Escolha de vacinas contra covid 'cria muito constrangimento', diz Gabbardo
A seleção de marcas de vacina contra covid-19 pela população tem preocupado o governo de São Paulo. Apesar de todos os imunizantes usados no estado terem eficácia comprovada contra a doença, há casos de pessoas que se negaram a tomar CoronaVac ou Oxford/AstraZeneca.
Após a suspensão da vacinação ontem, a capital paulista retomou hoje a campanha para aplicação da primeira dose em pessoas de 49 anos, com a CoronaVac. Pela manhã, o UOL viu pessoas que não chegaram nem a descer do carro após perguntarem qual era a vacina aplicada no local.
O governo reforçou que imunização é um ato coletivo e que os cidadãos devem tomar a vacina disponível no posto. Em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, o coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus, João Gabbardo, lamentou a situação e afirmou que a atitude gera "constrangimento" e "muita dificuldade para todos".
O Ministério da Saúde, através da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], tem um processo bastante qualificado para fazer as autorizações dessas vacinas. E a gente tem convicção de que todas que são aprovadas são vacinas que podem ser utilizadas com segurança. Qualquer recomendação contrária ao uso de alguma dessas vacinas, por determinadas faixas etárias ou determinadas situações clínicas é, obviamente, comunicado e alertado a todos.
João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência
O médico também deu uma cutucada na equipe do Jair Bolsonaro (sem partido), que desde o ano passado tem feito questionamentos públicos quanto à vacina do Butantan."Temos muita preocupação com informações que vêm do próprio Ministério da Saúde, questionando a eficácia de determinadas vacinas", afirmou Gabbardo.
É uma situação que cria muito constrangimento, muita dificuldade para todos. Cria rejeição ao uso de uma determinada vacina. As pessoas precisam ter confiança na vacina que estão utilizando.
João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência
O governador João Doria (PSDB) também fez críticas às "fake news" contra a CoronaVac, feitas, segundo ele, por um "determinado gabinete do ódio".
"São mais de 60 países onde a vacina CoronaVac é apicada. É um absurdo que propagadores de fake news, de mentiras, reproduzam informações equivocadas para confundir a população para criar situações inadequadas de dúvidas", afirmou Doria.
Calendário de vacinação está mantido
Um dia após o apagão de vacinas na capital, Doria reafirmou a promessa de vacinar toda a população adulta do estado —com mais de 18 anos— até o dia 15 de setembro, caso o Ministério da Saúde, por meio do PNI (Programa Nacional de Imunização), cumpra o calendário de distribuição dos imunizantes.
O governador pediu, ainda, que a população se vacine com a segunda dose no mesmo local onde a primeira dose foi aplicada para facilitar o esquema logístico da cidade.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que participou da coletiva ao lado de Doria, disse que a vacinação até o fim da semana está garantida.
Hoje, recebemos 181 mil doses da vacina [CoronaVac], mais 30 mil [AstraZeneca]. Receberemos na quinta-feira [24] 120 mil doses, o que somam 331 mil doses. O que é suficiente, necessário para que façamos a vacinação das pessoas de 49, 48 e 47 anos [na quarta, na quinta e na sexta] e no sábado a repescagem desse público, com o total de 314 mil pessoas.
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo (MDB)
O prefeito afirmou que as datas para novas faixas etárias devem ser divulgadas até sábado (25) —de acordo com a chegada de novas remessas.
Para ele, é "completamente natural" que haja ajustes no plano de imunização. "As adequações são necessárias. Tínhamos, a princípio, que seriam duas idades por dia, e a gente readequou. Isso é feito para o conforto da população", argumentou.
Confira o calendário de vacinação na capital paulista:
- 49 anos: 23 de junho
- 48 anos: 24 de junho
- 47 anos: 25 de junho
- Repescagem para 47 a 49 anos no fim de semana
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