Após dar à luz intubada, mãe faz festa em homenagem à equipe do hospital
Em junho de 2020, com dor de cabeça e tosse que não cessava, Flaviana Maria De Jesus Favaro, 38, fez um teste para detectar se estava com covid-19. Enquanto esperava o resultado, os sintomas pioraram. No sítio onde sua família mora, em Campinas, próximo à cidade de São Paulo, ela passou a noite acordada, sem conseguir respirar direito.
"Era só deitar que sentia a garganta fechando. Esperei amanhecer para pedir que meu marido me levasse ao hospital", conta. Humberto conta que, vendo o estado da esposa, já esperava voltar para casa só com os filhos.
No mesmo dia, Flaviana foi internada. Horas depois, descobriu que precisaria ter um parto prematuro para ter condições de se recuperar bem dos efeitos do vírus."Não sabia o que aconteceria com o meu neném. Foi só quando uma médica chegou, à noite, dizendo que eu seria transferida e que já estavam prontos para receber a mim e a ele, que fiquei tranquila", diz.
De acordo com André Arruda, médico coordenador do setor de ginecologia e obstetrícia do Vera Cruz Hospital, onde a família foi atendida, casos de cesáreas em gestante com covid-19 são mais complicados. "Em pacientes com o novo coronavírus existem maiores riscos de trombose venosa e trombose pulmonar, infecção devido a imunossupressão, doença hipertensiva específica da gravidez, atonia uterina, além da prematuridade para o feto."
A última memória da mãe é ver as mãos de um médico colocando a máscara em seu rosto. Depois, dormiu por 13 dias. "Para mim, pareceu só uma noite. Mas passei todo esse tempo intubada. Quando acordei, a primeira pergunta que fiz foi sobre meu filho. Disseram que ele estava bem e só então me senti aliviada."
Depois, Flaviana descobriu que o bebê precisou de duas doses de adrenalina, massagem cardíaca e algumas horas de intubação. Assim como a mãe, ele passou cerca de duas semanas internados e sem receber visitas, já que os outros familiares também foram contaminados pelo vírus.
"Fiquei feliz e tranquila por saber que ele estava recebendo o carinho e o cuidado da equipe do hospital", lembra Flaviana. E foi justamente essa gratidão que motivou o tema da festa de um ano de Vitor Leonardo, "meus heróis da vida real", como forma de agradecimento à equipe da unidade responsável pela internação dela e do bebê, entre médicos, enfermeiros, equipe de limpeza e do setor administrativo.
A ideia, segundo a mãe, era convidar toda a equipe que cuidou da família para o aniversário do menino. Por conta da pandemia, não foi possível. "Aí veio a ideia de colocarmos os cartazes como homenagem. Fiquei amiga de enfermeiras durante a internação e elas me ajudaram a lembrar dos nomes", diz.
Após muitas sessões de fisioterapia, mãe e bebê não apresentam sequelas. "Sei que muitos não tiveram a mesma sorte que eu. E embora tenha nascido de sete meses, o desenvolvimento do Vitor, de acordo com a pediatra, é o mesmo de outras crianças", afirma Flaviana.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.