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Vacina da Pfizer consegue neutralizar 3 mutações do coronavírus em estudo

Mutações verificadas no Reino Unido e na África do Sul são apontadas como obstáculos ao controle da pandemia - Lisi Niesner/Reuters
Mutações verificadas no Reino Unido e na África do Sul são apontadas como obstáculos ao controle da pandemia Imagem: Lisi Niesner/Reuters

De VivaBem, em São Paulo

08/02/2021 15h16Atualizada em 08/02/2021 15h29

Um estudo publicado hoje na revista Nature Medicine mostra que a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Pfizer junto à BioNTech foi capaz de neutralizar, em laboratório, três variantes do coronavírus que apareceram no Reino Unido e na África do Sul — ainda mais transmissíveis que a original e apontadas como grandes obstáculos ao controle da pandemia.

O imunizante foi testado contra as mutações N501Y (verificada nos dois países), D614G (só no Reino Unido) e E484K (só na África do Sul) localizadas na proteína spike, a parte do vírus que se conecta com as células humanas. Essas variantes foram combinadas pelos pesquisadores e testadas diante de um painel sorológico de 20 pessoas que tinham participado dos ensaios clínicos da vacina.

O estudo analisou os anticorpos adquiridos após duas ou quatro semanas da imunização com duas doses da vacina, em um intervalo de três semanas. Ele foi testado tanto para a cepa original do SARS-CoV-2, contra a qual o imunizante já tinha apontado uma eficácia de 95%, quanto para os vírus mutantes.

Os cientistas relataram que, no fim das contas, a vacina da Pfizer/BioNTech conseguiu neutralizar as três variantes do vírus, com uma pequena diferença: a ação contra a mutação E484K, identificada na África do Sul, foi ligeiramente inferior à neutralização contra a mutação N501Y, também verificada no Reino Unido.

Os resultados preliminares do estudo, liderados por Pei-Yong Shi, da Universidade do Texas, e Philip Dormitzer, da Pfizer, já haviam sido divulgados no mês passado, mas só agora foram revisados por outros cientistas e confirmados em uma publicação tradicional.

"A evolução contínua do SARS-CoV-2 exige um monitoramento contínuo do significado dessas mudanças para a eficácia da vacina. Esta vigilância deve ser acompanhada de preparativos para a possibilidade de que futuras mutações possam exigir mudanças nas vacinas", escreveram os autores.

Eles também lembraram que mudanças desse tipo funcionaram bem para a vacina da influenza — vírus que muta todos os anos. Para a covid-19, disseram, a flexibilidade da tecnologia de vacina baseada em RNA mensageiro, como é o caso da Pfizer/BioNTech e da Moderna, pode facilitar as atualizações.

Reino Unido "confiante"

Mais cedo, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse estar confiante de que tanto a vacina da Pfizer/BioNTech quanto a da AstraZeneca, desenvolvida junto à Universidade de Oxford, ajudam a evitar mortes e casos graves da covid-19. Segundo Johnson, a medicina está lentamente "tomando a dianteira" sobre o coronavírus.

"Achamos que ambas as vacinas que estamos usando atualmente são eficazes", disse o premiê a jornalistas. "Também acrediamos que há boa evidência de que [as vacinas] estão parando a transmissão também. Elas continuam sendo um benefício gigante para nosso país e para nossa população".

Não há dúvidas de que as vacinas, de forma geral, oferecerão uma saída [da pandemia]. E a cada dia que passa, você pode ver que a medicina está lentamente tomando a dianteira sobre a doença. Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido

(Com Estadão Conteúdo e Reuters)