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Picciani morre de câncer na bexiga; ser homem e fumar aumentam risco

FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

14/05/2021 11h51

O ex-presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) Jorge Picciani (MDB-RJ) morreu na madrugada de hoje, aos 66 anos. Ele estava internado para tratamento de câncer na bexiga e no peritônio.

O ex-deputado federal Leonardo Picciani (MDB-RJ) disse que o pai estava no hospital desde o dia 8 de abril deste ano e não resistiu às complicações das doenças, contra as quais lutava desde 2010.

Fatores de risco para câncer na bexiga

O tabagismo é o fator de risco mais importante. Estima-se que o hábito de fumar seja responsável por cerca de 50% dos tumores vesicais e fumantes têm de 4 a 7 vezes mais risco de desenvolver essa neoplasia.

Isto ocorre porque, tanto no cigarro quanto em sua fumaça, há mais de 7.000 substâncias químicas e sabemos que pelo menos 70 delas são carcinogênicas, favorecendo o aparecimento de tumores por meio de danos às células e seus genes.

No caso da bexiga, o risco é aumentado pois estes compostos químicos, ao serem inalados, são absorvidos pelo pulmão, caem na corrente sanguínea e serão filtrados pelo rim, que produzirá uma urina "contaminada".

Como a bexiga é um reservatório de urina, estas substâncias passarão horas em contato com a superfície vesical, propiciando o ambiente adequado para causar os danos celulares e o consequente aparecimento de tumores.

Além do cigarro, a idade é um fator significativo. Mais de 70% dos tumores são diagnosticados após os 65 anos e a idade mediana ao diagnóstico é de 73 anos.

Em homens a incidência do câncer de bexiga é de três a quatro vezes maior do que em mulheres. A chance de um homem desenvolver câncer de bexiga ao longo da vida é de aproximadamente 1 em 25-30 e da mulher é de 1 em praticamente 90.

Outro ponto é a raça: brancos têm aproximadamente duas vezes mais risco de desenvolverem o problema do que negros.

O principal sinal relacionado aos tumores de bexiga é a presença de sangue visível na urina. Entretanto, a doença também pode causar alteração do padrão urinário, provocando sintomas chamados de armazenamento, ou irritativos, que são o aumento da frequência com que o indivíduo urina, tanto de dia quanto de noite, a necessidade de urinar com urgência, além de dor/queimação ao urinar.

Num cenário de doença mais avançada, o paciente pode apresentar dor nas costas e emagrecimento.

Câncer no peritônio pode ser metástase

"O peritônio é uma membrana que recobre os órgãos da cavidade abdominal e pode ser sítio de tumores primários ou metastáticos, que são células malignas de outros órgãos que se instalam e crescem no peritônio", explica João Siufi Neto, cirurgião oncológico nos Hospitais São Luiz Itaim, BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e na Clínica Medicina da Mulher.

Tumores primários no peritônio, chamado de mesotelioma, que realmente nascem nesse órgão, são raros, e acometem em torno de 5 pacientes a cada 100 mil habitantes.

É bem mais frequente que ele seja secundário, isto é, que atinja primeiro outros órgãos como estômago, intestino, pâncreas, cólon, ovário e depois se dissemine para a cavidade abdominal, aí chamado de carcinomatose peritoneal.

Os tumores que nasceram no peritônio, geralmente, têm uma chance de cura muito maior. "Agora, quando a doença no peritônio é fruto de uma metástase com a disseminação de outro tumor, a situação é diferente. Mas, mesmo sendo um tumor raro e fruto de uma metástase, existe a perspectiva de cura em casos selecionados", afirma Ricardo Carvalho, oncologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, e ele ainda ressalta que não é possível definir a duração do tratamento.

*Com informações de reportagens publicadas em 05/05/2021 e 18/09/2020.