Estudo indica ligação entre consumo de carne processada e demência
Não é novidade que as carnes processadas— como peito de peru, presunto, salame, linguiças e salsichas— fazem mal à saúde. Inúmeros estudos já ligaram o consumo desses alimentos com o aumento no risco de desenvolver câncer no estômago e intestino, além de transtornos psiquiátricos.
Mas os cientistas do Nutritional Epidemiology Group, da Universidade de Leeds, do Reino Unido, queriam saber se o consumo desses alimentos poderia aumentar também o risco de desenvolver demência. Dados da OMS indicam que, a cada ano, 10 milhões de pessoas são diagnosticadas com o problema; o Alzheimer, tipo mais comum da doença, é responsável por até 70% dos casos.
O estudo analisou a ficha médica de quase 500 mil indivíduos e constatou que consumir cerca de 25 gramas de carne processada por dia (o equivalente a uma fatia de bacon) está associado a 44% de risco de desenvolver demência.
Publicado no American Journal of Clinical Nutrition, o estudo também revelou, no entanto, que o consumo de carnes não processadas (bovina, suína ou vitela) pode ter efeito protetivo, já que aqueles que ingeriram 50 gramas do alimento por dia tiveram 19% menos risco de desenvolver a doença.
Como o estudo foi feito?
Os pesquisadores analisaram as informações retiradas do UK Biobank, uma plataforma com dados genéticos e de saúde de meio milhão de participantes entre 40 e 69 anos, coletados entre 2006 e 2010. No total, 493.888 participantes.
As informações analisadas incluíram com qual frequência os participantes consumiam diferentes tipos de carne. O estudo não aferiu especificamente o impacto da dieta vegana ou vegetariana no risco de demência, mas incluiu na análise os dados de pessoas que disseram não comer carne vermelha.
O resultado foi que o consumo de 25 gramas de carne processada por dia (o equivalente a uma fatia de bacon) aumentou em 44% o risco de desenvolver demência.
No grupo analisado, 2.896 casos de demência foram registrados no intervalo de 8 anos, durante sessões de follow-up com os participantes do banco de dados. Algumas pessoas tinham de três a seis vezes mais risco de desenvolver demência por fatores genéticos bem estabelecidos, mas os pesquisadores acreditam que o risco envolvido no consumo de carnes processadas é o mesmo para pessoas com e sem os genes da doença.
O perfil mais comum de quem consumia carnes processadas era de homens com escolaridade menor, fumantes, acima do peso ou obesos, com baixo consumo de frutas e legumes, e grande ingestão de proteínas ou gordura (incluindo gordura saturada).
Por outro lado, o estudo mostrou também que o consumo de carnes não processadas (bovina, suína ou vitela) pode ter efeito protetivo, já que aqueles que ingeriram 50 gramas do alimento por dia tiveram 19% menos risco de desenvolver a doença.
Por que isso é importante?
O consumo de carne processada já foi associado ao risco de desenvolver demência, mas este é considerado o primeiro estudo em larga escala que acompanhou participantes por um longo período e que conseguiu estabelecer uma ligação entre quantidades e tipos específicos de carne e o risco de desenvolver a doença.
Os pesquisadores acreditam que mais estudos são necessários para confirmar o fato, mas os resultados corroboram a orientação atual dos especialistas de reduzir o consumo de carnes processadas visando melhorar e a saúde, e de que o estudo é um primeiro passo para entender como o que comemos pode influenciar no nosso cérebro.
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