Gabbardo: Tendência é que SP saia da fase de transição em meados de julho
O coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, João Gabbardo, disse hoje em participação ao UOL Entrevista que o estado poderá sair da fase de transição do Plano São Paulo de combate ao coronavírus em meados de julho. A última prorrogação anunciada pelo governo do estado tem data prevista até o dia 15 deste mês.
"Temos hoje uma tendência de queda, melhoria, nas internações hospitalares. Quando começam a cair internações, começam a cair óbitos", explicou, acrescentando: "A maior possibilidade é que isso venha a acontecer a partir da metade do mês de julho. Até lá vamos ter indicadores que vão nos ajudar."
Na atual fase, as atividades comerciais, restaurantes e similares, salões de beleza e barbearias, atividades culturais e academias esportivas podem funcionar das 6h às 21h. Atividades religiosas presenciais e individuais são permitidas.
Além disso, estabelecimentos podem funcionar com 40% da capacidade, e atividades administrativas não essenciais devem optar pelo teletrabalho. Também está em vigor o toque de recolher das 21h às 5h.
'Contrainformação' e o combate à pandemia
Para Gabbardo, o fator que mais atrapalha o combate à pandemia neste momento no estado de São Paulo é o que ele classificou como "contrainformação". "São aquelas orientações contrárias às recomendações dos governadores, dos centros de contingência, dos especialistas. Isso faz com que as pessoas se exponham na rua, não acreditem no distanciamento", disse. Com isso, segundo o médico, as pessoas acabam correndo "mais riscos".
Por outro lado, o médico também afirmou que São Paulo tem particularidades —como sua alta densidade demográfica e a chegada de voos internacionais— que podem contribuir para aumentar a circulação do vírus.
"A densidade demográfica de São Paulo é muito elevada. Temos voos internacionais que, em sua maioria, chegam em São Paulo. Então, sempre que tem uma nova variante ou alguém que esteja vindo do exterior, principalmente naquele momento em que os países tinham uma alta taxa de prevalência da doença, chegavam primeiro em São Paulo", declarou.
Gabbardo citou ainda o uso do transporte público no estado como um fator que pode elevar a transmissibilidade do vírus. "Mesmo para manter o transporte coletivo para aquelas atividades essenciais, aquelas que não deixaram de funcionar antes da pandemia, isso requer um número muito grande de pessoas utilizando transporte coletivo", afirmou.
'Não dá para escolher vacina'
Na entrevista, Gabbardo fez críticas a quem, pelo cronograma de imunização, já pode tomar a vacina, mas tem preferência por um ou outro fabricante. Ele reforçou que todas as vacinas disponibilizadas foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e disse ainda que não há muita diferença entre os imunizantes no que diz respeito à proteção contra casos graves e óbitos pela covid.
"Se comparar uma população vacinada com uma não vacinada, a chance de alguém vacinado apresentar caso grave ou ir a óbito é 90% menor do que aqueles não vacinados. Existe pouca diferença com relação à transmissibilidade", afirmou.
"O grande problema, hoje, é a falta de vacina. Quando chegam as vacinas, elas são distribuídas para as unidades de saúde, e não dá para ficar escolhendo determinada vacina. Nossa recomendação é que as pessoas usem a vacina que está disponível", declarou.
O médico disse ainda que, além de correr riscos "desnecessários", quem escolhe a vacina está contribuindo para que haja um atraso ainda maior no calendário geral de imunização. "Já é difícil a logística de manter a segunda dose [reservada]", afirmou. "Se ainda levar em conta a preferência das pessoas, vai ocasionar uma série de dificuldades".
Ampliação da vacinação
Questionado sobre a ampliação da vacinação para outras categorias, Gabbardo afirmou que isso vai depender "de ter mais doses de vacina". "Nós temos que concluir essa vacinação para maiores de 18 anos", afirmou. Segundo ele, após a conclusão desta etapa, é "bem possível" que a imunização seja ampliada para adolescentes maiores de 12 anos.
Por outro lado, o médico não soube responder se há algum planejamento específico para a imunização de lactantes no estado de São Paulo. Por acreditarem na transferência de anticorpos por meio do aleitamento materno, mães lactantes têm reivindicado prioridade na fila da vacina.
Referindo-se às mulheres puérperas, Gabbardo disse que existe, hoje, um período de 45 dias em que elas podem tomar a vacina. "Existe uma possibilidade de extensão, mas isso depende do PNI [Programa Nacional de Imunização]", disse. "O estado tem que aguardar novas orientações do Ministério da Saúde em relação a essas ampliações. Nós temos uma certa autonomia, mas ela não pode alterar completamente o que é estabelecido pelo programa", completou.
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