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Cigarro eletrônico é porta de entrada para o tabagismo, diz estudo do INCA

Análise de mais de 20 pesquisas em diferentes países atesta que adeptos do cigarro eletrônico têm mais chances de migrarem para fumo de tabaco - Josie_Desmarais/Istock
Análise de mais de 20 pesquisas em diferentes países atesta que adeptos do cigarro eletrônico têm mais chances de migrarem para fumo de tabaco Imagem: Josie_Desmarais/Istock

Do VivaBem, em São Paulo*

12/06/2021 11h19

O risco de iniciação ao tabagismo é significativamente maior entre usuários de cigarro eletrônico, e a liberação da comercialização desses dispositivos pode representar uma ameaça para as políticas de saúde pública no Brasil.

Essa é a conclusão do estudo "Risco de iniciação ao tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos: revisão sistemática e meta-análise", elaborado por pesquisadores do INCA e publicado na revista Ciência e Saúde Coletiva. A pesquisa fez uma revisão sistemática com meta-análise (síntese estatística) de estudos longitudinais (técnica que permite aos pesquisadores estabelecer uma sequência coerente dos dados) em 25 estudos desenvolvidos em vários países para avaliar a associação entre uso de cigarros eletrônicos e iniciação ao tabagismo.

O trabalho foi detalhado em webinar promovido pelo INCA e pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) hoje, quando se comemora o Dia Mundial sem Tabaco, data oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem na frase "Comprometa-se a parar de fumar" o tema deste ano.

"O estudo mostrou que o uso de cigarros eletrônicos aumentou em quase três vezes e meia o risco de o indivíduo experimentar o cigarro convencional, e em mais de quatro o risco de passar a utilizar, posteriormente, cigarro convencional", explica a coordenadora de Prevenção e Vigilância do Instituto, Liz Almeida.

"Isso aponta que o cigarro eletrônico oferece um grande risco de facilitar a iniciação do cigarro convencional, entre aqueles que nunca fumaram, contribuindo para a desaceleração da queda no número de fumantes no Brasil."

Desde o final da década de 1980, sob a ótica da promoção da saúde, a gestão e governança do controle do tabagismo no Brasil vêm sendo articuladas pelo Ministério da Saúde por meio do INCA, o que inclui um conjunto de ações nacionais que compõem o Programa Nacional de Controle do Tabagismo.

O Programa tem como objetivo reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de derivados de tabaco no Brasil, potencializando ações educativas, de comunicação, de atenção à saúde, junto com o apoio à adoção ou cumprimento de medidas legislativas e econômicas para prevenir a iniciação do tabagismo, principalmente entre crianças, adolescentes e jovens.

Este ano, a OMS listou mais de 100 razões para deixar de fumar. Trata-se de uma maneira de mobilizar, motivar, sensibilizar e encorajar os tabagistas a largarem o tabaco.

As ações motivacionais continuam sendo extremamente importantes: de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (2019), entre os adultos, a prevalência de usuários atuais de produtos de tabaco, fumado ou não fumado, de uso diário ou ocasional, foi de 12,8% (20,4 milhões de pessoas). Segundo a situação do domicílio, a parcela de usuários foi maior na área rural (14,3%) que na urbana (12,6%). Entre as grandes regiões, a prevalência variou de 10,7%, na Região Norte, a 14,7%, na Região Sul.

*Com informações do INCA