Estudo levanta fatores de risco não genéticos ligados ao câncer colorretal
Um estudo americano publicado hoje (20) no periódico JNCI Cancer Spectrum indica que vários fatores não genéticos —incluindo maior ingestão de carne vermelha, baixa escolaridade e uso excessivo de álcool— estão associados a um aumento de câncer colorretal em pessoas com menos 50 anos.
Nos Estados Unidos, aproximadamente 1 em cada 10 diagnósticos de câncer colorretal ocorre em pessoas com menos de 50 anos. Esses cânceres de início precoce tendem a apresentar maior grau patológico e maior risco de recorrência e doença metastática, isto é, se espalhar para outros órgãos.
Os pesquisadores observaram o aumento, especialmente entre as pessoas nascidas desde 1960, em estudos realizados nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão.
Durante o mesmo período, ocorreram mudanças nas dietas das pessoas mais jovens, com a diminuição no consumo de frutas, e vegetais, fora batata. Por outro lado, houve aumento do consumo de alimentos processados como salsichas, pizza, hambúrgueres, macarrão, queijo e refrigerantes.
Já pesquisas anteriores também demonstraram outros fatores de risco potenciais para câncer colorretal de início precoce, incluindo maior consumo de carne processada, consumo reduzido de vegetais e frutas cítricas, maior índice de massa corporal, sedentarismo, alcoolismo, tabagismo e diabetes.
O câncer colorretal é um tumor maligno que se desenvolve no intestino grosso, isto é, no cólon ou em sua porção final, o reto. A principal forma de prevenção do câncer colorretal é o seu rastreamento por exames como colonoscopias.
Segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer colorretal é o terceiro mais frequente entre os homens, logo depois do câncer de próstata e de pulmão, e o segundo mais incidente nas mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama.
Esse tipo de câncer atinge homens e mulheres de forma semelhante, com incidência discretamente maior na população masculina. É predominante na faixa etária adulta, principalmente a partir da quinta década de vida, sendo raro em crianças. Silencioso, o câncer colorretal causa sintomas, em geral, apenas em estágios mais avançados.
Como foi feito o estudo?
- Usando dados agrupados de 13 estudos de base populacional, os pesquisadores estudaram 3.767 casos de câncer colorretal e 4.049 controles em pessoas com menos de 50 anos; e 23.437 casos de câncer colorretal e 35.311 controles em pessoas com 50 anos ou mais;
- Os casos foram confirmados por prontuário médico, laudo de patologia ou atestado de óbito;
- O recrutamento de participantes em todos os estudos ocorreu entre a década de 1990 e o início de 2010. As análises foram restritas a participantes de descendência europeia geneticamente definida;
- Para chegar ao resultado, os especialistas avaliaram 16 fatores de risco como idade, gênero, nível de escolaridade, histórico familiar, IMC, consumo total de energia, alimentação, entre outros; Os pacientes com câncer tardio também foram avaliados;
- A idade de referência para os mais jovens foram 45 e 44,7 anos, respectivamente.
Quais foram as conclusões?
O câncer colorretal de início precoce foi associado a maior ingestão de carne vermelha, menor ingestão de fibra alimentar e cálcio, baixo nível de escolaridade, uso excessivo de álcool e até abstinência dele.
Os pesquisadores também descobriram que a menor ingestão total de fibras estava mais fortemente ligada ao câncer retal do que ao câncer de cólon. No entanto, nem o IMC nem o tabagismo foram fatores de risco no grupo de início precoce, em contraste com o grupo de início tardio.
"Este primeiro estudo em grande escala de fatores de risco não genéticos para o câncer colorretal de início precoce está fornecendo a base inicial para a identificação direcionada daqueles que correm maior risco, o que é fundamental para mitigar o fardo crescente desta doença", disse Richard Hayes, pesquisador sênior do estudo.
Por que esse estudo é importante?
Mais estudos em grande escala precisam ser feitos para comparar a magnitude desses riscos com os do câncer colorretal de início tardio e avaliar se os riscos para o câncer colorretal de início precoce se correlacionam com tipos específicos de câncer colorretal.
Segundo os pesquisadores, o aumento do câncer colorretal de início precoce costuma ter um resultado pior do que aqueles diagnosticados em pessoas mais velhas. Por isso há recomendações de que o rastreamento do câncer colorretal comece mais cedo e que esses casos sejam mais bem estudados.
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