Pesquisa brasileira integra plano da OMS para combater a Síndrome Pós-Covid
As sequelas decorrentes da covid-19 atingem grande parte dos pacientes e podem persistir por até seis meses após a infecção pelo vírus.
Com o objetivo de definir e ampliar os conhecimentos sobre a chamada Síndrome Pós-Covid, ou Long Covid; alinhar métodos de estudos; e planejar estratégias globais de atendimento, a OMS (Organização Mundial da Saúde) realizou um simpósio virtual na última terça-feira (09). O evento contou com representantes da OMS, médicos e pesquisadores; entre eles, integrantes da Coalizão Covid-19 Brasil, que apresentou a pesquisa Coalizão VII.
O estudo — único de origem brasileira entre os cinco trabalhos expostos — está monitorando mais de mil pessoas que tiveram a doença, analisando sua qualidade de vida e os impactos de longo prazo após a alta hospitalar.
"A apresentação no encontro da OMS ressalta mais uma vez o grande trabalho colaborativo da Coalizão Covid-19 Brasil. São mais de 50 centros envolvidos em pesquisa de um tópico globalmente prioritário: o impacto da covid-19 em qualidade de vida e em desfechos de longo prazo", afirma o médico intensivista Regis Goulart Rosa, pesquisador do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre-RS.
O Coalizão VII é uma das nove pesquisas desenvolvidas pela aliança formada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet). As pesquisas avaliam a eficácia e a segurança de potenciais terapias para pacientes com Covid-19 no Brasil.
Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, os esforços de enfrentamento da Síndrome Pós-Covid estão apenas no começo, e devem se estender pelos próximos anos. Ele também reforçou a importância da democratização dos conhecimentos acerca dessa nova enfermidade.
"Desde a Atenção Básica, todos precisam conhecer os efeitos da infecção nas crianças, nos grupos de risco e em todos os grupos, e entender os impactos sociais e econômicos desta enfermidade", diz. "É necessário garantir a reabilitação dos pacientes. Temos 800 centros de colaboração em diversas regiões e vamos pedir que incluam a Long Covid entre as prioridades".
Estudos conduzidos no Reino Unido, Estados Unidos, China, Índia e Itália também auxiliarão no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, com foco no reconhecimento, pesquisa e reabilitação dos pacientes. No simpósio, os pesquisadores convidados se dividiram em grupos de trabalho para o aprofundamento, a discussão e a elaboração de quadros clínicos.
Janet Diaz, pesquisadora da OMS responsável pela equipe clínica de enfrentamento à Síndrome Pós-Covid, apresentou um formulário que está disponível na Plataforma Global de Dados Clínicos da OMS. Nele, os profissionais podem registrar casos a serem monitorados a partir das diretrizes de acompanhamento, como intervalos entre consultas e relatos de sintomas e sequelas.
"Para muitos pacientes, sobreviver a uma hospitalização por Covid-19 pode representar apenas o começo de uma jornada de recuperação. São esperadas sequelas físicas, cognitivas e emocionais em uma grande parcela de sobreviventes de formas graves da Covid-19, o que poderá demandar uma grande intensidade de ações de reabilitação e de prevenção de deterioração da saúde no longo prazo", diz Regis.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.