Estudo encontra substâncias tóxicas em leite materno de 50 mães nos EUA
Um estudo divulgado nesta quinta-feira (13), pelo periódico Environmental Science and Technology, traz um alerta importante. Os pesquisadores encontraram uma alta quantidade de substâncias tóxicas no leite materno de 50 mães dos Estados Unidos.
Esses produtos químicos são conhecidos como PFAS (per- e polifluoroalquílicas), uma classe de cerca de 9 mil compostos, usados para fazer embalagens, roupas e carpetes à prova d'água, por exemplo. São chamadas de "substâncias químicas eternas" porque não se decompõem naturalmente e se acumulam em humanos, podendo causar problemas de saúde, como cânceres, defeitos de nascença, doenças do fígado e tireóide, entre outros.
Nas 50 amostras, apareceram em um nível quase 2 mil vezes maior do que é considerado seguro na água potável. Por conta disso, o resultado do estudo trouxe preocupações, principalmente em relação à saúde dos recém-nascidos. "Isso mostra que a contaminação do leite materno por PFAS é provavelmente universal nos Estados Unidos. Além disso, esses produtos químicos prejudiciais estão contaminando o que deveria ser o alimento perfeito da natureza", disse Erika Schreder, coautora do estudo, ao jornal The Guardian.
Resultado é preocupante, mas leite materno é essencial
De acordo com Larissa Cassiano, médica ginecologista e obstetra, também colunista de VivaBem, o estudo traz um alerta para que a sociedade como um todo se preocupe com a origem dos produtos que consome. "Muitas dessas substâncias estão em coisas comuns no dia a dia e é difícil mensurar", diz. "O leite materno absorve com grande facilidade as toxinas e precisamos avaliar o que está sendo passado para esse bebê, que vai influenciar a vida adulta. O que estamos fazendo como sociedade para mudar isso?"
Embora seja um resultado preocupante, a obstetra reforça a importância do leite materno para a saúde do recém-nascido. "É essencial dos primeiros seis meses de vida e não é necessário nenhum complemento. O leite materno também passa anticorpos e reduz riscos de quadros alérgicos, diarreia, além de fortalecer o vínculo com a mãe", afirma.
Outros achados do estudo
A pesquisa é a mais recente nos EUA desde 2005 e, conforme os cientistas disseram, mostra que o problema está piorando, pois houve um aumento na geração mais recente de PFAS, enquanto compostos mais antigos que foram eliminados pela indústria ainda estão presentes, e alguns em níveis elevados.
Outro assunto que os cientistas pontuaram é que os recém-nascidos são difíceis de estudar e, por isso, não houve uma análise completa de como as substâncias químicas podem afetá-los.
Entretanto, eles explicaram que estudos com crianças mais velhas e adultos já ligaram os produtos químicos a distúrbios hormonais, sugerindo que as substâncias prejudicam, sim, o sistema imunológico — algo problemático para bebês porque o leite materno fortalece a imunidade.
Segundo os pesquisadores, o resultado também vai contra a alegação da indústria química de que sua nova geração de PFAS, ainda está em uso, não se acumula em humanos. O estudo encontrou mais de 12 tipos de compostos em cerca de metade das amostras e 16 compostos no geral, incluindo vários que estão atualmente em uso.
Por que este estudo é importante?
A pesquisa traz um alerta sobre as substâncias químicas que estão presentes em diversos objetos presentes no dia a dia. Até por isso, os autores recomendam que mulheres grávidas ou já mães evitem os seguintes itens:
- Comidas com embalagens à prova de gordura;
- Protetores de manchas de roupas;
- Roupas impermeáveis com PFAS;
- Produtos de cozinha com teflon ou propriedades antiaderentes semelhantes.
Além disso, os autores do estudo destacam um outro problema, "a onipresença dos compostos que os torna praticamente impossíveis de evitar". Para eles, a melhor solução é "uma proibição virtual de toda a classe química, incluindo aqueles que a indústria afirma que não se acumulam tanto em humanos".
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