Puérpera: saiba o que é, quem se enquadra e como comprovar para vacinação
Os termos "puérperas" e "puerpério" ganharam destaque nesta semana após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomendar a paralisação da vacinação contra a covid-19 de mulheres gestantes e puérperas com o imunizante da AstraZeneca/Fiocruz. E aí muitos ficaram em dúvida: afinal, o que é puérpera
Puérperas são as mulheres que estão passando pelo puerpério, período pós-parto que se inicia logo após a saída da placenta —fato que ocorre quando a mulher dá à luz— e dura de 40 a 45 dias.
A orientação da Anvisa para não usar a vacina da AstraZeneca nesse grupo foi dada após a morte de uma gestante no Rio de Janeiro que recebeu a vacina —o caso ainda está sob investigação.
Devido ao novo alerta, criaram-se algumas dúvidas sobre o que é o puerpério e por qual motivo as mulheres que estão vivendo esta fase fazem parte do grupo prioritário a receber o imunizante. Segundo o Google, a busca por "puérperas o que é" saltou 170%, tornando-se um dos termos mais buscados em meio à vacinação.
Antes de qualquer coisa, é bom destacar que, embora haja a recomendação de que grávidas e puérperas não se vacinem com a vacina da AstraZeneca/Fiocruz, elas podem receber outros imunizantes, como a CoronaVac e a da Pfizer.
Inclusive, os estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará e Rondônia não precisaram parar com as vacinações destes grupos por já aplicarem exclusivamente a Pfizer nelas.
O que são puérperas?
Como já explicamos, são as mulheres que estão no período pós-parto. O puerpério geralmente dura de 40 a 45 dias após o nascimento do bebê, às vezes se estendendo até dois meses (60 dias).
Carla Betarelli, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Pro Matre (SP), explica que essas até oito semanas abrangem o momento em que o corpo da mulher demora para voltar às suas condições pré-gestacionais —exceto as mamas, devido à amamentação.
A médica explica ainda que também existe o puerpério remoto, que termina após a chegada da menstruação após a primeira ovulação. O puerpério remoto difere para cada mulher, pois algumas podem menstruar um ano depois do parto ou mais, devido à amamentação.
Por que as puérperas fazem parte do grupo prioritário de vacinação?
Lilian Fiorelli, uroginecologista do Hospital Israelita Albert Eistein (SP), informa que tanto as mulheres grávidas quanto as puérperas vivem um momento de altas doses hormonais no corpo, que podem aumentar o risco de trombose.
"O simples fato de estar grávida ou estar no puerpério já deixa a mulher com uma dose hormonal muito alta, o que aumenta risco de trombose, se ela já tem algum outro risco. Então, se for uma mulher que tem trombofilia, pegar a covid aumenta ainda mais a chance de trombose, por isso ela entra no grupo prioritário", diz.
Além do risco de trombose, Betarelli destaca ainda que, durante o puerpério, as mulheres estão com a imunidade mais baixa, outro fator que aumenta o risco.
Como comprovar que é uma puérpera?
Embora haja a recomendação da Anvisa sobre a paralisação da vacinação com o imunizante da AstraZeneca/Fiocruz em grávidas e puérperas, elas ainda podem usar outros imunizantes, como CoronaVac e a Pfizer.
Para isso, elas precisam de uma recomendação médica com a data do parto ou algum outro documento que comprove que ela está no puerpério para receber a imunização.
"Pode ser levada uma carta do médico com a data do parto e, se precisar, a certidão de nascimento do bebê pode ser um documento comprobatório", esclarece Betarelli.
Lactantes podem se vacinar?
As duas especialistas explicam que mulheres lactantes —ou seja, que estão amamentando— em fase de puerpério podem ser vacinadas, mas passado o período de 45 dias, não há nada que comprove que elas devam ser incluídas na agenda de vacinação.
Caso essas lactantes tenham alguma comorbidade, elas devem procurar os seus médicos para conseguirem um laudo que comprove que ela deve receber a vacina.
Afinal, puérperas devem tomar vacina?
A morte da gestante no Rio de Janeiro que recebeu a vacina da AstraZeneca/Fiocruz levantou dúvidas sobre se as grávidas e puérperas devem tomar outros imunizantes. Ambas as ginecologistas explicam que tanto a covid-19 quanto as vacinas são novas no âmbito científico, por isso a Anvisa optou por frear a vacinação com a vacina da AstraZeneca até que se prove que a morte da gestante não está relacionada ao imunizante.
"A AstraZeneca foi recomendada que não se aplique em gestantes e puérperas por conta do risco, mas o risco delas terem a trombose ainda é maior do que qualquer risco de receber o imunizante. Como os estudos sobre a doença e as vacinas ainda são recentes e restritos, eles optaram por frear o uso da AstraZeneca/Fiocruz, mas é importante frisar que o risco da covid, na atual pandemia, é superior a qualquer risco da vacina", diz Betarelli.
"Com o aval de seus médicos e assim que forem acertados nos calendários de vacinação de cada cidade, as grávidas devem prosseguir com a vacinação da CoronaVac ou da Pfizer" Carla Betarelli, ginecologista e obstetra do Hospital Pro Matre
Por fim, Lilian Fiorelli reforça a importância dos cuidados de higiene para diminuir a propagação do vírus. "Toda a precaução é pouca, por isso o isolamento social é a melhor conduta no momento até para as pessoas que estão vacinadas", diz Lilian Fiorelli.
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