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Estudo levanta fatores de risco não genéticos ligados ao câncer colorretal

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Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

20/05/2021 16h09

Um estudo americano publicado hoje (20) no periódico JNCI Cancer Spectrum indica que vários fatores não genéticos —incluindo maior ingestão de carne vermelha, baixa escolaridade e uso excessivo de álcool— estão associados a um aumento de câncer colorretal em pessoas com menos 50 anos.

Nos Estados Unidos, aproximadamente 1 em cada 10 diagnósticos de câncer colorretal ocorre em pessoas com menos de 50 anos. Esses cânceres de início precoce tendem a apresentar maior grau patológico e maior risco de recorrência e doença metastática, isto é, se espalhar para outros órgãos.

Os pesquisadores observaram o aumento, especialmente entre as pessoas nascidas desde 1960, em estudos realizados nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão.

Durante o mesmo período, ocorreram mudanças nas dietas das pessoas mais jovens, com a diminuição no consumo de frutas, e vegetais, fora batata. Por outro lado, houve aumento do consumo de alimentos processados como salsichas, pizza, hambúrgueres, macarrão, queijo e refrigerantes.

Já pesquisas anteriores também demonstraram outros fatores de risco potenciais para câncer colorretal de início precoce, incluindo maior consumo de carne processada, consumo reduzido de vegetais e frutas cítricas, maior índice de massa corporal, sedentarismo, alcoolismo, tabagismo e diabetes.

O câncer colorretal é um tumor maligno que se desenvolve no intestino grosso, isto é, no cólon ou em sua porção final, o reto. A principal forma de prevenção do câncer colorretal é o seu rastreamento por exames como colonoscopias.

Segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer colorretal é o terceiro mais frequente entre os homens, logo depois do câncer de próstata e de pulmão, e o segundo mais incidente nas mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama.

Esse tipo de câncer atinge homens e mulheres de forma semelhante, com incidência discretamente maior na população masculina. É predominante na faixa etária adulta, principalmente a partir da quinta década de vida, sendo raro em crianças. Silencioso, o câncer colorretal causa sintomas, em geral, apenas em estágios mais avançados.

Como foi feito o estudo?

  • Usando dados agrupados de 13 estudos de base populacional, os pesquisadores estudaram 3.767 casos de câncer colorretal e 4.049 controles em pessoas com menos de 50 anos; e 23.437 casos de câncer colorretal e 35.311 controles em pessoas com 50 anos ou mais;
  • Os casos foram confirmados por prontuário médico, laudo de patologia ou atestado de óbito;
  • O recrutamento de participantes em todos os estudos ocorreu entre a década de 1990 e o início de 2010. As análises foram restritas a participantes de descendência europeia geneticamente definida;
  • Para chegar ao resultado, os especialistas avaliaram 16 fatores de risco como idade, gênero, nível de escolaridade, histórico familiar, IMC, consumo total de energia, alimentação, entre outros; Os pacientes com câncer tardio também foram avaliados;
  • A idade de referência para os mais jovens foram 45 e 44,7 anos, respectivamente.

Quais foram as conclusões?

O câncer colorretal de início precoce foi associado a maior ingestão de carne vermelha, menor ingestão de fibra alimentar e cálcio, baixo nível de escolaridade, uso excessivo de álcool e até abstinência dele.

Os pesquisadores também descobriram que a menor ingestão total de fibras estava mais fortemente ligada ao câncer retal do que ao câncer de cólon. No entanto, nem o IMC nem o tabagismo foram fatores de risco no grupo de início precoce, em contraste com o grupo de início tardio.

"Este primeiro estudo em grande escala de fatores de risco não genéticos para o câncer colorretal de início precoce está fornecendo a base inicial para a identificação direcionada daqueles que correm maior risco, o que é fundamental para mitigar o fardo crescente desta doença", disse Richard Hayes, pesquisador sênior do estudo.

Por que esse estudo é importante?

Mais estudos em grande escala precisam ser feitos para comparar a magnitude desses riscos com os do câncer colorretal de início tardio e avaliar se os riscos para o câncer colorretal de início precoce se correlacionam com tipos específicos de câncer colorretal.

Segundo os pesquisadores, o aumento do câncer colorretal de início precoce costuma ter um resultado pior do que aqueles diagnosticados em pessoas mais velhas. Por isso há recomendações de que o rastreamento do câncer colorretal comece mais cedo e que esses casos sejam mais bem estudados.