Pacientes com câncer hematológico podem ter covid-19 mais grave, diz estudo
Pacientes que estão tratando cânceres hematológicos, como mieloma múltiplo, leucemia e linfoma, podem desenvolver a forma mais grave de covid-19 em comparação com os diagnosticados com outros tipos de câncer, como pulmão, próstata e mama. A conclusão é de um estudo publicado no periódico The Lancet, em 24 de agosto de 2020.
Segundo os pesquisadores, o objetivo do artigo era investigar os riscos do coronavírus em relação a pacientes com câncer na população do Reino Unido. Por isso, os cientistas avaliaram 1.044 pacientes oncológicos, de ambos os sexos, com idade entre 40 e 80 anos, infectados pelo novo coronavírus.
Segundo Angelo Maiolino, hematologista, coordenador da ABHH (Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os dados do estudo chamam atenção. "Possivelmente, esses pacientes com cânceres hematológicos correm mais riscos de complicações por conta do sistema imune já comprometido, em função dos tratamentos imunossupressores contínuos", diz a VivaBem.
Entretanto, o médico ressalta que é muito importante que os pacientes continuem o tratamento. "Temos que interpretar com muito cuidado. O tratamento adiciona o risco, mas sem ele, o paciente fica mais distante da remissão [quando a doença fica 'sob controle']. Com a extensão da pandemia, vimos que seguir pausando as terapias acarretaria em um prejuízo enorme para os diagnosticados."
Quais foram os resultados do estudo
- Dos 1.044 pacientes oncológicos que tiveram covid, 319 morreram por causa da doença, com grande associação ao aumento da idade;
- Pacientes com câncer hematológico (leucemia, linfoma e mieloma) tiveram uma trajetória da doença mais grave em comparação com pacientes com tumores de órgãos sólidos (mama, próstata, etc);
- Ainda neste grupo, as pessoas que tinham feito quimioterapia recente apresentaram risco aumentado de morte durante a admissão hospitalar associada a covid-19;
- Os participantes do estudo com cânceres hematológicos também foram significativamente mais propensos à necessidade de oxigênio de alto fluxo e ventilação não invasiva.
Por que este estudo é importante?
Segundo os pesquisadores, os resultados podem ser úteis para auxiliar os médicos sobre os riscos da covid-19 em pacientes com câncer hematológico, além de trazer abordagens baseada em evidências sobre políticas de isolamento social.
O professor da UFRJ também explica que o estudo reforça a importância da vacinação, especialmente neste público, além das medidas de proteção, como isolamento social, uso de máscaras e higienização das mãos. "Nós indicamos a vacinação para pessoas com câncer hematológico, salvo poucas exceções. Os pacientes com câncer, inclusive, deveriam ter prioridade", diz o hematologista.
Sobre os cânceres hematológicos
Os cânceres hematológicos são aqueles originários das células sanguíneas: mieloma, leucemia e linfoma. No Brasil, a incidência do mieloma múltiplo ainda é desconhecida, principalmente porque não faz parte das estimativas anuais do INCA (Instituto Nacional de Câncer).
Segundo o INCA, o número de casos novos de leucemia esperados para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022, será de 10.810 casos, em ambos os sexos. Já para o linfoma não Hodgkin, espera-se 12.030 novos registros por ano, também para homens e mulheres.
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