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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Transtorno neurológico raro, blefaroespasmo é mais comum entre mulheres

De difícil identificação, quadro pode ser confundido com problemas oftalmológicos que afetam a córnea - iStock
De difícil identificação, quadro pode ser confundido com problemas oftalmológicos que afetam a córnea Imagem: iStock

Simone Lemos

Jornal da USP

01/05/2021 16h14

O blefaroespasmo é um transtorno de causa neurológica que costuma surgir após os 40 anos e afeta até duas pessoas a cada 100 mil, principalmente as mulheres. É uma contração involuntária das pálpebras que pode deixar a vista mais irritada, ressecada e até prejudicar a produção lacrimal.

Segundo o doutor Egberto Reis, neurologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, "este é considerado um transtorno neurológico não genético, do grupo das distonias idiopáticas, sem causa definida, em que há uma desorganização de circuitos motores que controlam os movimentos. Raramente pode estar associado ao uso de medicamentos do grupo dos antipsicóticos utilizados no tratamento de doenças psiquiátricas".

Sua identificação não é fácil, já que pode ser confundido com problemas oftalmológicos que afetam a córnea. "O diagnóstico do blefaroespasmo é essencialmente clínico. Geralmente não se recorre a exames complementares, mas uma eletromiografia dos músculos das pálpebras pode documentar a presença das contrações involuntárias."

O portador desse transtorno poderá ter dificuldade para realizar atividades diárias que dependem da visão, como ler, assistir à televisão e dirigir. Reis explica que "eventualmente, os movimentos involuntários podem estender-se para músculos adjacentes, a asa do nariz, os lábios e a mandíbula".

Não há cura para o blefaroespasmo, mas há alternativas de tratamento, como o uso de injeções de toxina botulínica, pois isso permite o relaxamento dos músculos palpebrais, minimizando em 80% o mal-estar, mas sua duração é de três meses, sendo necessária uma reaplicação que pode ocorrer por toda a vida. Nos casos mais raros, em que a resposta à toxina não surte efeito, pode ser feita uma ressecção cirúrgica parcial dos músculos palpebrais.

A entrevista do especialista à Rádio USP pode ser ouvida na íntegra clicando aqui.