Além da coagulação, covid-19 gera pequeno aumento no risco de sangramentos
Alguns meses após a descoberta da covid-19, cientistas constataram que a doença grave é capaz de provocar uma coagulação sanguínea excessiva, o que aumenta o risco de problemas como trombose, infarto e AVC —já que os coágulos podem interromper o fluxo sanguíneo de veias e artérias.
Mas agora, uma pesquisa publicada na Nature Scientific Reports aponta que a covid-19 também pode fazer o contrário: ao aumentar o nível de proteínas que participam do equilíbrio na formação ou inibição de coágulos, há também um risco de cerca de 5% a 8% maior de ter sangramentos, o que pode gerar complicações hemorrágicas e aumentar o risco de morte.
A pesquisa realizada pela Michigan Medicine e a Universidade de Michigan em Ann Arbor contou com a participação de 118 pacientes hospitalizados por causa do coronavírus e 30 pessoas saudáveis (grupo controle). Os cientistas avaliaram o nível de duas proteínas circulantes na corrente sanguínea, o ativador do plasminogênio tissular (TPA) —que tem como função promover a trombólise (quebra de coágulos)— e o inibidor-1 do TPA, que como o nome sugere inibe a ativação da trombólise.
Normalmente, o corpo ajusta continuamente essas substâncias para manter o equilíbrio no sangue e evitar a quebra e a formação excessiva de coágulos. No entanto, os cientistas encontram níveis muito altos tanto de TPA quanto de seu inibidor- 1 em pacientes com covid-19. Essas proteínas foram associadas a dificuldades respiratórias, mas níveis muito elevados de TPA tiveram correlação mais forte com mortalidade.
No laboratório, os pesquisadores também testaram a tendência das amostras de sangue dos pacientes para coagular, adicionando uma enzima chamada trombina, que promove a coagulação. Como esperado, isso revelou que o nível muito alto de TPA aumentou significativamente a tendência de quebrar coágulos sanguíneos ao receber a trombina —elevando, em média, o risco de sangramentos em 5% entre todos os pacientes com covid-19 e em 8% em pacientes graves.
Segundo os cientistas, essas descobertas são importantes e o risco de sangramento, apesar de pequeno, deve ser ser avaliado antes e durante o tratamento com anticoagulantes em pacientes internados com covid-19.
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