Saiba o que os cheiros do seu corpo podem indicar sobre a sua saúde
Que bom seria se a gente ficasse com aquele cheirinho gostoso de bebê para sempre, mas não é isso o que acontece. Com o tempo e vários fatores, esse cheiro muda e há partes do corpo que ficam com odores característicos considerados normais, mas também há cheiros que podem ser sinal de que você pode estar com algum problema de saúde e precisa de ajuda médica.
Pênis
O cheiro do pênis pode variar, em crianças não é marcante, já no adolescente e no adulto, vai adquirindo um odor mais característico, que só se percebe estando mais próximo.
O pênis produz uma secreção esbranquiçada gordurosa que se chama esmegma. Se a higiene demorar para ser feita, o cheiro pode se acentuar e ficar desagradável se a pessoa urinou muitas vezes, se o dia estiver quente, se teve relação sexual, se há muita pele recobrindo a cabeça do pênis, etc. É só lavar que passa.
Várias infecções por bactérias e fungos podem alterar o cheiro do pênis e vir acompanhadas de outros sinais como vermelhidão, coceira, ardência, pus, etc. A presença de um tumor maligno no pênis ou de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) também podem ser malcheirosas. Nesses casos, procure um urologista.
Para fazer uma boa higiene do pênis, lave com sabão, puxe toda a pele para trás e lave bem as dobras, a volta da cabeça do pênis, os pelos, a bolsa escrotal, entre as nádegas e ao redor do ânus. Outra dica para ajudar a minimizar o cheiro é sacudir o pênis após urinar e secar as gotas finais com um pedaço de papel higiênico.
Vagina
A vagina tem um odor característico suave produzido pela flora bacteriana habitual e secreção fisiológica resultante da renovação celular e que pode se modificar ao longo do ciclo pela variação hormonal. No entanto, se a vagina apresentar um odor tipo peixe podre, estamos diante de um quadro de vaginose bacteriana causado pela gardnerella vaginalis.
Esse cheiro vem acompanhado de corrimento amarelado ou acinzentado, e a mulher ainda pode sentir ardor ao urinar e intensificação do cheiro após o sexo.
Tanto a relação sexual quanto a menstruação podem promover um odor vaginal muito ruim. O esperma e a menstruação costumam alterar a flora da vagina, pois modificam o pH ácido vaginal. Esse desequilíbrio causa a proliferação de bactérias anaeróbias, em especial a gardnerella. Mesmo higienizando a vagina com frequência, o odor permanece, pois temos que eliminar a bactéria. Toda vez que a mulher perceber um odor diferente do habitual e com secreção vaginal acentuada deve procurar o ginecologista.
Urina
O odor da urina é característico, causado pela presença da ureia. Cheiros fortes, quando acompanhados de dificuldade ou ardência para urinar e mudança na cor, chamam atenção. A mudança no cheiro pode ser apenas porque se ingeriu determinados alimentos ou substâncias. Lembremos que a urina é o filtro do sangue, o que entrou no sangue tende a sair na urina. Café, aspargos, alho, carne em excesso, certos temperos e vitaminas podem alterar o aspecto e o cheiro do xixi.
O odor diferente da urina, como a amônia, por exemplo, pode indicar um quadro de infecção urinária, já uma urina com cheiro adocicado está relacionada ao diabetes.
Pessoas que usam fraldas ou cadeiras de rodas e sondas, às vezes podem ter uma urina colonizada por bactérias, dando um cheiro mais forte, o que nem sempre significa infecção. Por via de regra, para situações que não são doenças, quanto mais água a pessoa tomar, menos cheiro a urina vai ter e mais clarinha vai ficar.
Fezes
O odor das fezes é fruto da ação de bactérias em produtos alimentares. Quanto maior a fermentação dos alimentos —processo através do qual bactérias e fungos agem em qualquer matéria orgânica—, mais intenso é o cheiro.
Uma gastroenterocolite, que é uma infecção intestinal, pode gerar fezes muito malcheirosas. Pessoas com pancreatite crônica também podem ter fezes com odor ruim, pois faltam enzimas para agir sobre os alimentos.
No caso desse tipo de paciente, ele digere mal as gorduras pela falta ou diminuição de enzimas digestivas pancreáticas. Isso torna as fezes ricas em gorduras, mais volumosas, amolecidas e de cor mais clara, podendo ser fétidas.
