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Relatório dos EUA indica que coronavírus pode ter escapado de laboratório

Documento também apontou que 3 cientistas tiveram sintomas similares ao da covid antes do 1º surto em Wuhan - iStock
Documento também apontou que 3 cientistas tiveram sintomas similares ao da covid antes do 1º surto em Wuhan Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

07/06/2021 21h33Atualizada em 07/06/2021 22h40

Um relatório sobre as origens da covid-19 produzido pelo governo dos Estados Unidos concluiu ser "plausível" — e merecedora de uma investigação mais aprofundada — a hipótese de que o coronavírus tenha escapado de um laboratório de Wuhan, na China, segundo publicado pelo The Wall Street Journal com base em fontes com acesso ao documento.

O estudo foi preparado em maio de 2020 pelo Lawrence Livermore National Laboratory, na Califórnia, e desenvolvido pelo Departamento de Estado. O órgão foi responsável por conduzir uma investigação sobre as origens da pandemia durante os últimos meses de mandato do então presidente Donald Trump.

O mesmo relatório também apontou que ao menos três pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan foram internados com sintomas semelhantes aos da covid-19 antes de a doença provocar seu primeiro surto na cidade, ainda de acordo com o jornal americano.

As fontes do WSJ, porém, expressaram opiniões divergentes o conteúdo desse documento. Uma delas afirmou que ainda é "preciso uma investigação adicional" para corroborar os apontamentos, enquanto outra defendeu que "as informações são confiáveis" e falta apenas dizer por que os pesquisadores ficaram doentes.

Antes secreto, o relatório aumenta as discussões sobre um possível escape acidental do coronavírus do laboratório, apesar de uma missão da OMS (Organização Mundial da Saúde) que foi a Wuhan investigar as origens da pandemia ter afirmado que essa hipótese era "improvável".

"Vimos como era e é muito improvável que tenha escapado de lá [Instituto de Virologia de Wuhan]. É extremamente raro que isso aconteça", disse o cientista dinamarquês Peter Ben Embarek, chefe da missão. "Todo o trabalho que foi feito para identificar a origem do coronavírus continua apontando para um reservatório desse vírus ou um vírus semelhante em populações de morcegos."

Os primeiros casos da covid-19 foram registrados em dezembro de 2019, em Wuhan. A partir daí, a covid-19 se espalhou pelo mundo e foi classificada como pandemia em março do ano passado pela OMS.

Biden pediu informações

Joe Biden - Mandel Ngan/AFP - Mandel Ngan/AFP
Imagem: Mandel Ngan/AFP

As informações divulgadas hoje pelo The Wall Street Journal vêm menos de duas semanas depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, pedir que as agências de inteligência do país o informem se a covid-19 surgiu na China de uma fonte animal ou de um acidente de laboratório.

As agências devem "redobrar seus esforços para coletar e analisar as informações que podem nos aproximar de uma conclusão definitiva e apresentar um relatório em 90 dias", disse Biden em comunicado divulgado em 26 de maio pela Casa Branca.

A resposta para a ordem de Biden pode ter enormes implicações tanto para a China, que afirma não ser responsável pela pandemia, quanto para a política dos EUA, onde a teoria do escape acidental foi usada pelos republicanos — incluindo o ex-presidente Trump — para atacar os asiáticos.

Presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes dos EUA, Adam Schiff pediu que a China seja acessível e que "conclusões prematuras ou com motivação política" sejam evitadas. "A obstrução contínua de Pequim de um exame transparente e abrangente dos fatos e dados relevantes sobre a fonte do coronavírus só pode atrasar o trabalho necessário para ajudar o mundo a se preparar melhor antes da próxima pandemia", argumentou.

(Com AFP, EFE e Reuters)