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Rafael Cardoso tem miocardiopatia hipertrófica; doença pode ser fatal

Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

03/06/2021 20h04Atualizada em 04/06/2021 10h37

O ator Rafael Cardoso, 35, passou por uma cirurgia nesta quinta-feira (3) para implantar um desfibrilador cardíaco. No Instagram, ele explicou que tem miocardiopatia hipertrófica congênita, com a qual convivia sem problemas, até o mês passado.

"No último mês descobri que essa condição levou a uma fibrose no músculo cardíaco que me põe no grupo de risco de morte súbita. É isso que o desfibrilador evita. A cirurgia foi rápida, estou me sentindo muito bem e amanhã mesmo já volto para casa", disse.

O que é miocardiopatia hipertrófica congênita?

Essa é uma doença cardíaca que atinge o septo, que fica localizado numa região do músculo que divide o coração em diferentes cavidades, por onde passam terminações elétricas, responsáveis pelo controle do ritmo cardíaco.

"Hipertrófica quer dizer que existe um espessamento do músculo cardíaco, responsável por aquela divisão em cavidades. Então essa região que a gente chama de septal ou septo tem uma tendência genética de crescer e ficar bem musculosa, por isso hipertrófica", esclarece Edmo Atique Gabriel, cardiologista e colunista de VivaBem.

O especialista explica que esse crescimento afeta as fibras musculares que passam exatamente nessa região do septo e faz com que a pessoa tenha risco de arritmias cardíacas muito graves, inclusive de morte súbita.

A miocardiopatia hipertrófica pode ser congênita, isto é, nasce com a pessoa, geralmente por fatores genéticos ou relacionados com a própria gestação, que causam algum tipo de má formação no órgão. A doença tende a se manifestar entre os 20 e 40 anos de idade, e pode ser diagnosticada com exames de rotina, como o ecocardiograma.

De acordo com Gabriel, esportes ou atividades físicas, sobretudo as aeróbicas, podem ser um gatilho para o problema.

Entre os sintomas mais comuns estão:

  • Palpitação, coração constantemente acelerado;
  • Sensação de batimento cardíaco desorganizado;
  • Tontura;
  • Visão turva;
  • Cansaço excessivo;
  • Desconforto no peito.

Se você está com esses sintomas, não deixe de procurar um médico.

Hábitos ruins aumentam riscos

Embora incomum, essa doença também pode ser adquirida ao longo da vida, quando não há fatores genéticos relacionados. O uso inadequado de anabolizantes (hormônios) e o descontrole da pressão arterial podem estimular o surgimento da doença.

"Eu já vi pessoas que desenvolveram esse tipo de hipertrofia porque tinham uma alimentação predominante de proteínas e ainda tomaram suplementos proteicos durante muito tempo, e a doença foi um efeito colateral. Nada é isento de risco", comenta Gabriel.

Tratamento

Há duas maneiras: a mais convencional é uma cirurgia complexa no septo do coração para tentar diminuir a hipertrofia. No entanto, há riscos no pós-operatório, como arritmias e insuficiência cardíaca.

Feita essa cirurgia, o paciente precisa ficar internado, no mínimo, entre sete a dez dias. A recuperação completa demora três meses.

A outra opção, que também é cirúrgica, porém, menos invasiva, é o implante de um tipo de marcapasso, que fica com uma parte encaixada no coração e a outra embaixo da pele. Esse aparelho regula o batimento cardíaco.

"No caso dessa doença específica, você tem que usar um desfibrilador, que é um marcapasso, só que mais sofisticado. Ele tem uma função complementar que consegue perceber que o coração está entrando em arritmias mais graves, e evita que elas se transformem numa parada cardíaca", explica o médico, complementando que trata-se de um aparelho caro.

No entanto, o paciente demora no máximo dois dias para voltar para casa, e 15 dias de repouso é o suficiente para a recuperação. Por outro lado, o desfibrilador funciona a base de uma bateria que, normalmente, precisa ser trocada, em média, entre oito e dez anos.

Além disso, visitas periódicas ao cardiologista são essenciais para confirmar o bom funcionamento do aparelho. O paciente também precisa ser mais cauteloso, e tomar cuidado para não machucar ou agredir a região.

"Esse aparelho é a única possibilidade de salvar alguém com essa doença de um risco de morte súbita fazendo esporte", conclui o cardiologista.