Em termos de doença, o mais importante é a cor e não o cheiro das fezes. Fezes muito claras ou brancas podem levantar hipótese de algum entupimento das vias biliares. Fezes pretas e malcheirosas podem ser sinal de um sangramento digestivo proveniente do estômago ou excepcionalmente de um problema na parte final do intestino no tubo digestivo, como o cólon direito.
Umbigo
O umbigo é uma região de intensa colonização de bactérias e fungos, o metabolismo desses microrganismos pode gerar um odor fétido. Se acompanhado de sintomas como dor, rubor, calor e drenagem de secreção pode caracterizar um quadro de infecção e a pessoa deve procurar um dermatologista.
A limpeza do umbigo deve ser realizada durante o banho com água e sabão, devendo ser seco com toalha imediatamente após o banho. Não é recomendada a limpeza dessa região com álcool nem o uso de cotonetes.
Axilas e virilhas
O suor, produzido e eliminado pelas nossas glândulas sudoríparas, não tem cheiro. O famoso "cecê" é chamado de bromidrose. O mau cheiro da bromidrose axilar e da bromidrose inguinal (virilhas), na maioria das vezes, é causado pela proliferação excessiva de bactérias e fungos na região.
O essencial para amenizar os odores nas axilas e virilhas é mantê-las limpas e secas. Coloque as roupas para lavar após o uso, o hábito de reutilizar roupas sem lavar pode favorecer o acúmulo de bactérias e fungos tanto nas regiões quanto na roupa.
Se a pessoa sofre de hiper-hidrose (suor excessivo), é recomendado procurar um dermatologista para o tratamento adequado. Alguns casos podem precisar de limpeza com sabonetes antissépticos, antibióticos ou antifúngicos. Nos casos de hiper-hidrose axilar (suor excessivo nas axilas), o tratamento com toxina botulínica (o "botox") apresenta bons resultados.
Pés
A bromidrose plantar, o famoso chulé, possui, na maioria dos casos, a mesma causa que a bromidrose axilar e inguinal: a proliferação excessiva de bactérias e/ou fungos na região. A sudorese excessiva nos pés favorece o acúmulo de bactérias causadoras do mau cheiro e o surgimento de micoses.
Para manter uma boa higiene e os pés cheirosos, é importante secar bem entre os dedos após o banho e evitar sapatos que favoreçam o acúmulo de umidade. Há casos em que pode ser necessário o uso de sabonetes antissépticos para lavar a região.
Orelha
As orelhas e o cerume não possuem um odor característico, geralmente são inodoros. Entretanto, quando há mal cheiro, ele pode ser composto por uma série de fatores, como bactérias que vivem naturalmente na pele da orelha, restos de pele e o próprio cerume acumulado em excesso que prejudica a ventilação natural da orelha.
No caso de infecção de ouvido, por exemplo, a orelha pode ficar com um cheiro de pus com chulé devido à produção de pus em decorrência da presença de uma bactéria. O olfato também pode ser importante para identificar uma doença chamada colesteatoma que, em determinado estágio, tem um odor peculiar, caracterizado como cheiro de ninho de rato.
Em geral, se o paciente notar que a orelha apresenta um mal cheiro persistente e outros sinais como dor, perda de audição, saída de secreção da orelha, deve procurar um otorrinolaringologista para investigação e tratamento.
Mau hálito
Muitos descrevem o mau hálito como um cheiro de algo podre na boca. A maioria das halitoses acontece por doenças da boca e dos dentes, podendo ser infecciosas, como uma amigdalite.
Há situações em que as causas não são da boca, como no caso do diabetes descompensado. O organismo não consegue utilizar a glicose e usa outras fontes de energia, como resultado disso, há formação de corpos cetônicos, que provocam e lembram o hálito matinal, que todo mundo tem e é normal, mas é mais forte e duradouro e não se resolve com a higiene bucal habitual.
Em casos que não envolvem doenças, a recomendação para manter um hálito agradável é escovar os dentes, a língua e usar fio dental com frequência.
Fontes: Jaqueline Barbeito, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia; Karin Jaeger Anzolch, diretora da Sociedade Brasileira de Urologia e urologista do Hospital Moinhos Vento, em Porto Alegre; Rita Dardes, professora adjunta do Departamento de Ginecologia da EPM-Unifesp (Escola Paulista de Medicina - da Universidade Federal de São Paulo); Bruno Takegawa, otorrinolaringologista da Rhinomed e assistente voluntário de ensino no Ambulatório de Otorrinolaringologia da EPM-Unifesp; e Fábio Guilherme Campos, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e professor livre-docente da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
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