Jovens de 18 anos encerram vacinação em cidade 100% imunizada: 'Gratidão'

Na manhã do último domingo, o jovem Lucas Emanuel Cruz, 18, tomou a vacina contra a covid-19 em Guaramiranga, no Ceará. Estudante do ensino médio, ele foi um dos 18 últimos imunizados com a primeira dose. Recebeu a CoronaVac, produzida no Instituto Butantan. "O sentimento é de muita gratidão", diz.

A pequena cidade, localizada a 106 km ao sul de Fortaleza, tem 5.100 habitantes e se tornou, no domingo, o primeiro município cearense com todos os adultos vacinados com pelo menos uma dose.

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O "vacinômetro" da prefeitura aponta que 4.604 pessoas estão imunizadas ao menos com a primeira dose —número superior aos 4.002 adultos estimados no último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Desses, 529 já receberam o reforço.

A partir de agora, os moradores serão acompanhados em um inquérito epidemiológico que vai avaliar a resposta imune e as eventuais falhas vacinais com exames de sorologia, anticorpos neutralizantes e RT-PCR.

Alívio e surpresa

A vacina antes de adultos mais velhos de cidades vizinhas foi uma surpresa para Lucas. "Eu não imaginava que a vacina fosse chegar tão rápido à minha idade. Pensei que seria em setembro ou no final do ano. E, como minha cidade é uma das menores, pensei que o quantitativo de vacina também seria menor", explica.

Na primeira remessa, lembra, foram apenas 39 doses para cidade, destinadas a idosos acima de 85 anos. "Tenho muito orgulho da minha cidade, da transparência e dedicação da área da saúde, que fizeram a diferença. Sinto-me aliviado e muito orgulhoso", afirma.

O maior orgulho, diz, é da irmã enfermeira que atuou no planejamento da imunização.

Minha irmã foi umas das protagonistas e não descansou até que vacinassem a todos, incluindo a minha família adulta completa.
Lucas Emanuel Cruz, 18, que tomou a primeira dose da CoronaVac

Ele diz que ninguém de sua casa se infectou. "Todo mundo da família se resguardou muito. Apesar de os familiares dentro da minha casa trabalharem na linha de frente contra o covid, a gente tinha muito cuidado com essa doença e, graças a Deus, ninguém pegou", comemora.

A pré-universitária Kailane Maciel Ribeiro, 18, também foi uma das últimas vacinadas na cidade e comemorou. "É uma sensação de gratidão e esperança de que o 'normal' está cada vez mais perto de novo", diz. "Falta agora apenas minha irmã de 15 anos ser vacinada na família", conta.

Ela também relata surpresa em ser vacinada tão cedo. "A gente sempre espera que seja o mais rápido possível, mas achava que seria uma realidade distante, até que chegou a notícia que seríamos vacinados. Foi só alegria", conta a jovem, que vai começar a faculdade de enfermagem no segundo semestre.

Mutirão e uso de escolas

Guaramiranga registrou, até aqui, 774 casos e cinco óbitos desde o início da pademia. Hoje não há pacientes com covid-19 confirmados ou internados na cidade. Há apenas dez casos suspeitos.

Segundo a secretária municipal de Saúde, Silvana Soares, a cidade foi escolhida pelo governo do Ceará para ser o município sede de uma pesquisa sobre a eficácia da vacinação no estado.

Para isso, a gente teria que ter a população acima de 18 anos cadastrada e vacinada. E assim fizemos.
Silvana Soares, secretária municipal de Saúde

"Começamos com uma busca ativa das pessoas que não tinham cadastro ainda. Fizemos diversas estratégias, colocando pontos de cadastro nos postos de saúde, com agente comunitário de saúde indo até a casa do morador que não tem acesso à internet. Colocamos um telefone disponível onde a pessoa poderia fazer seu cadastro", explica.

Para atender à meta, foram realizados cinco mutirões de vacinação, com atendimento a até 700 pessoas por dia. "Disponibilizamos toda a estrutura de colégios, de toda a equipe. Foi uma ação intersetorial para chegar a esse resultado", finaliza.