Canadenses investigam doença neurológica misteriosa que afetou 43 pessoas
Cientistas canadenses investigam a possibilidade do surgimento de uma nova doença neurológica após o aparecimento de 43 casos de pacientes com os mesmos sintomas, envolvendo perda de memória, alucinações e atrofia muscular.
Segundo o The Guardian, políticos da província de New Brunswick (Canadá), onde as suspeitas surgiram, cobram a comunidade científica por novas respostas. Especialistas, porém, dizem que ainda há mais dúvidas do que respostas sobre os casos, e pediram para que as pessoas não se assustem.
As suspeitas eram analisadas pela equipe de médicos há anos, mas um memorando vazado pela agência de saúde da província fez com que o caso se tornasse público. Os sintomas levaram à comparação com a CJD (Doença de Creutzfeldt-Jakob), uma doença rara e fatal que desenvolve danos em proteínas malformadas, também conhecidas como príons.
"Estamos colaborando com diferentes grupos e especialistas nacionais; no entanto, nenhuma causa clara foi identificada neste momento", apontava o documento vazado.
No entanto, a CJD foi descartada pelos médicos após triagens realizadas com os pacientes, e afastou a possibilidade um diagnóstico para os casos da nova doença estudada. "Não temos evidências que sugiram que seja uma doença de príon", assumiu o Dr. Alier Marrero, o neurologista que liderou a investigação na província.
Por conta da seriedade do caso, os casos foram levados a níveis federais, o que deve ajudar na evolução dos estudos. O atraso do laudo deixa dúvidas se os pacientes possuem doenças cerebrais raras - mas tratáveis - ou, de fato, uma doença desconhecida.
De acordo com o The Guardian, entre 2015 e 2019, 12 casos foram registrados. Em 2020, mais 24. Além disso, acredita-se que pelo menos cinco pessoas que apresentavam os sintomas morreram sem uma definição exata do motivo. O ano em que os outros dois casos foram descobertos não foi divulgado.
"Não vimos nos últimos 20 anos um grupo de doenças neurológicas resistentes ao diagnóstico como esta", conta Michael Coulthart, chefe da rede de vigilância CJD do Canadá.
Entre os sintomas relatados nas primeiras semanas estão mudança brusca de comportamento, dores e espasmos. Todos poderiam levar a casos de depressão ou ansiedade, mas entre 18 e 36 meses, os sintomas evoluem. A partir desse tempo, pacientes começaram a relatar alucinações, incluindo a sensação de insetos rastejando sobre a pele.
"Não sabemos o que está causando isso", disse Marrero. "No momento, só temos mais pacientes parecendo ter essa síndrome", diz.
Segundo Valerie Sim, pesquisadora de doenças neurodegenerativas da Universidade de Alberta, o atraso em diagnosticar doenças - que, segundo ela é um problema recorrente da medicina - pode implicar em incertezas quanto aos resultados.
"O paciente de alguma forma se recupera. Você sai sem saber o que eles realmente tinham", disse Sim. "Vemos síndromes neurológicas estranhas de vez em quando. Às vezes, nós os descobrimos. Às vezes, não."
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