Vecina: Brasil precisa melhorar a divulgação da vacinação contra covid-19
O médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Gonzalo Vecina Neto disse hoje, durante o UOL News, que o Brasil não está fazendo uma campanha adequada de divulgação da importância da vacinação contra a covid-19 em todo o território e apontou que a "comunicação é vital" no âmbito da saúde pública.
"O que nós deveríamos estar fazendo é melhorar nossa capacidade convocatória para trazer as pessoas que deveriam estar se vacinando para que elas se vacinassem. Infelizmente, falta comunicação. E, em saúde pública, comunicação é vital."
Vecina disse que o chamamento para a vacinação da população está sendo feito pela imprensa e que a campanha de vacinação, como feito em outros anos no país, não está acontecendo atualmente com a imunização contra a covid-19.
O ex-presidente da Anvisa declarou ainda que a vacinação em massa na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, é um exemplo de "plano de marketing e comunicação" extremamente positivo, que traz notícias boas e motiva a população a ser imunizada. O médico explicou que a ação feita no Rio não pode ser aplicada em outros municípios porque o Governo não realizou a compra de vacinas anteriormente.
"Se tivéssemos mais vacina, nós poderíamos dar muito mais exemplo. (...) Não temos inteligência, não temos governo e, portanto, temos desastre", afirmou Vecina, ao explicar que, além da compra de vacinas, o Brasil poderia ter feito uma logística mais inteligente no envio de doses aos municípios.
O risco da antecipação
O médico sanitarista ainda declarou que a antecipação da vacinação em diversos estados — como a "briga da vacina" entre governadores e prefeitos para ver quem imuniza mais rápido a sua população — pode aparentar ser positiva, no entanto, pode demonstrar um problema maior: a sobra de doses dos grupos que deveriam estar se vacinando, mas não estão o fazendo.
"Se está sobrando vacina e os cálculos foram feitos de maneira adequada o que está acontecendo é que não está sobrando, é que as pessoas não estão indo vacinar, o que me deixa preocupado. Eu deveria ficar muito feliz porque 'ó estamos antecipando', mas, na verdade, não é isso porque não estamos tendo mais vacina. Nós não estamos conseguindo fazer com que as pessoas que deveriam ir vacinar venham se vacinar. Eu não acho que isso seja negacionismo. Eu acho que isso seja falta de capacidade convocatória."
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