Poluição atmosférica influencia em casos de doenças renais, aponta estudo
De acordo com dados da SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia), um a cada dez adultos brasileiros sofre com a doença renal crônica, o que, para alguns especialistas, já pode ser considerado um cenário epidêmico. É no Brasil, portanto, que esse panorama se mostra especialmente preocupante. Com isso em mente, estudos da Faculdade de Medicina buscaram investigar as causas dessa preocupação e indicaram uma relação direta com a concentração de poluição.
A professora Lúcia da Conceição Andrade, da disciplina de Nefrologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), analisa que questões socioeconômicas de acesso à saúde e diagnóstico tardio podem explicar a maior incidência de casos de doença renal crônica no Brasil em comparação a outros países. "Essa incidência é maior que na Europa e a progressão é mais rápida. A evolução em anos para a perda total da função renal é mais rápida", afirma em entrevista ao programa Jornal da USP no Ar 1ª edição.
A doença renal é causada principalmente por problemas de diabete e hipertensão, "mas, entre outras coisas, a poluição também parece ter influência. E é isso que nós vamos estudar, essa correlação", explica a professora. Para isso, através de experimentos que envolveram um grupo de animais exposto à poluição, foi analisada a influência da emissão de carbono negro e monóxido de carbono - liberados pela poluição - no envelhecimento dos rins.
A conclusão foi a de que, como os rins possuem a função de concentrar substâncias presentes no nosso corpo, é natural que, ao reter gases poluentes derivados da poluição atmosférica, eles envelheçam mais rapidamente.
Os estudos estão sendo desenvolvidos juntamente com a Universidade de Amsterdã, o que possibilitou análises comparativas dos rins de pacientes expostos a ambientes mais e menos poluídos, como são Brasil e Holanda, respectivamente. "Aqui são pessoas que estão expostas todo dia à poluição, ou porque vivem em um ambiente mais poluído ou porque, para irem para o trabalho, pegam vários ônibus, ficando expostas, esperando", comenta Lúcia.
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