Antecipação do calendário, entregas: Por que faltou dose de vacina em SP?
A cidade de São Paulo retoma hoje a vacinação contra covid-19, depois de um dia de suspensão da campanha, por causa da falta de doses. Nesta quarta-feira (23), devem ser imunizadas as pessoas com 49 anos ou mais. Amanhã (24), será a vez de quem tem mais de 48 anos. A Prefeitura informa que vai divulgar "posteriormente" o calendário para as próximas faixas etárias.
Na segunda-feira (21), os estoques de quase 400 dos 520 postos de vacinação da capital zeraram. A administração municipal diz que recebeu, agora, 181 mil doses de CoronaVac e 30 mil de Oxford/AstraZeneca. Mas essa quantidade é suficiente?
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a falta de doses no começo desta semana foi causada pela alta adesão da faixa etária de 50 a 59 anos —cerca de 90% destas pessoas tomaram a primeira dose. A Fundação Seade estima que 1,4 milhões de moradores da cidade têm essa idade.
De quem é a culpa?
Para a prefeitura, a culpa é do governo paulista, comandado por João Doria (PSDB). A administração municipal diz que avisou o estado no último sábado (19) sobre a falta de doses e, mesmo assim, não recebeu novas remessas a tempo.
Em vídeo enviado à imprensa na segunda, o secretário-executivo da Saúde do estado, Eduardo Ribeiro, ignorou a acusação e culpou o Ministério da Saúde pelo atraso na entregas de vacinas.
Na manhã de ontem, no entanto, o secretário da Saúde do estado, Jean Gorinchteyn, em entrevista à TV Globo, alfinetou a prefeitura, dizendo que sua pasta foi avisada tardiamente. No mesmo dia, o.prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), rebateu e disse que pediu mais vacinas no fim de semana (leia mais abaixo).
Em nota, o governo estadual disse que "dialoga constantemente com os municípios para a execução das estratégias de combate à pandemia, incluindo a campanha de imunização". "A Secretaria de Estado da Saúde atua em sintonia com a prefeitura da capital, enviando doses à medida que o Ministério da Saúde disponibiliza novos imunizantes", afirma o texto.
O Ministério da Saúde, também em nota, se defendeu afirmando que depende da entrega dos fabricantes para distribuir as vacinas pelo país. "Ainda nesta semana, há previsão de mais distribuição a São Paulo da vacina da Pfizer. O quantitativo será definido após reunião entre União, estados e municípios", disse a pasta.
Nos bastidores da prefeitura, as críticas se direcionam à antecipação frequente do calendário de vacinação promovida pelo governo de João Doria.
O governador promete que toda população com mais de 18 anos será vacinada até o fim de setembro. Nas redes sociais, ele já falou em uma "briga do bem" com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), em uma competição por quem vacina toda população adulta primeiro.
Nessa corrida, afirmam fontes ouvidas pela reportagem, faltou considerar o número de vacinas disponíveis para enviar aos municípios, principalmente em meio a faixa etária de 50 a 59 anos.
Quando o apagão começou?
Segundo o prefeito Ricardo Nunes e o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, o governo estadual foi avisado sobre a falta de doses na capital no último sábado. Aparecido afirma que fez nova cobrança no domingo (20).
O UOL apurou que, no fim de semana, UBSs (unidades básicas de saúde) da zona leste já ficaram com estoques zerados. Algumas unidades receberam doses na segunda-feira de manhã, mas não foi suficiente.
Vai faltar vacina de novo?
Para garantir o calendário de vacinação, a prefeitura espera novas remessas do estado que, por sua vez, aguarda a entrega do Ministério da Saúde.
O estado afirma que "a cada nova remessa recebida do Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo programa as grades e distribui com base no público-alvo ainda a ser vacinado, com monitoramento da oferta e da demanda para prosseguimento da campanha".
No seu site, o ministério informou, ontem, que esperava mais um lote de vacinas da Pfizer (com 528 mil doses), que será distribuído pelo país. A expectativa do governo federal é receber mais de 38 milhões de vacinas neste mês.
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