É verdade ou impressão que orelhas e nariz aumentam conforme envelhecemos?
É verdade, só que o aumento de tamanho não tem a ver com crescimento, mas com falta de resistência. À medida que os anos passam, a pele perde colágeno, se torna mais frouxa e a cartilagem a acompanha.
No caso das orelhas, brincos muito pesados também contribuem para que cedam, principalmente na parte inferior, do lóbulo, a popular "carninha". Até o furo que é feito nessa região pode alargar, esticar e romper pela tração e o efeito da gravidade.
"A orelha aumenta, mais ou menos, em torno de 1,2 centímetros em 50 anos. Isso acontece principalmente depois dos 30, 35 anos", comenta Wendell Uguetto, cirurgião plástico da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Nos anos 1990, um estudo calculou esse aumento em, em média, 0,22 milímetros ao ano.
Assunto amplamente debatido
À época, o precursor dessa linha de pesquisa era o médico britânico James Heathcote, atual reitor da Health Education England. Ele mediu orelhas de 206 pacientes entre 30 e 93 anos e suas observações foram corroboradas e impulsionaram estudos japoneses publicados em 1996 e uma pesquisa italiana em 1999. Essa última acrescentou que fora as orelhas aumentarem com o passar dos anos, as dos homens seriam ainda maiores do que as das mulheres.
De modo geral, todos apresentaram os motivos já citados (perda de elasticidade da pele, ação da gravidade, influência do peso dos brincos), mas também sugeriram que, ao contrário dos ossos, que crescem até por volta dos 18 anos e estabilizam, a cartilagem que estrutura orelhas —e nariz— continuaria a crescer. Mas hoje são evidências consideradas controversas e vagas.
"A cartilagem da orelha tem 90% do crescimento dela até os 7 anos de idade. Ela para de crescer, assim como a do nariz, até os 21 anos. Depois disso, é só flacidez de pele devido à perda de colágeno" garante o cirurgião Wendell Uguetto.
"As estruturas do homem costumam ser maiores do que as da mulher, mas as duas aumentam igualmente, embora a flacidez na mulher comece antes, por volta dos 50 anos, e nos homens após os 60 anos. A flacidez tende ainda a ser maior em caucasianos do que em asiáticos e negros", continua o cirurgião plástico.
Umas aumentam, outras reduzem
No nariz, a cartilagem marca presença na ponta, no dorso e inteiramente pelo septo nasal. Já nas orelhas, estrutura o pavilhão auricular, dividido em irregularidades anatômicas, curvas, sulcos e dobras fundamentais na condução do som para o interior do canal auditivo, também composto em 1/3 por cartilagem.
Elas aparecem ainda na laringe, brônquios, superfície de ossos, entre vértebras da coluna e variam tanto em tipo, como em função e comportamento.
"Existem muitos tipos de cartilagem e o envelhecimento não interfere em todas, como nas cartilagens que permitem o crescimento ósseo e que calcificam ao final da adolescência, ou quando interfere não é de maneira igual", aponta Natan Chehter, geriatra da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
O médico informa que a cartilagem que funciona para suavizar o atrito de um osso com outro, com o envelhecimento, eventualmente somado a outros fatores, como atividades de alto impacto e esforço repetitivo da articulação, pode se degenerar e diminuir. "Então, ao contrário dessas, as cartilagens de orelha e nariz não vão sofrer redução de envelhecimento", diz.
Como frear a passagem do tempo?
Além do nariz e das orelhas, nenhuma outra estrutura aumenta e "cai" de forma parecida, a não ser a pele do corpo inteiro e, eventualmente, o tecido mamário, muitas vezes, pelo peso e o acúmulo de gordura. Outros aumentos, mas não relacionados ao envelhecimento, também podem ocorrer em virtude de doenças que causam inchaços, tumores e alterações hormonais.
De volta aos efeitos no rosto e que podem incomodar bastante quando se está em frente ao espelho, a boa notícia é que podem ser revertidos com procedimentos cirúrgicos estéticos geralmente rápidos, seguros e sem limite de idade. Mas a liberação para as intervenções rejuvenescedoras dependerá se o paciente apresentar boas condições clínicas e cardiológicas.
As abordagens também mudam de acordo com a faixa etária. Nos adultos, a plástica na orelha é focada em reduzir seu alongamento e frouxidão e remodelar os lóbulos, enquanto no nariz é muito mais para afinar a pele.
"Quanto ao consumo de colágeno para retardar e reduzir a flacidez da pele, vale lembrar que ele tem um papel importante, mas não interrompe esse processo, portanto não vai agir diretamente no nariz e nem nas orelhas, embora ajude a caracterizar um pouco mais de rigidez", lembra Gabriela Cilla, gastróloga e nutricionista da Clínica NutriCilla.
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