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Covid-19 persistente acarreta perda de cabelo reversível

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o cabelo costuma voltar a crescer após queda gerada pela covid - triocean/Getty Images/iStockphoto
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o cabelo costuma voltar a crescer após queda gerada pela covid Imagem: triocean/Getty Images/iStockphoto

Da Agência Brasil

16/03/2021 16h47Atualizada em 16/03/2021 16h47

Um dos efeitos sentidos em pessoas acometidas pela chamada covid-19 persistente é a queda de cabelo, mas, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o cabelo costuma voltar a crescer. A perda ocorre, em geral, depois da resolução da doença.

A presidente do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD, Fabiane Brenner, explicou hoje (16) à Agência Brasil que, nas pessoas normais, o cabelo tem um ciclo. "Cada fio fica crescendo por mais ou menos seis anos, entra em uma fase de repouso em que vai cair e ser substituído por um fio igual a ele. Isso deve acontecer de forma aleatória no couro cabeludo, sem que se perceba efetivamente redução do volume geral", disse a médica.

Segundo Fabianne, no caso de uma infecção importante, como a covid-19, e de diversas outras doenças, de um estresse importante, muitos fios vão entrar nessa fase de repouso do crescimento. "Só que eles [fios] só vão cair entre dois a três meses depois do evento."

A perda de cabelo ocorre ainda com outras infecções. Não é uma particularidade da covid, acrescentou a médica. Em infecções graves, como pneumonia, a pessoa pode ter queda de cabelo dois ou três meses depois. Trabalhos realizados por pesquisadores estrangeiros revelam que, na covid-19, a queda é muito mais precoce do que nas outras doenças. "Na covid, a gente já vê ali, com seis a oito semanas, um aumento da queda."

As causas são diversas, e a febre alta é uma delas. "Pacientes que têm mais febre ou mais repercussão da covid têm mais queda de cabelo consequente." A própria infecção, a redução do oxigênio nos pacientes que têm dificuldade respiratória reduz a oxigenação do folículo capilar e podem justificar essa alteração e a queda de cabelo, informou Fabiane.

Sintomas

De acordo com pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia, que analisaram dezenas de estudos sobre o tema, com um total de 48 mil pacientes, os cinco sintomas mais comuns da covid-19 prolongada são: fadiga (58%), dor de cabeça (44%), dificuldade de atenção (27%), perda de cabelo (25%) e falta de ar (24%).

Fabianne Brenner confirmou que um a cada quatro pacientes que têm covid com sintomas estabelecidos, excluindo os assintomáticos, apresenta queixa de queda de cabelo 60 dias depois do evento. A tendência, contudo, é recuperar os fios. "Não é uma queda cicatricial, isto é, não deixa cicatrizes. O paciente vai ter uma perda abrupta, mas esse cabelo vai se recuperar na sequência."

A dermatologista destacou que acaba havendo mais uma reposição dos fios. "Como caíram muitos fios, eles demoram a recuperar o volume. O cabelo cresce, mais ou menos, 1 centímetro por mês. Ao final de 75 dias, que é a média, ou ao final de três meses iniciais, eles [os fios] acabam voltando na sua densidade e, como vão voltar curtinhos, demora a preencher o volume do rabo de cavalo, em uma mulher."

Entretanto, advertiu Fabianne, se o paciente tiver doenças prévias ou alteração anterior no couro cabeludo, como uma calvície de base, nesses casos, a somatória de queda de cabelos da covid-19 pode deixar realmente o couro cabeludo muito aberto. Nessas pessoas, é mais difícil recuperar os fios, porque já tinham doença de base. "Como caíram muitos fios, eles voltam um pouco mais finos e, aí, o couro cabeludo não recupera 100% do que tinha antes da crise."