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Em estudo: ButanVac poderá imunizar contra covid, variantes e gripe

Caixa da ButanVac, a vacina contra a covid-19 do Instituto Butantan - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Caixa da ButanVac, a vacina contra a covid-19 do Instituto Butantan Imagem: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

11/06/2021 04h00

O Instituto Butantan estuda associar a ButanVac à vacina da Influenza e outras variantes do coronavírus. Isso faria com que as mesma dose servisse como proteção não só contra a covid-19 e suas mutações, como também para a gripe.

A possibilidade está sendo avaliada em pesquisa preliminar e, caso seja bem-sucedido, poderá integrar as vacinas no ano que vem. A informação foi passada ao UOL pelo secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, e confirmada pelo Butantan.

A ButanVac ainda está em estágio de pré-produção. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o início dos testes clínicos em humanos na última quarta (8) e deverão começar em breve.

A possibilidade da associação entre as duas vacinas se dá pela engenharia de desenvolvimento da nova vacina do Butantan.

A tecnologia da ButanVac usa o vírus de uma doença respiratória aviária (Doença de Newcastle, que não provoca sintomas em humanos) como vetor para levar a proteína Spike do novo coronavírus de forma íntegra, estimulando o organismo a produzir anticorpos contra o causador da covid-19.

O vetor viral usado se desenvolve bem em ovos embrionados, fecundados em granjas especificamente para esse fim — mesma engenharia utilizada na produção da vacina da gripe. O ovo, neste estado, serve como meio de cultura, já que o vetor viral precisa de uma célula viva para se replicar.

O mais interessante é que este modo de produção permite acoplar outros vírus, inclusive aquelas cepas mutantes, podendo ser composto por esses vírus. Ela [a produção] vai tendo a possibilidade de incrementar novas cepas. Inclusive, associar a vacina da própria gripe à vacina do covid. Com isso, você garante a proteção da população."
Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo

Ainda não há muitos detalhes sobre o estudo. O Butantan informa apenas que "existe um estudo muito inicial de uma possível formulação de uma vacina com cepas influenza + cepas da ButanVac, em experimentação laboratorial".

Primeiro fica em São Paulo

A pedido do governo João Doria (PSDB), o Butantan já iniciou a produção da ButanVac no mês passado, mesmo sem iniciar os testes em humanos. Até então, o instituto já produziu e congelou 7 milhões de doses.

A previsão é de 40 milhões até setembro. O governo e o Butantan estão otimistas. Segundo especialistas, se o imunizante seguir a linha das outras vacinas, deverá ser aprovada em cerca de seis meses.

Essas 40 milhões de doses não entram na estimativa feita pelo governo de São Paulo para imunizar toda a população de 18 anos para cima até o meio de outubro e não foram contratadas pelo PNI (Programa Nacional de Imunização.

Por isso, afirma Gorinchteyn, em um primeiro momento, "a ButanVac é totalmente voltada aos brasileiros de São Paulo". Depois de vacinar toda a população adulta do estado, o governo paulista se compromete a repassar o excedente aos estados que eventualmente precisem.