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Mãe espera gêmeos que dividem coração e não podem ser separados

A manicure Arlete do Nascimento Pinheiro, de 22 anos, está grávida de gêmeos unidos do tórax ao abdômen - Reprodução/Arquivo Pessoal
A manicure Arlete do Nascimento Pinheiro, de 22 anos, está grávida de gêmeos unidos do tórax ao abdômen Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal

Nathalia Zôrzo

Colaboração para o UOL, em Brasília

08/06/2021 19h17Atualizada em 08/06/2021 19h17

A manicure Arlete do Nascimento Pinheiro, de 22 anos, se aproxima do sétimo mês de gestação com uma dúvida: a de não saber se seus filhos, gêmeos que estão unidos do tórax ao abdômen, conseguirão sobreviver ao parto.

Os irmãos dividem um só coração, e, para os médicos, nesses casos, o risco de morte é alto. De início, a ginecologista da mulher chegou a falar que seria difícil seguir com a gravidez.

Arlete descobriu a gestação gemelar quando estava com 10 semanas e conta que junto com a alegria de descobrir que esperava dois bebês veio o baque sobre o diagnóstico. "Eu fui do céu ao inferno rapidinho. Eu fiquei até sem saber o que falar para a médica na hora. Eu não deixei nem ela terminar de falar e saí da sala chorando", conta a manicure.

Embora a obstetra tenha dado o prognóstico negativo, afirmando que chance de Arlete conseguir levar a gestação adiante era mínima, hoje a mulher está com 26 semanas de gravidez e não teve complicações até o momento, fora algumas dores na região pélvica.

Passado o choque inicial, a mulher conta que ela e o marido começaram a pesquisar tudo sobre bebês ligados por partes do corpo e estão sendo acompanhados por dois médicos de Cuiabá, onde moram há quase dois anos. Os especialistas dizem que, como os gêmeos dividem o mesmo coração, não será possível fazer uma cirurgia de separação.

O fígado deles também é compartilhado, mas, nesse caso, os médicos não veem problema em uma cirurgia para desconectá-los, já que o órgão tem capacidade de regeneração. No dia do parto, uma equipe médica vai acompanhar a cesárea e avaliar se algum procedimento pode ser feito para melhorar a qualidade de vida dos irmãos.

Mesmo em um cenário tão raro, Arlete diz que tem esperanças para os gêmeos. "Eu tenho uma filha de 3 aninhos e é nela que eu encontro força, porque acho que não é justo eu desmoronar sendo que eu tenho ela aqui. Porém, sei que o único que eu posso fazer é correr atrás das consultas, como estou fazendo, e se eles vierem com saúde, o resto a gente vai continuar correndo atrás", afirma.

Em meio às incertezas, Arlete e o marido ainda não escolheram os nomes para os filhos e dizem que tentam não criar tantas expectativas em torno do nascimento.

Casos de gêmeos ligados por partes do corpo são raros, segundo a literatura médica. Estima-se um caso para cada 200 mil nascimentos.