Hoje é Dia de Mentira: saiba o que ocorre no seu cérebro quando você mente
Nesta quinta-feira (1º) é o Dia da Mentira, data em que as pessoas costumam inventar histórias para brincar com os amigos. Mentir (sem exageros, é claro) pode ser um ato saudável, pois ajuda a aumentar nossa criatividade. Mas você já se perguntou o que, de fato, ocorre no cérebro neste momento?
Para essa questão, existe uma resposta bem simples: há um circuito cerebral responsável por esta ação que é capaz de criar um fato e ao mesmo tempo ter a noção do perigo dessa inverdade, segundo Fernando Gomes, neurocirurgião e neurocientista do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Nosso senso crítico, inclusive, permite que a gente crie a história, mas sem perder o juízo. Os responsáveis por isso são os lobos frontais que manipulam os pensamentos —uma importante aquisição neurobiológica da espécie humana.
"É nesta região onde a decisão de omitir um fato, criar uma história ou mentir, acontece. Bem perto dali, o nosso senso crítico, famoso juízo ou bom senso, também habita, nos mesmos lobos frontais, e nos permitem escutar o nosso bom senso", diz o neurocirurgião.
É claro que algumas pessoas vivem no mundo da fantasia, criando tantas mentiras que acabam acreditando nelas. É aí que mora o perigo, conforme explica Gomes. "Usar o cérebro para criar histórias ajuda a aumentar a criatividade, mas é importante fazer isso com cautela. Brincar de mentir é saudável, só não pode ultrapassar as barreiras e acreditar naquilo que não existe de verdade."
Quando mentir se torna uma doença?
Segundo a psicóloga Fabíola Luciano, colaboradora do IPq do HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo), tudo vai depender da intenção. "Quando uma pessoa tem um caráter questionável, a mentira é usada na intenção de se beneficiar, prejudicar alguém ou tirar proveito daquela situação. Já o mentiroso compulsivo não visa um benefício material ou financeiro", disse a especialista em entrevista.
É preciso saber diferenciar o mentiroso comum de quem tem mitomania —o nome dado ao quadro de mentira patológica ou compulsiva. No segundo caso, a pessoa mente de forma repetida, o que interfere no seu julgamento racional sobre as situações e causa prejuízos profissionais e, principalmente, na área familiar e social.
Existem formas de tratar a mitomania
Assim como todos os transtornos psicológicos existe o controle e não uma cura. É necessária uma intervenção de tratamento para a pessoa aprender a gerenciar as frustrações que a levam a mentir. A mitomania não é um diagnóstico por si só, na realidade ela pode ser um sintoma associado a um transtorno psiquiátrico, seja de personalidade ou de humor.
Por isso, não existe uma única causa para ela, mas um conjunto de fatores associados que podem levar ao desenvolvimento do quadro, como história de vida, relação com os pais, predisposição genética e experiências precoces. Nesses casos, o tratamento com um psiquiatra se faz importante para melhorar as mentiras compulsivas.
Contudo, a psicoterapia é a abordagem mais efetiva para o tratamento da mitomania. O objetivo do trabalho psicoterápico é de ajudar o indivíduo a desenvolver novos repertórios, reforçando relatos verdadeiros e ignorando os falsos.
*Com informações de reportagem publicada no dia 24/06/2020.
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