Com bariátrica adiada pela pandemia, jovem focou na dieta e eliminou 91 kg
O designer alagoano Júlio César Ferreira Justino, 23, venceu muitos desafios na vida —de ser molestado na infância a alvo de bullying— até chegar a sua maior vitória: emagrecer 91 kg somente com mudança de hábitos durante a pandemia. A força de vontade veio após o novo coronavírus adiar sua cirurgia bariátrica já pré-marcada. A seguir, ele conta como conseguiu:
"Até os 7 anos de idade, fui uma criança com o peso considerado normal. Mas aí aconteceu algo que marcou muito minha vida e até hoje tento trabalhar na minha mente: fui molestado por um membro da família, uma pessoa de confiança. A partir de então, comecei a ganhar peso descontroladamente. Aos 10 anos, já estava acima dos 80 kg e tinha a certeza de que tudo que aconteceu comigo naquele dia foi minha culpa.
Com 13 anos, cheguei aos 105 kg e, no 8º ano do ensino fundamental, resolvi fazer minha primeira dieta, por me sentir mal em relação ao quanto eu sofria de bullying na escola e na rua. Os apelidos eram muitos, todos preconceituosos, e martelavam na minha cabeça assim como tantos outros momentos de preconceito que me aconteceram.
Certa vez, um menino pegou um pedaço de melancia do lixo e jogou no meu rosto. Ele saiu correndo, rindo, na certeza da impunidade de que nada aconteceria com ele, pois eu não tinha fôlego para correr e alcançá-lo, para me defender —e não houve ninguém que me defendesse daquela agressão.
Foram situações assim que me deram ainda mais forças para emagrecer quando fiz dieta pela primeira vez. Em 2008, consegui chegar a 70 kg. Mas não de forma saudável. Eu odiava fazer exercícios e não tive orientação nutricional, cheguei a passar fome achando que era a coisa correta a ser feita.
Mesmo com a mudança radical do meu corpo, minha mente ainda estava mexida com várias questões. As pessoas são muito malvadas. Enquanto eu trabalhava a minha mente em relação a minha sexualidade e ao meu corpo, elas continuavam a caçoar de mim, julgando meu corpo, meu jeito 'afeminado' e até mesmo a minha fala. Foi aí que tudo desabou novamente.
Entrando no ensino médio, comecei a engordar e no 2º ano, aos 17 anos, já estava com mais de 130 kg. Mais uma vez me vi na mesma posição de anos atrás. Julgamentos, apelidos, bullying e tudo mais...
Mais uma vez a história se repetiu. Com 18 anos resolvi emagrecer e entrei em uma dieta rigorosa. Sem fazer nenhum tipo de exercício e passando fome, novamente coloquei minha saúde em risco só para agradar a sociedade e me livrar de julgamentos sobre meu peso e aparência.
Em 2014, já tinha eliminado 76 kg e, pesando 54 kg, cheguei a ficar totalmente desnutrido. Mas não consegui manter o peso por muito tempo e comecei novamente a comer em excesso por causa dos meus sentimentos. Tantas coisas estavam acontecendo e eu tinha uma vontade insaciável de me alimentar. Comecei a comer mais e mais. Estava psicologicamente descontrolado e tudo foi saindo do controle. E mais uma vez a culpa martelava na minha cabeça. Eu pensava: 'tudo isso é culpa minha'.
Sou muito próximo da minha mãe e me doía demais não falar tudo o que eu sentia para ela. Não queria aceitar minha sexualidade, não queria acreditar que o fato de ser molestado quando criança não foi por minha culpa e aí comecei a comer descontroladamente sem pensar nas consequências, tudo era motivo de descontar na comida.
Na comida eu encontrei o conforto. A comida não me julgava. Ela sempre me deu uma sensação boa e momentos felizes na vida. A comida sempre esteve presente e com fartura, era só abrir a boca e comer, sem julgamentos, sem culpas só eu e ela
Em 2019, cheguei ao meu limite, com 170 kg. Não achava roupa para comprar em lugar algum. Não conseguia mais passar na catraca do ônibus e os dois assentos tinham que virar um só para eu poder sentar. Não andava por longos períodos sem ficar ofegante e ainda sim as pessoas não hesitavam em julgar ou falar palavras que machucam. Já cheguei a ouvir que nunca iria encontrar alguém que me amasse de verdade por conta do meu peso e isso me abalou demais.
