Vecina: ButanVac tem grande chance de ser aprovada, mas enfrentará desafios
O ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto disse hoje, em participação no UOL News, que a ButanVac tem grandes chances de ser aprovada, mas enfrentará desafios durante a fase de testes.
Ontem, a Anvisa anunciou que deu o aval para o início dos testes clínicos em humanos da vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan. O imunizante promete ser o primeiro do tipo com produção 100% nacional.
É uma boa vacina. Do ponto de vista teórico ela é bem estruturada, uma vacina que caminha pelo tipo vetor viral, ela é um vírus atenuado, de uma doença aviária. Uma vacina que tem grande chance de ser aprovada e de ser muito boa, mas é lógico que, como tudo, precisa fazer os testes
Gonzalo Vecina, ex-presidente da Anvisa
Segundo Gonzalo Vecina, a ButanVac enfrentará dois desafios, que serão comuns a todas as vacinas ainda em desenvolvimento, principalmente quando chegar na fase 3 de testes.
"Começamos a ter dois tipos de problemas. Um problema é que a maioria da população já está chegando à condição de imunizada. Conforme o tempo passa, mais pessoas terão tomado vacinas. Os pacientes [voluntários] que vão receber não podem ter recebido a vacina prévia", disse.
"Uma segunda questão é ética e é muito importante, uma vez que já existem vacinas boas contra um placebo. É eticamente aceitável fazer um teste? Essa pergunta começa a ser feita e acredito que muito rapidamente a resposta vai ser teste de vacina só contra vacina, e não contra placebo, porque é preciso garantir a segurança das pessoas. Provavelmente iremos avançar para isso", completou.
Tecnologia de hospital dos EUA
A vacina ButanVac, anunciada pelo governo de São Paulo e pelo Instituto Butantan como "100% brasileira", usou uma tecnologia do hospital Mount Sinai, de Nova York, nos Estados Unidos, para o vetor viral. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal "Folha de S.Paulo" e confirmada pelo próprio Butantan. O instituto, no entanto, garantiu que o desenvolvimento será feito "integralmente" no Brasil.
A ButanVac usa um vírus inativado que provoca doença em aves, chamado de Newcastle, como vetor. Assim, esse adenovírus —que não tem efeitos no corpo humano— leva a informação da proteína Spike do Sars-CoV-2 para as células fazerem a defesa do organismo. O método de produção será em ovo, sendo a primeira do mundo a usar essa técnica, como é feita com a da gripe.
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