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Irmão do apóstolo Valdemiro Santiago morre de covid-19 em São Carlos (SP)

Bispo Vanderley Santiago (à esq.) ao lado do irmão o apóstolo Valdemiro Santiago - Reprodução/Redes sociais
Bispo Vanderley Santiago (à esq.) ao lado do irmão o apóstolo Valdemiro Santiago Imagem: Reprodução/Redes sociais

Beatriz Gomes

Do VivaBem, em São Paulo

29/06/2021 13h12Atualizada em 29/06/2021 20h24

O bispo Vanderley Santiago de Oliveira, 53, irmão do apóstolo Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, morreu de covid-19 na tarde de ontem no município de São Carlos, no interior de São Paulo. O corpo foi enterrado hoje, às 16h, no Cemitério Municipal Nossa Senhora do Carmo. A morte do bispo foi confirmada ao VivaBem pela prefeitura e funerária.

Valdemiro vendeu sementes aos seus seguidores prometendo uma falsa cura ao coronavírus, no ano passado (relembre o caso no fim da reportagem). À época, em um vídeo publicado no YouTube, o pastor falou do suposto benefício de uma planta, sem comprovar nenhuma eficácia científica, e pede o "propósito de R$ 1 mil" por ela.

Segundo informações da prefeitura, o bispo Vanderley estava pregando a palavra em uma igreja quando começou a sentir falta de ar e foi levado ao Centro de Atendimento e Triagem de Síndrome Gripal, instalado no Ginásio Milton Olaio Filho, que é conhecido como "covidário", por ser voltado somente ao atendimento inicial dos infectados pelo vírus.

Ao chegar no local, o quadro clínico de Vanderley começou a piorar rapidamente e ele precisou utilizar VNI (ventilação não-invasiva), que possui vários tipos, mas uma das mais conhecidas é feita com auxílio de uma máscara facial. Isso pode ser necessário para prevenir uma intubação, por exemplo.

Após análise do quadro clínico, o bispo foi levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Felícia, voltada apenas para o atendimento de pacientes infectados com o novo coronavírus. Na unidade de saúde, Vanderley ficou em um leito de estabilização enquanto aguardava a transferência para um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), quando sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu.

De acordo com a prefeitura, Vanderley havia tomado a primeira dose da vacina contra a covid-19 no dia 16 de junho. Apesar de receber uma dose do imunizante, o bispo ainda não estava protegido por não ter finalizado o ciclo de imunização.

A funerária explicou ao VivaBem que não haverá velório em razão das medidas de combate à disseminação do novo coronavírus. Vanderley deixa a esposa, Otanilde Rodrigues Santiago, e a filha, Vanderleia.

A reportagem não conseguiu contato com Valdemiro e a Igreja Mundial do Poder de Deus para comentar a morte de Vanderley.

Sementes

O apóstolo Valdemiro gravou um vídeo, no ano passado, vendendo sementes e prometendo uma falsa cura ao coronavírus. No vídeo, publicado no YouTube, ele fala do suposto benefício de uma planta, sem comprovar nenhuma eficácia científica, e pede o "propósito de R$ 1 mil" por ela.

Na gravação, o apóstolo mostra suposto exame que comprovaria que uma pessoa teria se curado da covid-19 após utilizar a semente -- ele não diz de qual planta são as sementes. Segundo ele, após o plantio, aparece escrito na semente "sê tu uma bênção".

"Gente [foi] curada de estado terminal, gravíssimo. E está ali o exame, para quem quiser. (...) Você vê como a semente é semeadora. E aí, sim, conseguiu vencer a crise e a epidemia. Só tem um jeito de se vencer essas fases difíceis. É semeando, e semeando na obra de Deus. Essa semente é interessante, você planta... É a semente 'sê tu uma bênção'. Você vai semear essa semente e na planta que nascer vai estar escrito 'Sê tu uma benção'", dizia o líder na gravação.

O caso ganhou ampla repercussão e, em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde foi intimado pela segunda vez a incluir no seu site um alerta sobre os feijões comercializados por Valdemiro.

A decisão foi tomada no plantão judiciário após uma nova solicitação do MPF (Ministério Público Federal) e serviu como reforço à ordem liminar da 5ª Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo de 27 de outubro de 2020. No ano passado, a decisão foi emitida no âmbito da ACP (Ação Civil Pública), proposta pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo, que integra o MPF (Ministério Público Federal).