Comer a placenta, como Fernanda Lima, não tem benefícios comprovados
Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert comeram a placenta no ato do nascimento da filha caçula e mostraram o momento em um vídeo que foi exibido no programa "Bem Juntinhos", no GNT.
A menina nasceu em outubro de 2019, mas as imagens só foram divulgadas agora. No vídeo, a profissional de saúde entrega a placenta para eles comerem e brinca, dizendo que é "para chocar a sociedade", no que a apresentadora ironiza: "Pausa e drama".
Embora incomum no Brasil, o ato de ingerir a placenta é chamado de placentofagia e acredita-se, em algumas crenças populares, que comer o órgão pode ajudar a prevenir a mãe de sofrer com depressão pós-parto ou dor, por exemplo.
Entretanto, não há nenhuma comprovação científica a respeito. Cozida, em cápsulas ou in natura, um estudo feito na Faculdade de Medicina de Northwestern, nos Estados Unidos, analisou dez pesquisas sobre o tema e disse não ter encontrado evidências de que o consumo de placenta ofereça proteção contra depressão pós-parto, ou que reduza dores, dê mais energia, ajude na amamentação, promova a elasticidade da pele, auxilie no vínculo entre mãe e bebê, tampouco seja fonte de ferro para a mãe, como muitos acreditavam.
Os especialistas Rodolfo de Carvalho Pacagnella, professor e obstetra da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Igor Padovesi, obstetra da USP (Universidade de São Paulo) e do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) concordam que a prática não deve ser difundida.
"Para a comunidade médica científica, isso é um absurdo, é uma coisa inacreditável comer a placenta. É um modismo sem qualquer respaldo científico absolutamente, podemos dizer que é uma prática cultural, uma espécie de crença", afirma Padovesi.
Nos Estados Unidos, porém, a realidade é outra. "Lá existe uma indústria que prepara essa placenta para fazer cápsulas", comenta indignado Padovesi.
O obstetra da Unicamp ressalta ainda que os seres humanos não têm a menor necessidade de comer placenta para obter qualquer nutriente ou hormônio. "Mas em alguns contextos culturais, isso pode ser aceitável para além da necessidade biológica. Mas na nossa sociedade ocidental essa prática não faz parte da nossa cultura, isso tem vindo à tona recentemente através de algumas discussões que envolvem a humanização do trabalho de parto e a busca por práticas mais 'naturais'", diz Pacagnella.
Cuidado: pode fazer mal
A placenta tem hormônio, proteínas, ferro, ou seja, valores nutricionais, mas segundo Pacagnella, é um tecido humano e também pode trazer riscos à saúde.
"Se comida cru pode trazer alguns problemas, por exemplo, doenças que podem acometer a mulher na gestação como hepatites, toxoplasmose, e outra pessoa comendo pode acabar contraindo esse tipo de doenças", alerta Pacagnella.
"E sem contar que a placenta tem uma quantidade grande de hormônios, que vão atuar de alguma maneira em quem está recebendo isso", completa. Vale frisar que os hormônios naturais produzidos pelo corpo da própria gestante são suficientes para que ela amamente após o parto.
Além disso, em um ambiente hospitalar existe regra para o transporte de órgãos e tecidos. "Muitos hospitais não autorizam a placenta ser retirada e levada porque tem uma legislação que regulamenta o transporte, armazenamento e descarte de tecidos humanos, isso é importante dizer", finaliza o obstetra da Unicamp.
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