Criticar sem ofender? Sim, isso é possível com essas dicas
Ser sincero nem sempre é uma tarefa fácil —-porém, em determinadas circunstâncias, é algo mais que necessário quando um amigo, familiar ou colega faz algo errado e precisa ser corrigido ou criticado. No entanto, muita gente acaba pesando a mão na hora de fazer uma crítica e, em vez de ajudar quem a escuta, acaba magoando ou ofendendo a pessoa, o que gera conflitos.
Isso ocorre, de modo geral, porque é comum que as pessoas critiquem as outras na hora da raiva ou quando estão chateadas e ressentidas. A função da raiva, vale ressaltar, é nos proteger contra ameaças e nos deixar em alerta. Por isso, sob nervosismo e irritação, fica mais difícil exercer a empatia e levar os sentimentos alheios em consideração.
Ao criticar alguém quando estamos nervosos ou com raiva, passamos do ponto e acabamos desvalorizando e até diminuindo quem percebemos inconscientemente como ameaça. Embora o ataque seja uma tendência humana, é importante desenvolver a habilidade de criticar —prestando atenção na forma e no conteúdo— para não amplificar atritos nem deixar de achar uma solução para o problema aventado.
Se o criticado se sentir constrangido, vulnerável ou atacado, também enxergará a necessidade de se defender, fazendo com que os comentários não sejam absorvidos de maneira construtiva e podendo gerar desavença entre as partes.
Não existe uma fórmula ideal para fazer uma crítica, pois a situação depende de fatores como o vínculo com o interlocutor ou a gravidade da situação. No entanto, certas práticas e técnicas podem ajudar nessa missão, como as sugeridas a seguir:
Primeiro, acalme-se
Quando estamos nervosos, a nossa tendência é culpar e atacar o outro. Para que a crítica ajude em vez de atrapalhar, é importante manter a tranquilidade. Respirar profundamente algumas vezes pode ajudar, assim como esperar um tempo entre o acontecimento e a conversa para que você possa se acalmar.
Planeje a conversa invertendo os papéis
Coloque-se no lugar da pessoa que irá receber a crítica e pense sobre como você gostaria de receber este feedback. Reflita sobre qual a melhor forma e momento para começar a conversa, qual tom de voz e quais palavras gostaria de escutar. Planeje também como você pode se acalmar, caso encontre resistência da outra parte. Por exemplo: estabelecer a intenção de respirar caso fique nervoso, em vez de responder a comentários defensivos que podem surgir.
Pratique a empatia
Mesmo com a intenção de ajudar, uma crítica construtiva pode acabar magoando ou até mesmo ofendendo o outro. Tenha em mente que, de modo geral, não sabemos o que se passa na cabeça do outro, quais os sentimentos envolvidos, sua situação de vida no momento, as lutas que a pessoa enfrentou ao longo da jornada. Então, busque entender o outro em sua complexidade e fale de uma forma branda e empática.
Evite plateia
Para render bons frutos, a conversa não pode ter outras pessoas à volta. Isso aumenta a tensão e pode colocar o interlocutor numa postura ainda mais defensiva.
Não faça julgamentos moralizantes
Lembre-se: nossos julgamentos estão relacionados com nossos valores e percepções e não necessariamente correspondem aos valores e percepções dos outros. Podemos dizer o que um comportamento específico ou um conjunto de comportamento do outro nos fez sentir ou pensar, mas não podemos afirmar o que outro "é" com base nesses comportamentos. Portanto, troque o "você é" por "isso que você me fez sentir...".
Importante: nada de fazer comparações, pois elas também envolvem juízos de valor e mexem com a autoestima do criticado, podendo colocá-lo em posição defensiva em vez de gerar reflexão.
Seja específico e foque no comportamento
Para que a pessoa receba e assimile o que você tem a dizer, é importante que ela não se sinta atacada. Então, em vez de dizer "você é egoísta", diga "eu gostaria de ter recebido a sua ajuda em determinada situação". Descreva o comportamento em questão e as suas consequências, focando em um acontecimento específico.
Por exemplo, dizer "eu precisava de ajuda em determinada situação e gostaria de ter contado com você", é mais construtivo do que dizer "você nunca oferece ajuda". Críticas muito abrangentes ou direcionadas a características pessoais, tendem a ser interpretadas de forma depreciativa. Frequentemente, resultam em uma reação emocional defensiva que desvia a atenção do comportamento sendo criticado. Baseie a sua crítica em fatos ocorridos e não em generalizações ou suposições.
Escute com respeito e atenção
Pergunte sobre qual é a percepção da pessoa criticada a respeito do problema e suas causas. Quando as pessoas se sentem ouvidas, elas percebem a crítica como sendo mais justa.
Enfatize as qualidades pessoais e o sucesso em tentativas futuras
Depois da crítica, em vez de focar em erros passados, foque nos acertos futuros. Aborde as qualidades do outro e como ele pode usá-las para melhorar o comportamento em questão. Isso é importante porque faz com que a pessoa se sinta motivada, competente e capaz de lidar com o desafio.
Relacione a crítica a um objetivo
Faça pedidos claros do que você quer ou espera do outro em vez de expressar algo que não quer. Quando dizemos o que não queremos, nem sempre fica claro o que desejamos ou esperamos.
Fontes: Adriana Drulla, mestre em psicologia positiva pela Universidade da Pennsylvania (EUA); Milena Fonseca, psiquiatra da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; e Priscilla Godoy, psicóloga e neuropsicóloga da unidade Campo Belo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo (SP).
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