MP investiga caso de médica que tomou 3 doses da vacina contra covid-19
A Secretaria de Saúde de São José do Rio Preto (SP) encaminhou denúncia ao Ministério Pública depois de constatar que uma médica da cidade tomou três doses de vacina contra a covid-19. O MP já informou a prefeitura municipal, que irá abrir procedimento na próxima semana para investigar o caso.
De acordo com a denúncia da Secretaria de Saúde, uma médica que teve sua identidade preservada a pedido da promotoria, tomou duas doses da Coronavac e uma da Pfizer, o que pode ser apontado como crime contra os protocolos sanitários. Ela trabalha na linha de frente do combate à covid-19.
O UOL conversou com uma funcionária da Secretaria de Saúde que, sob a condição de ter sua identidade preservada, explicou o caso. Segundo ela, a médica alegou que fez parte do grupo de estudos da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto) e foi uma das voluntárias no teste da Coronavac em Rio Preto, realizado com profissionais da linha de frente.
Ela teria afirmado ainda que, após testes revelarem que estava com os anticorpos neutralizantes baixos tomou a vacina da Pfizer por ser sua vez na fila comum.
A profissional de saúde alegou para a Secretaria de Saúde que irá apresentar um contrato de confidencialidade com o Instituto Butantan em que garante aos voluntários o direito de tomar a vacina quando chegar a sua vez na fila comum na campanha de imunização.
Ao UOL, a Secretaria de Saúde de Rio Preto enviou a seguinte nota:
"A aplicação da terceira dose da vacina só ocorreu porque, no momento, o sistema de registro estava indisponível. Assim que os dados foram confrontados e foi identificada a possível irregularidade, o caso foi encaminhado ao Ministério Público para as providências cabíveis".
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde que enviou a seguinte nota:
"Todos os municípios recebem as doses de vacinas contra covid-19 com as devidas orientações quanto à aplicação dos imunizantes, bem como a conferência e cadastro dos dados de cada pessoa vacinada na plataforma estadual VaciVida. Compete também aos municípios monitorar e tomar as providências diante de eventuais situações de aplicação inadequada.
Já o Instituto Butantan informou que "o estudo da Coronavac de fase 3, realizado no Brasil, é um estudo duplo cego, em que metade dos voluntários recebeu vacina e metade placebo, durante os testes. Mas nem os voluntários, nem quem aplicou sabia se estava recebendo vacina ou placebo. Depois de finalizados os testes, os voluntários puderam procurar os Centros de Pesquisas, para saber se haviam tomado a vacina ou o placebo, se tomaram as duas doses da vacina estavam imunizados, se tomaram o placebo, eles teriam direito de tomar as duas doses da Coronavac depois, era facultado o direito, eles poderiam aceitar ou recusar. Todos os que receberam as duas doses da Coronavac nos testes estão imunizados, não há necessidade e nem previsão, nem acordo feito com os voluntários de que poderiam, mesmo tendo tomado as duas doses da Coronavac, depois tomar outra vacina".
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