Fiocruz classifica como fake news 'eficácia' da cloroquina contra covid-19
Um estudo que analisou notícias falsas recebidas pelo aplicativo Eu Fiscalizo, criado pela pesquisadora Claudia Galhardi, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), classificou a suposta eficácia da hidroxicloroquina contra a covid-19 como "fake news". O medicamento é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e consta em um protocolo elaborado pelo Ministério da Saúde para o tratamento de infecções pelo coronavírus.
"Os estudos já publicados, ao contrário, mostram que não há atuação desse medicamento para tratamento da covid-19", explicou Patrícia Canto, pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, ao site da instituição.
Em seu portal, a Fiocruz ainda listou outras quatro fake news identificadas pelo Eu Fiscalizo, todas também comentadas por Canto. São elas:
Eficácia "baixa" da CoronaVac?
Fake news: os testes no grupo de risco dos idosos foram "reduzidos" e a eficácia da vacina, em torno de 50%, é muito baixa e não garante o fim da pandemia.
Por que é mentira?
Patrícia Canto explica que a CoronaVac tem uma eficácia estabelecida nos estudos, até agora, de 50,38%, o que significa que, tomando a vacina, há 50,38% menos chance de desenvolver algum sintoma da covid-19. Ela também destaca que a vacina foi 100% capaz de prevenir a forma grave da doença, incluindo necessidade de internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e uso de oxigênio.
"Não garantiremos o fim da pandemia enquanto não tivermos a vacinação, em grande escala, da maior parte de nossa população. Devemos manter as medidas de distanciamento, máscaras e higienização das mãos", lembrou.
Vacina "altera o DNA"?
Fake news: a vacina contra a covid-19 é "picada de escorpião", altera o DNA e faz a pessoa perder o brilho no olhar.
Por que é mentira?
As vacinas existem há mais de um século e são as principais responsáveis pela redução na mortalidade infantil e pelo controle de doenças graves, como poliomielite e sarampo: O mundo só foi capaz de erradicar a varíola, por exemplo, graças à vacinação.
"As vacinas são muito seguras. Por que elas ficaram prontas tão rápido? Porque temos hoje tecnologia para desenvolvimento de vacinas em tempos muito curtos. Atesto a total segurança, sou voluntária em um dos estudos e tenho muito orgulho em contribuir com a ciência, garantindo saúde para todos", acrescentou a pneumologista.
Vacina "pode dar câncer"?
Fake news: as vacinas contra a covid-19 podem provocar alterações genéticas ou câncer.
Por que é mentira?
As vacinas atuam para o desenvolvimento de imunidade contra os vírus. Segundo Patrícia Canto, elas não são capazes de alterar o material genético de células humanas e não há registros de associação com qualquer tipo de câncer.
"Aliás, podemos citar a vacina contra o HPV, que é capaz de prevenir o câncer do colo do útero", exemplifica.
Máscara + atividade física
Fake news: pessoas que fazem atividades físicas não devem usar máscara.
Por que é mentira?
A pneumologista garante que o uso de máscaras é seguro e recomendado para todos, com exceção de crianças abaixo de três anos de idade ou pessoas que não sejam capazes de colocar ou retirar a máscara sem ajuda.
"Não há perigo no uso de máscaras com a realização de atividade física, nem existe associação com arritmia cardíaca ou refluxo. Vale ressaltar que as máscaras sempre foram rotina para os profissionais de saúde e fazem parte do uso na cultura de vários países orientais", esclarece.
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