Estudo mostra mudança de hábitos de sono entre adolescentes na pandemia
Um estudo brasileiro publicado em março no Journal of Clinical Sleep Medicine demonstrou como os hábitos de sono de adolescentes sofrem mudanças durante a pandemia de covid-19. Ele ajudar a entender os impactos na saúde física e emocional dos jovens durante o período de isolamento social.
Adolescentes têm maior necessidade de sono em comparação aos adultos, além da ocorrência de um atraso natural do horário de início do sono. Durante a pandemia, os adolescentes puderam flexibilizar a programação de aulas e adaptar a grade às preferências de sono.
Além disso, em algumas instituições, as aulas online começam mais tarde do que as aulas presenciais habituais, além de não haver o tempo gasto no deslocamento. Tudo isso poderia ter um impacto benéfico na aprendizagem. No entanto, a pressão do confinamento, o medo do contágio e a ausência de contato presencial com amigos e parentes impactaram significativamente os adolescentes.
Preocupações como essas, somadas às mudanças no sistema das aulas e à maior exposição às telas de smartphones e notebooks acabaram por motivar uma mudança nos horários de sono sem, com isso, melhorar a qualidade dele.
"Nossa hipótese era de que a pandemia de covid-19 tivesse induzido um turno noturno do ritmo diário entre os adolescentes e que isso afetou negativamente a qualidade do sono —e de vida— de estudantes do ensino médio, o que se mostrou verdadeiro. A duração e a qualidade do sono melhoraram apenas entre os alunos que já tinham menor duração do sono antes da pandemia", ressalta Pedro Genta, pneumologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, pesquisador do Laboratório do Sono no InCor (Instituto do Coração) do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e um dos autores da pesquisa.
Como o estudo foi feito
Os 94 alunos participantes do estudo foram questionados sobre horários habituais de dormir e acordar e responderam a questionários como o Pittsburg Sleep Quality Questionnaire (PSQI), à Escala de Sonolência de Epworth (ESS), ao Morning-Eveningness Questionnaire (MEQ) e ao World Health Organization Quality of Life Questionnarie (WHOQOL) antes e durante a pandemia.
Após a comparação das duas fases do estudo, demonstrou-se que os alunos atrasaram em 1,5 hora os horários de dormir e em até 2 horas para acordar, em média.
Houve também a alteração do cronotipo, ou seja, a predisposição natural de cada pessoa de sentir energia ou cansaço de acordo com o período do dia, que migrou para o anoitecer durante a pandemia.
A piora dos domínios físico e psicológico e a melhora do domínio ambiental evidenciam as experiências conflitantes que os alunos do ensino médio estão enfrentando durante a pandemia, o que é preocupante, mas compreensível.
"Durante o sono o sistema nervoso prepara o cérebro e o corpo para o dia seguinte, consolidando o que foi aprendido ao longo do dia. Esses dados poderão ajudar a entender melhor os impactos físicos e psicológicos nos jovens e, com isso, buscar soluções para ajudá-los a passar por esse momento", conclui Genta.
Higiene do sono
Não existe uma fórmula mágica para regular o sono, na verdade, os especialistas indicam uma solução simples: adotar hábitos saudáveis.
E os melhores conselhos são aqueles que nossas avós já nos davam:
- ter um horário regular para dormir
- não ir para a cama tarde
- fazer exercício físico
- ter uma alimentação saudável
- não ficar com aparelhos luminosos na cama
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