Junho já é o mês com mais doses aplicadas de vacinas contra covid no Brasil
Junho já é o mês com mais doses aplicadas no Brasil de vacinas contra a covid-19. A marca de 25.789.025 milhões de doses foi atingida hoje, após 24 dias.
Até então, o mês em que mais se havia aplicado doses era abril, que registrou quase 24,7 milhões em 30 dias.
O levantamento do UOL usou como base os dados do consórcio de veículos de imprensa, obtidos nas secretarias estaduais da saúde, para monitoramento da pandemia do novo coronavírus.
Doses aplicadas por mês (em números absolutos):
- Janeiro: 2.051.295;
- Fevereiro: 6.458.218;
- Março: 14.201.225;
- Abril: 24.671.817;
- Maio: 20.542.279;
- Junho: 25.789.025 (até dia 24).
Em junho, o Brasil viu o ritmo de vacinação acelerar, após ter tido queda de maio, decorrente de entregas frustradas, problemas de produção e atrasos no recebimento de insumos para a fabricação dos imunizantes.
Após atingir cerca 662,6 mil doses aplicadas por dia em maio, o país chegou a 1.074.543 neste mês, com cálculo feito até 24 de junho.
Em números absolutos, junho também foi o primeiro mês em que mais de 2,2 milhões de doses foram aplicadas em um único dia, marca alcançada em 17 de junho. Segundo o Ministério da Saúde, o país tem capacidade para vacinar 2,4 milhões de pessoas por dia.
Média diária de aplicação de doses:
- Janeiro: 146.521 por dia;
- Fevereiro: 230.651 por dia;
- Março: 458.104 por dia;
- Abril: 822.394 por dia;
- Maio: 662.654 por dia;
- Junho*: 1.074.543 por dia (*dado até 24 de junho)
Hoje, o Brasil se aproximou da marca de 25 milhões de vacinados com duas doses contra a covid-19 com 24.968.144 imunizados. O número equivale a 11,79% da população do país.
Nas últimas 24 horas, 1.260.148 pessoas receberam a primeira dose contra o coronavírus. O total de imunizados nessa fase é de 32,33% da população brasileira, o que representa 68.465.736 de pessoas.
Por que acelerou?
Alguns fatores podem ajudar a explicar como junho conseguiu registrar o recorde de hoje: flexibilização da fila de vacinação e a chegada de mais doses, de diferentes imunizantes.
No final de maio, o Ministério da Saúde, junto com estados e municípios, decidiu liberar a imunização por faixa etária ao mesmo tempo em que o restante do grupo prioritário estava sendo imunizado. Até então, para que as vacinas pudessem chegar à população em geral, era preciso esperar que todos os prioritários recebessem ao menos a primeira dose.
"A partir do momento que flexibilizou por idade, a gente evoluiu muito [no ritmo de vacinação]", diz o presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Juarez Cunha, pontuando que, com os grupos prioritários, havia uma necessidade maior de documentação para que se pudesse vacinar, o que dificultava o avanço do programa de imunização.
"Junto com isso, tivemos um número maior de doses sendo distribuídas pelo ministério", lembra Cunha. Nos últimos meses, o país passou a contar com o adiantamento de parte das doses contratadas das vacinas da Pfizer e da Janssen.
Esse cenário permitiu que estados e municípios começassem a antecipar calendários de vacinação. Na segunda-feira (21), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, indicou haver a possibilidade de vacinar todos os adultos com a primeira dose até o final de setembro.
Antes, Queiroga apenas apontava que os brasileiros seriam vacinados até o fim do ano, sem fazer referência sobre o momento do esquema vacinal. Os governos locais, por sua vez, desde o início de junho, já apontavam que setembro poderia ser o mês com todos os adultos imunizados com a primeira dose.
"No final, a gente conseguiu unir tudo isso. A capacidade de vacinar, tendo mais vacina, e uma facilidade na burocracia, na logística de chamar a população [para os postos]", diz Cunha, que afirma ser possível vacinar todos os adultos com uma dose até o final de agosto, mas com a ressalva de que as entregas do Ministério da Saúde precisam se concretizar. "Estou mais otimista. Mesmo com o cronograma do ministério, que, antes, a gente colocava em dúvida."
Médico sanitarista e professor da Universidade Católica de Pernambuco, Tiago Feitosa de Oliveira avalia que, "apesar da melhora no ritmo de vacinação, ela ainda está aquém do necessário".
A gente precisaria vacinar em torno de 3 milhões de pessoas por dia para chegar a essa imunidade coletiva até o final do ano, incluindo uma cobertura de segunda dose que chegue a 70%
Tiago Feitosa de Oliveira, médico sanitarista
Ele reforça que uma pessoa só é considerada imunizada após receber as duas doses. Apenas a vacina da Janssen utiliza só uma dose. "Em função da cobertura que a gente tem hoje ainda, entre 11% e 12% de segunda dose hoje no Brasil, é muito improvável que a gente chegue a essa imunidade coletiva até o final do ano", diz.
Escolha de vacina
Mesmo com a previsão de mais doses, a campanha de imunização tem enfrentado problemas de quantidade insuficiente de imunizantes em algumas regiões neste momento, enquanto outras conseguem avançar. Outra questão que tem gerado preocupação é com a opção por escolha de uma vacina específica, como foi visto na retomada da campanha na capital paulista na quarta-feira (23).
Líder do movimento Unidos pela Vacina, a empresária Luiza Helena Trajano diz que "fica profundamente triste" com a situação, por ver pessoas que podem ser imunizadas e não querem agora, e pessoas que querem, mas não podem neste momento.
"Toda vacina é boa", conta, lembrando que recebeu a CoronaVac, rejeitada por alguns paulistanos nos postos de vacinação. "Por favor, chegou a sua vez, vá para o posto e tome a vacina."
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