirmam que não há uma quantidade limitada para evitar mal-estar, mas uma xícara seria o "ideal" para não ter sintomas indesejáveis depois.
Fontes: Clarissa Fujiwara, membro do Departamento de Nutrição da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) e membro do NutS - Nutrition Science; Ana Luísa Faller, nutricionista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); Dennys Esper Cintra, professor e pesquisador na área de nutrigenômica da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
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