Eu me cansei de tudo e, em novembro de 2019, resolvi fazer uma cirurgia bariátrica. Dei início às consultas com uma nutricionista especializada em dietas para a realização do procedimento médico. Teria que perder muito peso para fazer essa cirurgia, então ela passou uma dieta regrada logo de início.
Realizei uma bateria de exames e me consultei com a endocrinologista e a psicóloga. Foi aí que descobri que tenho muitos pensamentos compulsivos e depressivos, que guardava tudo para mim e me culpava por várias situações; não colocava para fora os sentimentos que me levavam a descontar na comida.
Comecei a trabalhar nisso e, em vez de guardar, passei a falar. Então, coloquei tudo para fora, o que foi libertador! Eu me desprendi de coisas que não me faziam bem.
Porém, após receber os resultados de um exame eu me vi sem chão mais uma vez. Meu fígado estava coberto por gordura, tinha esteatose hepática no pior nível e teria que fazer um transplante caso não mudasse urgentemente minha situação. Foquei na dieta com gás total, determinado a reverter toda aquela situação.
Dessa vez estava disposto a mudar da forma certa. Comecei a fazer academia em dezembro de 2019, segui a dieta acompanhado da nutricionista, superdeterminado a fazer a cirurgia bariátrica. O que não estava esperando é que o coronavírus fosse mudar todos os meus planos para 2020. Com a pandemia, cirurgias foram canceladas, academias fecharam e a rotina mudou...
Mas não deixei que isso me abalasse. Eu estava determinado, de bem com minha saúde mental e queria deixar o meu corpo saudável da mesma forma. Sem academia, comecei a fazer exercícios em casa.
Sempre odiei treinar, então resolvi começar com coisas que eu gosto muito, por exemplo, dançar. E daí fui incorporando com mais coisas que gosto, aulas de Jump, Aerohit... Colocava vídeos no Youtube e seguia as instruções do professor.
Na alimentação eu mudei muitas coisas, mesmo! Parei de vez com a fritura, optando por assados feitos na Airfryer, sem nenhum tipo de óleo. Odiava demais comer verduras cruas, então comecei aos poucos colocando vegetais na minha alimentação --em vez de só pôr as cruas, eu misturava com verduras cozidas no vapor e as temperava muito bem.
Parei de comer alimentos que acho desnecessário, como o arroz e o macarrão, que podem ser facilmente substituídos por várias verduras cozidas.
Alimentos que era acostumado a comer, como pipoca, doces e sanduíches, fiz a substituição por opções mais saudáveis, como a crepioca; chips de batata-doce, macaxeira ou flocos de arroz temperados. Os doces, troquei por barras de proteína, chocolates 70% ou geleias de frutas, mas sempre controlando a quantidade. Quando dava vontade de tomar refrigerante, optava pela versão zero, mas sabendo que não é saudável tomar sempre.
Uma coisa que me ajudou muito foi contar as quantidades de calorias diárias que a podia consumir —calculadas pela nutricionista.
Em maio de 2020, a nutricionista me parabenizou pelos resultados: em média, eu estava perdendo 15 kg por mês. Então, me caiu a ficha de que não precisaria optar pela cirurgia bariátrica. Meu maior medo era o efeito colateral que ela poderia causar e ficar refém de tantos remédios.
Segui focado e em dezembro de 2020 já tinha perdido 91 kg. Cheguei a 79 kg e realizei minha primeira cirurgia de reparação de pele. Com muito esforço e dedicação, não me vi desistindo em nenhum momento, consegui vencer todos os obstáculos. Peguei tudo o que me aconteceu em 23 anos e usei para me dar ainda mais forças para continuar.
Hoje, vejo que tudo valeu a pena, meu fígado está saudável, tenho fôlego de sobra, minha autoestima está como nunca esteve e o mais importante, a qualidade de vida é totalmente outra. Coloquei em primeiro lugar minha saúde e nunca mais me importar com coisas que ficaram no passado!
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