Falhas no controle da pandemia aumentam disseminação do coronavírus
Mais de um ano após o primeiro caso do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil, o vírus segue em transmissão acelerada no País, com novas variantes circulando e hospitais sobrecarregados com internações e óbitos.
No estado de São Paulo, o grupo Rede de Políticas Públicas e Sociedade foi criado para monitorar a resposta dos governos e da sociedade diante da pandemia em diferentes momentos de 2020 e entre janeiro e fevereiro de 2021.
Em nota técnica recente, o grupo apontou falhas na forma tanto na resposta dos governos como nas atitudes da sociedade, como a falta de distanciamento e de respostas mais duras dos órgãos competentes — provocando uma piora nos números de internações e mortes.
Lorena Barberia é professora do Departamento de Ciência Política na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e integra o grupo da Rede de Políticas Públicas e Sociedade, responsável pela nota técnica intitulada. Ela explica que, na experiência internacional, na maioria dos casos onde houve uma elevação muito grande de casos, medidas mais rígidas foram implantadas por várias semanas.
No caso do Brasil, a nota mostra que as medidas não duraram muito tempo em São Paulo e houve municípios que não aderiram a elas. "Não podemos usar a palavra 'lockdown' no Brasil porque, de fato, nunca adotamos essas políticas mais rígidas de forma sistemática e por um tempo muito forte para podermos ver o impacto de um lockdown", afirma a especialista, completando que foram adotadas medidas mais moderadas e, como consequência, sem impacto no controle efetivo da pandemia.
A nota técnica deixa evidente que focar na vacinação como fonte de esperança não é a melhor opção, já que o Brasil conta com um nível ainda muito insuficiente para uma cobertura vacinal em massa. A professora explica que é preciso reforçar a testagem, o distanciamento social, a fiscalização e o respeito aos protocolos no local de trabalho, nas escolas, "sempre mantendo a quarentena de todas as pessoas que estão com suspeita", conclui.
Para ouvir a entrevista completa à Rádio USP, clique aqui.
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