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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Myrian Rios fala sobre a sua surdez; tratamento precoce é essencial

Divulgação
Imagem: Divulgação

Do VivaBem, em São Paulo

05/06/2021 15h30

A atriz Myrian Rios, 62, anunciou recentemente que está surda. Em conversa com o UOL, via WhatsApp, ela agradeceu o carinho que vem recebendo de pessoas que se identificaram com seu caso e aproveitaram para contar suas experiências.

Embora esteja passando por um momento difícil, Myrian se mantém otimista. "Sou muito objetiva. Estou surda e não escuto. Agora o médico falou que vamos fazer uma cirurgia. Eu estou muito feliz que meu filho está comigo, me ajudando, me dando uma força. Não estou preocupada com nada, minha única preocupação genuína é de não pecar porque quero ir para o céu", disse.

Em 2019, um estudo feito em conjunto pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda mostrou a existência, no Brasil, de 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva. Desse total, 2,3 milhões têm deficiência severa.

Entre as pessoas com deficiência auditiva, 9% nasceram com essa condição e 91% a adquiriram ao longo da vida, sendo que a metade foi antes dos 50 anos e, entre os que apresentam deficiência auditiva severa, 15% já nasceram surdos. Do total pesquisado, 87% não usam aparelhos auditivos.

Já o primeiro Relatório Mundial sobre Audição, lançado no mês de março de 2021, pela OMS (Organização Mundial da Saúde), estima que cerca de 2,5 bilhões de pessoas, terá algum grau de perda auditiva em 2050.

O estudo destaca, entretanto, que cerca de 60% das perdas podem ser evitados com investimentos em prevenção e tratamento de doenças ligadas à surdez.

Problema pode se agravar na velhice

Marcos Sarvat, membro da Câmara Técnica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Conselho Federal de Medicina ressalta que o problema da perda de audição é agravado pelo envelhecimento, já que, após os 60 ou 70 anos, a perda auditiva é natural.

"O simples envelhecimento da população já gera 'epidemia' de deficiência auditiva, o que não quer dizer surdez absoluta, mas perda parcial", destaca o médico, que também é professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Sarvat recomenda que as perdas parciais sejam avaliadas e façam parte dos programas de saúde pública, do nascimento à terceira idade. Avaliações periódicas também são necessárias, porém, no Brasil, ainda estamos longe disso.

"A prevenção por meio de exames periódicos é de difícil acesso; a consulta é de difícil acesso, assim como o acesso ao medicamento ou à cirurgia; e as filas para receber a prótese auditiva na terceira idade são enormes", lamenta.

A fonoaudióloga Marcella Vidal acrescenta que é importante abordar e tratar a perda de audição em tempo hábil, tão logo apareçam os primeiros indícios de dificuldades para ouvir.

"Com isso, evitamos uma série de prejuízos na comunicação, nos relacionamentos, e as pessoas podem continuar aproveitando a vida ao máximo. Para isso, uma das opções de tratamento é o uso de aparelhos auditivos, que proporcionam inúmeros benefícios para o indivíduo".

Audiometria

De acordo com Vidal, é preciso checar a audição periodicamente, fazendo o exame de audiometria uma vez por ano. "Isso é recomendado especialmente para quem tem mais de 50 anos, predisposição genética, dificuldades para ouvir, para quem sofre infecções frequentes na orelha, trabalha em ambientes ruidosos ou ouve som alto por longos períodos", explica a fonoaudióloga.

*Com informações da reportagem da Agência Brasil publicada em 02/03/2021.